O Cachimbo de Magritte: Livros correntes

05-08-2010
marcar artigo


(Maria Helena Vieira da Silva, Bibliothèque en feu, 1974) O Filipe Nunes Vicente lança-me o desafio de massacrar a vossa paciência com os cinco últimos livros que li, passando o repto a outro. Obedeço - tarde e a más horas -, mas vou misturar livros que já li e outros que estou a ler. Sem querer irritar o Manel Pinheiro, excluo calhamaços académicos. Cá vai. 1- G. K. Chesterton, Orthodoxy: a minha actual companhia no Metro, em edição paperback que descobri na FNAC por um milagre que faria sorrir o próprio Chesterton. Já tinha devorado a velhinha tradução em português, mas não tenho o costume de recusar milagres. Faz um século em 2008 e continua tão fresco como sempre.2- e.e. cummings, xix poemas: o anterior compagnon de route, na edição bilingue da Assírio e Alvim. Irónico, elegante, tão atento ao som e à fúria da grande tradição como ao quotidiano presente, o elitismo democrático da América no seu melhor. 3- R. Aron, Memórias: um monumento para ler em casa, quando as crianças já estão todas a dormir e não há o risco de alguém nos telefonar. A tradução, por vezes macarrónica, não consegue ofuscar a pura star quality do homem.4- R. Boudon, Os Intelectuais e o Liberalismo: não é novo, mas recomenda-se a muito boa gente - à esquerda e à direita. Boudon é sem dúvida o mais interessante sociólogo francês da geração pós-Aron. 5- J. Riley-Smith, What Were the Crusades (pronto, uma excepção académica, mas sem ser um calhamaço): actualmente a melhor introdução ao tema. Fiquei a conhecê-lo graças à generosidade do Henrique Leitão. Não ficava mal em português, até porque, neste país onde chega tudo vinte anos depois, poucos conhecem as enormes novidades que têm agitado este sensível campo de batalha pela mão de ingleses e americanos. Pois, até parece o Médio Oriente actual. Na impossibilidade de passar a bola a toda a gente aqui da casa, endosso-a ao Manel Pinheiro (toma!), ao Luís M. Jorge, aos corta-fiteiros João Távora e Pedro Correia, e ao Daniel Oliveira. Sim, sempre quis saber como é que o inimigo mobila a trincheira.


(Maria Helena Vieira da Silva, Bibliothèque en feu, 1974) O Filipe Nunes Vicente lança-me o desafio de massacrar a vossa paciência com os cinco últimos livros que li, passando o repto a outro. Obedeço - tarde e a más horas -, mas vou misturar livros que já li e outros que estou a ler. Sem querer irritar o Manel Pinheiro, excluo calhamaços académicos. Cá vai. 1- G. K. Chesterton, Orthodoxy: a minha actual companhia no Metro, em edição paperback que descobri na FNAC por um milagre que faria sorrir o próprio Chesterton. Já tinha devorado a velhinha tradução em português, mas não tenho o costume de recusar milagres. Faz um século em 2008 e continua tão fresco como sempre.2- e.e. cummings, xix poemas: o anterior compagnon de route, na edição bilingue da Assírio e Alvim. Irónico, elegante, tão atento ao som e à fúria da grande tradição como ao quotidiano presente, o elitismo democrático da América no seu melhor. 3- R. Aron, Memórias: um monumento para ler em casa, quando as crianças já estão todas a dormir e não há o risco de alguém nos telefonar. A tradução, por vezes macarrónica, não consegue ofuscar a pura star quality do homem.4- R. Boudon, Os Intelectuais e o Liberalismo: não é novo, mas recomenda-se a muito boa gente - à esquerda e à direita. Boudon é sem dúvida o mais interessante sociólogo francês da geração pós-Aron. 5- J. Riley-Smith, What Were the Crusades (pronto, uma excepção académica, mas sem ser um calhamaço): actualmente a melhor introdução ao tema. Fiquei a conhecê-lo graças à generosidade do Henrique Leitão. Não ficava mal em português, até porque, neste país onde chega tudo vinte anos depois, poucos conhecem as enormes novidades que têm agitado este sensível campo de batalha pela mão de ingleses e americanos. Pois, até parece o Médio Oriente actual. Na impossibilidade de passar a bola a toda a gente aqui da casa, endosso-a ao Manel Pinheiro (toma!), ao Luís M. Jorge, aos corta-fiteiros João Távora e Pedro Correia, e ao Daniel Oliveira. Sim, sempre quis saber como é que o inimigo mobila a trincheira.

marcar artigo