O Cachimbo de Magritte: O Lehman Brothers e Frei Tomás (1)

07-08-2010
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A notícia de que alguns deputados do Bloco de Esquerda possuem PPRs e compram acções é uma questão do foro privado, esse espaço de reserva ao qual até os maiores inimigos da propriedade têm direito. A notícia reveste-se, cotudo, de um óbvio interesse político porque o Bloco hostiliza os rendimentos obtidos na bolsa ou em operações bancárias. Se julgam que estou a exagerar, leiam o programa do BE para estas eleições. Só na primeira página, para não ir mais longe, darão de caras com a crítica ao "rentismo das classes dominantes" (sic) e aos "casinos bolsistas", além da condenação universal e inapelável do próprio sistema: "o capitalismo é tóxico".Ora, a notícia em causa mostra que, afinal, nem mesmo os deputados do Bloco acreditam que o capitalismo seja assim tão tóxico. Caso contrário, não procurariam aproveitar os seus evidentes benefícios e, perdoem-me a expressão, maximizar os lucros (atitude muito capitalista). O que não me repugna: ao invés dos bloquistas, nada tenho contra o rentismo das classes dominantes. Mas para um partido que vive da denúncia do capital, talvez esta não seja a melhor publicidade. Se o Bloco fosse um partido burguês, as palavras incoerência e hipocrisia já teriam chegado às redacções. Como os seus deputados apenas usam todas as possibilidades do casino em nome de um mundo mais justo e mais fraterno, quem nunca pecou que atire a primeira pedra.


A notícia de que alguns deputados do Bloco de Esquerda possuem PPRs e compram acções é uma questão do foro privado, esse espaço de reserva ao qual até os maiores inimigos da propriedade têm direito. A notícia reveste-se, cotudo, de um óbvio interesse político porque o Bloco hostiliza os rendimentos obtidos na bolsa ou em operações bancárias. Se julgam que estou a exagerar, leiam o programa do BE para estas eleições. Só na primeira página, para não ir mais longe, darão de caras com a crítica ao "rentismo das classes dominantes" (sic) e aos "casinos bolsistas", além da condenação universal e inapelável do próprio sistema: "o capitalismo é tóxico".Ora, a notícia em causa mostra que, afinal, nem mesmo os deputados do Bloco acreditam que o capitalismo seja assim tão tóxico. Caso contrário, não procurariam aproveitar os seus evidentes benefícios e, perdoem-me a expressão, maximizar os lucros (atitude muito capitalista). O que não me repugna: ao invés dos bloquistas, nada tenho contra o rentismo das classes dominantes. Mas para um partido que vive da denúncia do capital, talvez esta não seja a melhor publicidade. Se o Bloco fosse um partido burguês, as palavras incoerência e hipocrisia já teriam chegado às redacções. Como os seus deputados apenas usam todas as possibilidades do casino em nome de um mundo mais justo e mais fraterno, quem nunca pecou que atire a primeira pedra.

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