O Cachimbo de Magritte: A Grandeza de Maquiavel (2ª tentativa)

07-08-2010
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Ontem, fui até à Covilhã, à Universidade da Beira Interior, participar numa conferência sobre Maquiavel. Por uma estranha coincidência, é a terceira vez em 6 meses que me vejo forçado a dizer meia-dúzia de larachas sobre o célebre florentino. Mas esta insistência misteriosa levou-me a constatar o que entra pelos olhos adentro de quem se envolve no estudo de Maquiavel. Os parceiros de conferência, bem como os livros e artigos do passado e do presente, testemunham o seguinte: não há nenhum outro grande pensador político que suscite tantas e tão contraditórias interpretações. Não, nem Platão, nem Hegel, nem Rousseau.Dei por mim a pensar se esta não seria mais uma manifestação da grandeza do homem. Anda por aí um livro, não merecedor da publicidade que recebeu, que tem como título inscrito "O Sorriso de Maquiavel". Em poucas ocasiões será o dito sorriso tão rasgado como quando Maquiavel, esteja ele onde estiver, contempla os diferentes e contraditórios comentários que, ao longo dos tempos, foram sendo avançados a seu respeito. Não se deliciará ele em saber que o julgam génio do mal, cientista frio e analítico, inventor da Raison d'État, moralista defensor dos pobrezinhos, amigo dos tiranos, inimigo dos tiranos, republicano democrático, republicano aristocrático, monárquico de inclinações absolutistas e não-absolutistas, patriota de Itália, patriota de Florença, discípulo incondicional de Cícero e de Aristóteles, inimigo jurado de Cícero e de Aristóteles, precursor da unificação política italiana do século XIX ou secretário de Garibaldi ou de Cavour, fascista, bolchevique, marxista gramsciano, ateu e anti-cristão, cristão devoto e reformador da Igreja? Não sorrirá ele com vontade quando os miseráveis leitores se dobram e torcem na tentativa de o perceber, e, nesse exercício, repetem com ele todas as blasfémias, todas as máximas do mal, todas as sugestões descabeladas que as suas páginas contêm?


Ontem, fui até à Covilhã, à Universidade da Beira Interior, participar numa conferência sobre Maquiavel. Por uma estranha coincidência, é a terceira vez em 6 meses que me vejo forçado a dizer meia-dúzia de larachas sobre o célebre florentino. Mas esta insistência misteriosa levou-me a constatar o que entra pelos olhos adentro de quem se envolve no estudo de Maquiavel. Os parceiros de conferência, bem como os livros e artigos do passado e do presente, testemunham o seguinte: não há nenhum outro grande pensador político que suscite tantas e tão contraditórias interpretações. Não, nem Platão, nem Hegel, nem Rousseau.Dei por mim a pensar se esta não seria mais uma manifestação da grandeza do homem. Anda por aí um livro, não merecedor da publicidade que recebeu, que tem como título inscrito "O Sorriso de Maquiavel". Em poucas ocasiões será o dito sorriso tão rasgado como quando Maquiavel, esteja ele onde estiver, contempla os diferentes e contraditórios comentários que, ao longo dos tempos, foram sendo avançados a seu respeito. Não se deliciará ele em saber que o julgam génio do mal, cientista frio e analítico, inventor da Raison d'État, moralista defensor dos pobrezinhos, amigo dos tiranos, inimigo dos tiranos, republicano democrático, republicano aristocrático, monárquico de inclinações absolutistas e não-absolutistas, patriota de Itália, patriota de Florença, discípulo incondicional de Cícero e de Aristóteles, inimigo jurado de Cícero e de Aristóteles, precursor da unificação política italiana do século XIX ou secretário de Garibaldi ou de Cavour, fascista, bolchevique, marxista gramsciano, ateu e anti-cristão, cristão devoto e reformador da Igreja? Não sorrirá ele com vontade quando os miseráveis leitores se dobram e torcem na tentativa de o perceber, e, nesse exercício, repetem com ele todas as blasfémias, todas as máximas do mal, todas as sugestões descabeladas que as suas páginas contêm?

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