Pensamentos Vagabundos

03-08-2010
marcar artigo

INCONSCIÊNCIA OU DESENVOLTURA?Há certos comportamentos que são difíceis de compreender ou aceitar. Claro que não me refiro ao infeliz gesto do Sr. Ministro da Economia, na Assembleia da República.Muito desenvolto, isso sim, mas tão fora dos cânones de uma reacção, embora exasperada, de um gentil-homem que se fica na dúvida se a cena é cómica ou absolutamente imprópria de um adulto bem-educado.Resta incontestável que o ridículo é sempre mais demolidor que uma justa indignação!Não me parece que, paralelamente, a oposição tivesse brilhado por senhorilidade. Certos comentários poderiam ter sido evitados, após o indispensável pedido de desculpa do Primeiro-Ministro e a inevitável demissão do Ministro da Economia: uma questão de cavalheirismo.Só mais uma achegazinha: revendo a fotografia e apreciando bem a cara do Sr. Ministro com os corninhos bem posicionados… não consigo indignar-me, porque desato à gargalhada!Mas deixemos este assunto.Por vezes, vemo-nos diante de iniciativas ou decisões que, não raramente, nos criam perplexidades e grande dificuldade em compreendê-las ou aceitá-las.Há dias, veio a lume o resultado das sondagens do “Centro de Estudos e Sondagens da Universidade Católica”, sobre os candidatos à Câmara do Porto, nas próximas eleições autárquicas.Rui Rio caminha à frente dessas sondagens com 58% das intenções de voto. A directa rival, Elisa Ferreira, deve contentar-se com apenas 25%.O PS ficou alarmado com uma diferença negativa tão alta. Quem é causa do seu mal, o seu mal chore. E se assim é, donde esperava colher vantagens?Nomear a Dra. Elisa Ferreira como cabeça de lista e, simultaneamente, consentir a sua candidatura ao Parlamento Europeu, em lugar elegível, foi uma decisão inteligente e correcta?Eu não a compreendi; só entendi que não foi uma coisa séria.A Câmara do Porto mereceria o máximo interesse e consideração. Logo, um candidato que se dedicasse, exclusivamente, a uma campanha entusiasta e a um forte empenho pela potencial eleição a administrador da cidade.Não, certamente, uma alternativa de quem não quer perder oportunidades.Não é bonito nem decente.Qualquer munícipe portuense, que ame verdadeiramente a sua cidade, tem direito a algumas dúvidas sobre uma candidata a presidente da Câmara que não encontrou argumento melhor senão assegurar o seu abandono do Parlamento Europeu, no caso de ser eleita!Lamento que tudo isto se passe com a Dra. Elisa Ferreira e que esta Senhora não tivesse ponderado melhor a situação, omitindo certas considerações.Considero-a uma figura muito válida da nossa política; preferi-la-ia a um qualquer outro candidato.Rui Rio será favorito, mas o epíteto de populista - sem temor de inflação, neste caso – merece-o amplamente.Decididamente, não me é simpático.****O estudo da SEDES sobre “A Qualidade da Democracia” deu lugar a variadas tomadas de posição. Os dois quesitos mais discutidos – ou os que mais ressaltam - dizem respeito ao “descrédito da Justiça” e à depreciação do sistema democrático (51% das pessoas interrogadas).Cinquenta e um por cento é uma percentagem que bem demonstra o limitado conceito que se há do funcionamento de uma verdadeira democracia; da mísera concepção que temos do que é ser-se um cidadão livre, com direitos e deveres iguais, com a consciência de respeitar e merecer respeito.Muitas vezes, suportamos a arrogância de um qualquer badameco da função pública que se encontra atrás de um guichet, e não reagimos com dignidade.Sofremos injustiças pelo soba de turno e não o afrontamos com firmeza.Os empoleirados nos lugares de comando dos municípios, por vezes, ignoram normas que podem ser causa de perigo. As pessoas resmungam, mas ninguém encara as situações com a frontalidade aconselhável. Só nos indignamos – invocando, então, a democracia - quando os interesses pessoais sofrem abalos. Exigimos e protestamos contra tudo e contra todos, esquecendo-nos que, amiudadamente, a razão não nos assiste.Alguns dos nossos representantes políticos – imaginemos que nos representam – enriquecem por obra e graça do Espírito Santo e aceita-se o fenómeno como sinal de esperteza.Há gente séria, na política: por que não estamos atentos e a premiamos com o nosso voto? Comecemos por aí.Por que não exigimos que sejam os eleitores a escolher os candidatos para o Parlamento, em vez de serem os partidos a determinar quem vai ou não vai? Por que não exigimos essa alteração nos regulamentos eleitorais? Alguém se tem incomodado com esta imperfeição democrática?A imprensa, cuja liberdade de expressão é um dos factores indispensáveis numa democracia, é sempre fiel a esse atributo? O Sr. Presidente da República, sempre tão loquaz, por que não toma uma posição, bem clara e inequívoca, neste sentido?Estes são alguns dos múltiplos casos, e a nítida consciência deles, que forjam a nossa educação democrática. Possuímo-la, na sua inteireza?Lendo o resumo do estudo da SEDES, penso haja muito que fazer neste nosso lindo País!Choca, e quase indigna, os 51% que mostram insatisfação pelo sistema democrático. Esquecem-se que a democracia está na vida diária de cada um: somos nós, cidadãos, que a devemos curar e cultivar; não cai do céu.Alda M. Maia

