O Cachimbo de Magritte: A regionalização e o casamento gay (take 2)

08-08-2010
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Antes que os respectivos profetas entrem em êxtase socrático, vale a pena notar que a escolha da regionalização e do casamento gay para bandeiras do PS-2009 é uma jogada táctica. Não estou a pôr em causa as convicções socialistas na matéria. Estou a dizer que, com a cartada simultânea, Sócrates atira uns rebuçados fracturantes ao eleitorado de esquerda, enquanto cria amargos de boca ao partido à sua direita. Todos sabemos que o PSD está divido em ambos os debates. Manuela Ferreira Leite já declarou de forma taxativa que está contra a regionalização e contra o casamento gay, mas há posições diversas no universo laranja. Não coincidentes, ainda por cima. As "bases" e as distritais, exceptuando Lisboa, tendem a ser favoráveis à regionalização, mas não ao casamento gay; as "elites" dos grandes centros urbanos, sobretudo de Lisboa, tendem a ser favoráveis ao casamento gay, mas não à regionalização.É uma divisão que espelha as linhas de fractura da própria sociedade. O PSD continua a ser o partido mais português de Portugal, o que só lhe traz dores de cabeça. Com a agravante de que toda as dissidências internas, de Menezes a Passos Coelho e de Passos Coelho a Mendes Bota, irão aproveitar o tempo de antena para o tiro à Manela. É pena, porque o PSD tem aqui uma oportunidade de ouro para fazer aquilo que deve - oposição ao Governo. E dá-se até o caso, a ponderar pelos maquiavéis de bolso (se conseguirem ver mais longe que o próprio umbigo), de a maioria dos eleitores estar de acordo com a dita Manela. O referendo da regionalização é para perder e o casamento gay não vai a referendo. Ou acham que Sócrates-eu-ou-o-dilúvio-sem-a-maioria-absoluta esqueceu as consultas populares dos últimos tempos?


Antes que os respectivos profetas entrem em êxtase socrático, vale a pena notar que a escolha da regionalização e do casamento gay para bandeiras do PS-2009 é uma jogada táctica. Não estou a pôr em causa as convicções socialistas na matéria. Estou a dizer que, com a cartada simultânea, Sócrates atira uns rebuçados fracturantes ao eleitorado de esquerda, enquanto cria amargos de boca ao partido à sua direita. Todos sabemos que o PSD está divido em ambos os debates. Manuela Ferreira Leite já declarou de forma taxativa que está contra a regionalização e contra o casamento gay, mas há posições diversas no universo laranja. Não coincidentes, ainda por cima. As "bases" e as distritais, exceptuando Lisboa, tendem a ser favoráveis à regionalização, mas não ao casamento gay; as "elites" dos grandes centros urbanos, sobretudo de Lisboa, tendem a ser favoráveis ao casamento gay, mas não à regionalização.É uma divisão que espelha as linhas de fractura da própria sociedade. O PSD continua a ser o partido mais português de Portugal, o que só lhe traz dores de cabeça. Com a agravante de que toda as dissidências internas, de Menezes a Passos Coelho e de Passos Coelho a Mendes Bota, irão aproveitar o tempo de antena para o tiro à Manela. É pena, porque o PSD tem aqui uma oportunidade de ouro para fazer aquilo que deve - oposição ao Governo. E dá-se até o caso, a ponderar pelos maquiavéis de bolso (se conseguirem ver mais longe que o próprio umbigo), de a maioria dos eleitores estar de acordo com a dita Manela. O referendo da regionalização é para perder e o casamento gay não vai a referendo. Ou acham que Sócrates-eu-ou-o-dilúvio-sem-a-maioria-absoluta esqueceu as consultas populares dos últimos tempos?

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