O Cachimbo de Magritte: 2008: Figura internacional

08-08-2010
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É da tradição, briosamente cumprida por alguns dos nossos vizinhos, que as figuras do ano sejam nomeadas antes do fim do dito. Sucede, porém, que não me abeiro do teclado há uma semana. Não querendo eu deixar de cumprir o rito a que me impelem a melancolia e o ofício, aqui deixo as minhas escolhas - fora de tempo, mas dentro da vossa compreensão. Assim espero. Começo pela figura internacional: Barack Obama. A eleição do primeiro negro para a presidência da América é um acontecimento histórico que transcende a disputa eleitoral com Hillary Clinton, primeiro, e John McCain, depois. Obama é um símbolo, não de uma América pós-racial (o que não existe e provavelmente nunca existirá), mas de uma América em que um negro pode ser, por mérito próprio e pelo voto da maioria, o homem mais poderoso do mundo. Se isto não é o american dream, então não sei o que será. Esqueçamos por momentos as implicações políticas concretas da sua vitória. Esqueçamos por momentos a sua biografia "real", filho de mãe branca e sem antepassados escravos. O que fica é o símbolo, e só os superficiais, diria Oscar Wilde, não julgam pelas aparências. Barack Obama fez mais pela emancipação da comunidade negra do que todas as leis de "acção afirmativa". A América precisou de uma guerra civil para abolir a escravatura. Para que os negros tivessem direitos civis, Luther King morreu e um milhão de homens marcharam sobre Washington. Obama abriu a última porta: a da Casa Branca. Pode até acontecer que não venha a ser um grande presidente, mas já entrou para a história.


É da tradição, briosamente cumprida por alguns dos nossos vizinhos, que as figuras do ano sejam nomeadas antes do fim do dito. Sucede, porém, que não me abeiro do teclado há uma semana. Não querendo eu deixar de cumprir o rito a que me impelem a melancolia e o ofício, aqui deixo as minhas escolhas - fora de tempo, mas dentro da vossa compreensão. Assim espero. Começo pela figura internacional: Barack Obama. A eleição do primeiro negro para a presidência da América é um acontecimento histórico que transcende a disputa eleitoral com Hillary Clinton, primeiro, e John McCain, depois. Obama é um símbolo, não de uma América pós-racial (o que não existe e provavelmente nunca existirá), mas de uma América em que um negro pode ser, por mérito próprio e pelo voto da maioria, o homem mais poderoso do mundo. Se isto não é o american dream, então não sei o que será. Esqueçamos por momentos as implicações políticas concretas da sua vitória. Esqueçamos por momentos a sua biografia "real", filho de mãe branca e sem antepassados escravos. O que fica é o símbolo, e só os superficiais, diria Oscar Wilde, não julgam pelas aparências. Barack Obama fez mais pela emancipação da comunidade negra do que todas as leis de "acção afirmativa". A América precisou de uma guerra civil para abolir a escravatura. Para que os negros tivessem direitos civis, Luther King morreu e um milhão de homens marcharam sobre Washington. Obama abriu a última porta: a da Casa Branca. Pode até acontecer que não venha a ser um grande presidente, mas já entrou para a história.

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