O país do Burro: Sobre boys, para variar

25-01-2011
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Este artigo do Público é sintomático e bastante ilustrativo do que se passa actualmente na Administração Pública em Portugal, a sua instrumentalização por parte dos partidos que se revezam no poder.Logo a abrir, no título, pode ler-se “PS considera normais nomeações em sub-região de saúde tendo em conta os resultados eleitorais”, como se as eleições servissem também para sufragar os dirigentes da Administração Pública que, está visto, servem mesmo. E independentemente quer do perfil e das qualificações dos nomeados, quer do partido que esteja no poder: «Na resposta às intervenções iniciais da oposição e num tom emotivo, o deputado socialista Ricardo Gonçalves, eleito pelo círculo de Braga, devolveu as críticas, acusando o PSD de “levar o amiguismo ao extremo” quando está no poder e lembrando o CDS-PP de que chegou a nomear “um engenheiro electrotécnico para director do Centro de Saúde da Póvoa do Lanhoso.”»Deve ter sido uma sessão bastante animada, nem o toque de peixeirada lhe faltou: «A resposta do deputado comunista Bernardino Soares, que ironicamente disse ter ficado na dúvida sobre se a comissão não deveria antes ouvir o deputado Ricardo Gonçalves em vez do ministro da Saúde, por conhecer tão pormenorizadamente o caso, acabou por motivar um dos momentos mais quentes do debate. “Respeite a política, respeite esta casa”, avisou Ricardo Gonçalves num tom exaltado, motivando a intervenção de outros deputados socialistas para que se acalmasse.»Resultados, apenas o ruído e a certeza de que os novos nomeados terão bastante cuidado com os cartazes expostos nos seus novos domínios senhoriais. Sobre a indispensável reforma da AP, uma reforma a sério, sem boys nomeados e com dirigentes de carreira, nem pio. Vamos continuar a assistir a uma argumentação que justifica o despautério de nomeações que se verificam actualmente baseado no “vocês também fizeram” e no “os nossos são mais competentes”, sem que se diga em quê mais que a cor do cartão partidário ou, talvez, medido em número de cartazes ou comentários jocosos detectados por serviço, daqueles que possam não agradar ao dono. Assim é que se mostra serviço, assim é que Portugal “abraça o futuro e dá o salto para um mundo Global”. (Gostaram do G maiúsculo? Agora estive bem, não estive?)Um pouquinho deste festival aqui.


Este artigo do Público é sintomático e bastante ilustrativo do que se passa actualmente na Administração Pública em Portugal, a sua instrumentalização por parte dos partidos que se revezam no poder.Logo a abrir, no título, pode ler-se “PS considera normais nomeações em sub-região de saúde tendo em conta os resultados eleitorais”, como se as eleições servissem também para sufragar os dirigentes da Administração Pública que, está visto, servem mesmo. E independentemente quer do perfil e das qualificações dos nomeados, quer do partido que esteja no poder: «Na resposta às intervenções iniciais da oposição e num tom emotivo, o deputado socialista Ricardo Gonçalves, eleito pelo círculo de Braga, devolveu as críticas, acusando o PSD de “levar o amiguismo ao extremo” quando está no poder e lembrando o CDS-PP de que chegou a nomear “um engenheiro electrotécnico para director do Centro de Saúde da Póvoa do Lanhoso.”»Deve ter sido uma sessão bastante animada, nem o toque de peixeirada lhe faltou: «A resposta do deputado comunista Bernardino Soares, que ironicamente disse ter ficado na dúvida sobre se a comissão não deveria antes ouvir o deputado Ricardo Gonçalves em vez do ministro da Saúde, por conhecer tão pormenorizadamente o caso, acabou por motivar um dos momentos mais quentes do debate. “Respeite a política, respeite esta casa”, avisou Ricardo Gonçalves num tom exaltado, motivando a intervenção de outros deputados socialistas para que se acalmasse.»Resultados, apenas o ruído e a certeza de que os novos nomeados terão bastante cuidado com os cartazes expostos nos seus novos domínios senhoriais. Sobre a indispensável reforma da AP, uma reforma a sério, sem boys nomeados e com dirigentes de carreira, nem pio. Vamos continuar a assistir a uma argumentação que justifica o despautério de nomeações que se verificam actualmente baseado no “vocês também fizeram” e no “os nossos são mais competentes”, sem que se diga em quê mais que a cor do cartão partidário ou, talvez, medido em número de cartazes ou comentários jocosos detectados por serviço, daqueles que possam não agradar ao dono. Assim é que se mostra serviço, assim é que Portugal “abraça o futuro e dá o salto para um mundo Global”. (Gostaram do G maiúsculo? Agora estive bem, não estive?)Um pouquinho deste festival aqui.

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