O capitalista envergonhado

26-01-2011
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O Dr. Bruno Peixe é parco em textos, mas quando assoma na blogosfera, neste caso no prístino Cinco Dias, ufana-se de razões destemidas e de princípios inabaláveis.

Cuidado com as pessoas que têm sempre na ponta da língua a expressão igualdade, sobretudo quando esta vem acompanhada de um cunho superlativo que lhe dá o adjectivo radical.

Quando me falam de igualdade radical puxo logo da pistola. É conversa para boi dormir. A este propósito uma pequena história que considero ilustra amplamente o exposto.

Tendo trabalhado com o Dr. Bruno Dias num projecto europeu, achei-me um dia desempregado. O Dr. tinha entretanto passado de colaborador para coordenador, ascensão que lhe permitiu dar azo à sua vertente gestionária. Recorri ao agora coordenador que me ofereceu, na altura, quinhentos euros (500!!!) para fazer a porcaria que ele não estava para fazer. O trabalho chato, digamos. Recusei. Não porque não me pudesse ver a pertencer à geração dos 500 – sorte que a muitos cabe – mas porque o Dr. ganhava então 3.000 euros por mês de um famoso projecto da União Europeia. No passado, a relação estava invertida, era eu o coordenador, e ele o colaborador – auferia então o Dr. como colaborador perto de 2000 €. Quando lhe fiz notar esse pormenor comezinho, a resposta teve todo o esplendor de um verdadeiro defensor da igualdade: “Não dou mais, porque no meu ordenado é que eu não mexo”. Lembro-me como se fosse hoje.

Para além do “bufismo” óbvio desta pequena narrativa, qual é a sua intenção? A de desmascarar um homem de palavras, mas não de palavra? Pode ser. A de pôr a nu a gabarolice académica? Também pode ser. Ou simplesmente a de afirmar que a igualdade radical não se pressupõe – faz-se!

A partir daí comecei a dar um grande desconto a arrazoados muito ilustrados. Por mais conhecedores das belles lettres que eles sejam.

O Dr. Bruno Peixe é parco em textos, mas quando assoma na blogosfera, neste caso no prístino Cinco Dias, ufana-se de razões destemidas e de princípios inabaláveis.

Cuidado com as pessoas que têm sempre na ponta da língua a expressão igualdade, sobretudo quando esta vem acompanhada de um cunho superlativo que lhe dá o adjectivo radical.

Quando me falam de igualdade radical puxo logo da pistola. É conversa para boi dormir. A este propósito uma pequena história que considero ilustra amplamente o exposto.

Tendo trabalhado com o Dr. Bruno Dias num projecto europeu, achei-me um dia desempregado. O Dr. tinha entretanto passado de colaborador para coordenador, ascensão que lhe permitiu dar azo à sua vertente gestionária. Recorri ao agora coordenador que me ofereceu, na altura, quinhentos euros (500!!!) para fazer a porcaria que ele não estava para fazer. O trabalho chato, digamos. Recusei. Não porque não me pudesse ver a pertencer à geração dos 500 – sorte que a muitos cabe – mas porque o Dr. ganhava então 3.000 euros por mês de um famoso projecto da União Europeia. No passado, a relação estava invertida, era eu o coordenador, e ele o colaborador – auferia então o Dr. como colaborador perto de 2000 €. Quando lhe fiz notar esse pormenor comezinho, a resposta teve todo o esplendor de um verdadeiro defensor da igualdade: “Não dou mais, porque no meu ordenado é que eu não mexo”. Lembro-me como se fosse hoje.

Para além do “bufismo” óbvio desta pequena narrativa, qual é a sua intenção? A de desmascarar um homem de palavras, mas não de palavra? Pode ser. A de pôr a nu a gabarolice académica? Também pode ser. Ou simplesmente a de afirmar que a igualdade radical não se pressupõe – faz-se!

A partir daí comecei a dar um grande desconto a arrazoados muito ilustrados. Por mais conhecedores das belles lettres que eles sejam.

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