O Cachimbo de Magritte: Correio Expresso: Indy is back

05-08-2010
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O Expresso traz uma entrevista com Harrison Ford, o eterno intérprete de Indiana Jones. Vinte anos depois da última sequela, aí vem o quinto filme do arqueólogo aventureiro. No entanto, mais do que a longevidade do actor, o que me surpreende é a longevidade da personagem. Qual será o segredo?Indiana Jones era um herói de acção, mas com humor. Tal como James Bond, outro canastrão com o qual partilhou o sucesso prolongado (não é por acaso que, no último filme, Sean Connery fazia de pai do protagonista). Só que Indy não tinha as miúdas, nem a tecnologia, nem a missão de salvar o mundo. A sua ambição parecia mais modesta. Era quase monogâmico, pelo menos em cada episódio. Só tinha um chapéu, um chicote e um revólver. Ao contrário de 007, que vencia a Guerra nada Fria na luta corpo a corpo, não estava ao serviço de nenhuma causa. Como é que um sensaborão destes se torna um ícone dos anos 80?Indiana Jones era um herói pós-ideológico numa época cansada de ideologias. Não combatia pelo Ocidente, ainda que fosse até ao fim do mundo para livrar dos maus os símbolos da cultura judaico-cristã (a Arca, o Graal). Não invocava o mundo livre nem Sua Majestade, mesmo quando enfrentava os nazis. Não dedicava a vida à ciência porque era mais caçador de tesouros do que professor universitário. Desenrascava-se por si, e era tudo.Os anos 80 e 90, depois de um século XX profundamente ideologizado, estavam maduros para este cinema individualista. É a época em que Margaret Thatcher diz "there is no such thing as a society" e triunfam os yuppies. Indy Jones foi a resposta de Hollywood ao ar do tempo, cruzando duas figuras míticas da cultura de massas americana: o detective solitário e o cowboy errante.Quando estrear Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, veremos se a mitologia ainda diz alguma coisa a quem vai ao cinema no século XXI.


O Expresso traz uma entrevista com Harrison Ford, o eterno intérprete de Indiana Jones. Vinte anos depois da última sequela, aí vem o quinto filme do arqueólogo aventureiro. No entanto, mais do que a longevidade do actor, o que me surpreende é a longevidade da personagem. Qual será o segredo?Indiana Jones era um herói de acção, mas com humor. Tal como James Bond, outro canastrão com o qual partilhou o sucesso prolongado (não é por acaso que, no último filme, Sean Connery fazia de pai do protagonista). Só que Indy não tinha as miúdas, nem a tecnologia, nem a missão de salvar o mundo. A sua ambição parecia mais modesta. Era quase monogâmico, pelo menos em cada episódio. Só tinha um chapéu, um chicote e um revólver. Ao contrário de 007, que vencia a Guerra nada Fria na luta corpo a corpo, não estava ao serviço de nenhuma causa. Como é que um sensaborão destes se torna um ícone dos anos 80?Indiana Jones era um herói pós-ideológico numa época cansada de ideologias. Não combatia pelo Ocidente, ainda que fosse até ao fim do mundo para livrar dos maus os símbolos da cultura judaico-cristã (a Arca, o Graal). Não invocava o mundo livre nem Sua Majestade, mesmo quando enfrentava os nazis. Não dedicava a vida à ciência porque era mais caçador de tesouros do que professor universitário. Desenrascava-se por si, e era tudo.Os anos 80 e 90, depois de um século XX profundamente ideologizado, estavam maduros para este cinema individualista. É a época em que Margaret Thatcher diz "there is no such thing as a society" e triunfam os yuppies. Indy Jones foi a resposta de Hollywood ao ar do tempo, cruzando duas figuras míticas da cultura de massas americana: o detective solitário e o cowboy errante.Quando estrear Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, veremos se a mitologia ainda diz alguma coisa a quem vai ao cinema no século XXI.

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