O Cachimbo de Magritte: Sarkozy e a Globalização

07-08-2010
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Aprende-se sempre com o Bruno Maçães. Nem sempre concordo com o que ele diz, mas isso é muito pouco relevante. No artigo que o Bruno escreveu ontem, Sarkozy figura como protagonista. As suas declarações e negociações parecem anunciar uma menor resignação perante o relativo consenso dos últimos anos em matéria de política monetária, comércio internacional e concorrência ao nível europeu. Julgo, no entanto, que ainda teremos de esperar para ver o que Sarkozy vai efectivamente fazer. .Mas ainda assim discordo com a visão do Bruno que contempla um Sarkozy suspeitoso do mercado ou, pelo menos, discordo das razões invocadas que alegadamente autorizam a conclusão de que Sarkozy olha para o mercado de sobrolho franzido. Diz ele que "Sarkozy acha que o mercado livre e a concorrência perfeita, ou o princípio da vantagem comparativa, são ideias ingénuas, assentes numa opinião demasiado favorável dos seres humanos e da possibilidade de benefício mútuo". Não sei se será esse o fundamento. Não sei se a questão reside em perspectivas antropológicas ou na "possibilidade de benefício mútuo". Parece-me antes que Sarkozy se recusa a aceitar que a regularidade nomológica dessas ideias seja infalível, e que é preciso pensar política e economicamente as excepções. E, sobretudo, parece-me que Sarkozy pretende reerguer o político enquanto domínio primeiro. Em termos que talvez sejam mais esclarecedores: Sarkozy pretende converter a "globalização" em matéria mais disposta à escolha, e menos à necessidade. Por vezes, em momentos mais incertos tendo a acolher a bondade do propósito..Talvez eu esteja a ser demasiado benevolente com Sarkozy. Sinceramente, posso estar enganado. Mas em breve saberemos.


Aprende-se sempre com o Bruno Maçães. Nem sempre concordo com o que ele diz, mas isso é muito pouco relevante. No artigo que o Bruno escreveu ontem, Sarkozy figura como protagonista. As suas declarações e negociações parecem anunciar uma menor resignação perante o relativo consenso dos últimos anos em matéria de política monetária, comércio internacional e concorrência ao nível europeu. Julgo, no entanto, que ainda teremos de esperar para ver o que Sarkozy vai efectivamente fazer. .Mas ainda assim discordo com a visão do Bruno que contempla um Sarkozy suspeitoso do mercado ou, pelo menos, discordo das razões invocadas que alegadamente autorizam a conclusão de que Sarkozy olha para o mercado de sobrolho franzido. Diz ele que "Sarkozy acha que o mercado livre e a concorrência perfeita, ou o princípio da vantagem comparativa, são ideias ingénuas, assentes numa opinião demasiado favorável dos seres humanos e da possibilidade de benefício mútuo". Não sei se será esse o fundamento. Não sei se a questão reside em perspectivas antropológicas ou na "possibilidade de benefício mútuo". Parece-me antes que Sarkozy se recusa a aceitar que a regularidade nomológica dessas ideias seja infalível, e que é preciso pensar política e economicamente as excepções. E, sobretudo, parece-me que Sarkozy pretende reerguer o político enquanto domínio primeiro. Em termos que talvez sejam mais esclarecedores: Sarkozy pretende converter a "globalização" em matéria mais disposta à escolha, e menos à necessidade. Por vezes, em momentos mais incertos tendo a acolher a bondade do propósito..Talvez eu esteja a ser demasiado benevolente com Sarkozy. Sinceramente, posso estar enganado. Mas em breve saberemos.

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