O Cachimbo de Magritte: Propaganda

21-01-2011
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Quem vá dando uma olhadela ao Jornal de Negócios, há-de ter de pasmar, ou rir, com notícias deste jaez. O título diz: Juros das obrigações alemãs caem para mínimos históricos. O subtítulo continua a história: Perante dados económicos desfavoráveis, investidores voltam a refugiar-se nos activos de menor risco. As "yields" da dívida portuguesa também caíram.Presumo que a ideia seja sugerir que a dívida portuguesa é um activo de refúgio em dias em dias em que divulgação de dados decepcionantes, como hoje os referentes ao crescimento no Japão, gera acrescida aversão ao risco. É, porém, uma ideia assaz tola. Quem quer que se interesse pela evolução das rendibilidades nos mercados de dívida soberana - e é de facto um indicador fundamental - sabe que a sugestão é absurda. Quem não perceba, por razões técnicas, o alcance da coisa, não deduz nada. Aos olhos dos primeiros, contudo, o jornal desacredita-se.Isto não é uma notícia. É propaganda. No pior sentido. Mesmo porque, se algo aconteceu hoje, até ao momento, 20h40, foi o alargamento do spread em relação às obrigações alemãs, ultrapassando a fasquia dos 300 pontos de base. A rendibilidade vai nos 5,38%, com tendência para subir nos últimos dias, depois de uma primeira semana de Agosto em que se registou, com efeito, alguma relaxamento no stress.A falta de juízo «socretina» em muitos jornalistas dá nisto. A doença da propaganda sem o mais pequeno tino está a tornar-se uma pandemia. Há muito que deixou de estar circunscrita às mais notórias picaretas escribantes.


Quem vá dando uma olhadela ao Jornal de Negócios, há-de ter de pasmar, ou rir, com notícias deste jaez. O título diz: Juros das obrigações alemãs caem para mínimos históricos. O subtítulo continua a história: Perante dados económicos desfavoráveis, investidores voltam a refugiar-se nos activos de menor risco. As "yields" da dívida portuguesa também caíram.Presumo que a ideia seja sugerir que a dívida portuguesa é um activo de refúgio em dias em dias em que divulgação de dados decepcionantes, como hoje os referentes ao crescimento no Japão, gera acrescida aversão ao risco. É, porém, uma ideia assaz tola. Quem quer que se interesse pela evolução das rendibilidades nos mercados de dívida soberana - e é de facto um indicador fundamental - sabe que a sugestão é absurda. Quem não perceba, por razões técnicas, o alcance da coisa, não deduz nada. Aos olhos dos primeiros, contudo, o jornal desacredita-se.Isto não é uma notícia. É propaganda. No pior sentido. Mesmo porque, se algo aconteceu hoje, até ao momento, 20h40, foi o alargamento do spread em relação às obrigações alemãs, ultrapassando a fasquia dos 300 pontos de base. A rendibilidade vai nos 5,38%, com tendência para subir nos últimos dias, depois de uma primeira semana de Agosto em que se registou, com efeito, alguma relaxamento no stress.A falta de juízo «socretina» em muitos jornalistas dá nisto. A doença da propaganda sem o mais pequeno tino está a tornar-se uma pandemia. Há muito que deixou de estar circunscrita às mais notórias picaretas escribantes.

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