INCONSCIÊNCIA OU DESENVOLTURA?Há certos comportamentos que são difíceis de compreender ou aceitar. Claro que não me refiro ao infeliz gesto do Sr. Ministro da Economia, na Assembleia da República.Muito desenvolto, isso sim, mas tão fora dos cânones de uma reacção, embora exasperada, de um gentil-homem que se fica na dúvida se a cena é cómica ou absolutamente imprópria de um adulto bem-educado.Resta incontestável que o ridículo é sempre mais demolidor que uma justa indignação!Não me parece que, paralelamente, a oposição tivesse brilhado por senhorilidade. Certos comentários poderiam ter sido evitados, após o indispensável pedido de desculpa do Primeiro-Ministro e a inevitável demissão do Ministro da Economia: uma questão de cavalheirismo.Só mais uma achegazinha: revendo a fotografia e apreciando bem a cara do Sr. Ministro com os corninhos bem posicionados… não consigo indignar-me, porque desato à gargalhada!Mas deixemos este assunto.Por vezes, vemo-nos diante de iniciativas ou decisões que, não raramente, nos criam perplexidades e grande dificuldade em compreendê-las ou aceitá-las.Há dias, veio a lume o resultado das sondagens do “Centro de Estudos e Sondagens da Universidade Católica”, sobre os candidatos à Câmara do Porto, nas próximas eleições autárquicas.Rui Rio caminha à frente dessas sondagens com 58% das intenções de voto. A directa rival, Elisa Ferreira, deve contentar-se com apenas 25%.O PS ficou alarmado com uma diferença negativa tão alta. Quem é causa do seu mal, o seu mal chore. E se assim é, donde esperava colher vantagens?Nomear a Dra. Elisa Ferreira como cabeça de lista e, simultaneamente, consentir a sua candidatura ao Parlamento Europeu, em lugar elegível, foi uma decisão inteligente e correcta?Eu não a compreendi; só entendi que não foi uma coisa séria.A Câmara do Porto mereceria o máximo interesse e consideração. Logo, um candidato que se dedicasse, exclusivamente, a uma campanha entusiasta e a um forte empenho pela potencial eleição a administrador da cidade.Não, certamente, uma alternativa de quem não quer perder oportunidades.Não é bonito nem decente.Qualquer munícipe portuense, que ame verdadeiramente a sua cidade, tem direito a algumas dúvidas sobre uma candidata a presidente da Câmara que não encontrou argumento melhor senão assegurar o seu abandono do Parlamento Europeu, no caso de ser eleita!Lamento que tudo isto se passe com a Dra. Elisa Ferreira e que esta Senhora não tivesse ponderado melhor a situação, omitindo certas considerações.Considero-a uma figura muito válida da nossa política; preferi-la-ia a um qualquer outro candidato.Rui Rio será favorito, mas o epíteto de populista - sem temor de inflação, neste caso – merece-o amplamente.Decididamente, não me é simpático.****O estudo da SEDES sobre “A Qualidade da Democracia” deu lugar a variadas tomadas de posição. Os dois quesitos mais discutidos – ou os que mais ressaltam - dizem respeito ao “descrédito da Justiça” e à depreciação do sistema democrático (51% das pessoas interrogadas).Cinquenta e um por cento é uma percentagem que bem demonstra o limitado conceito que se há do funcionamento de uma verdadeira democracia; da mísera concepção que temos do que é ser-se um cidadão livre, com direitos e deveres iguais, com a consciência de respeitar e merecer respeito.Muitas vezes, suportamos a arrogância de um qualquer badameco da função pública que se encontra atrás de um guichet, e não reagimos com dignidade.Sofremos injustiças pelo soba de turno e não o afrontamos com firmeza.Os empoleirados nos lugares de comando dos municípios, por vezes, ignoram normas que podem ser causa de perigo. As pessoas resmungam, mas ninguém encara as situações com a frontalidade aconselhável. Só nos indignamos – invocando, então, a democracia - quando os interesses pessoais sofrem abalos. Exigimos e protestamos contra tudo e contra todos, esquecendo-nos que, amiudadamente, a razão não nos assiste.Alguns dos nossos representantes políticos – imaginemos que nos representam – enriquecem por obra e graça do Espírito Santo e aceita-se o fenómeno como sinal de esperteza.Há gente séria, na política: por que não estamos atentos e a premiamos com o nosso voto? Comecemos por aí.Por que não exigimos que sejam os eleitores a escolher os candidatos para o Parlamento, em vez de serem os partidos a determinar quem vai ou não vai? Por que não exigimos essa alteração nos regulamentos eleitorais? Alguém se tem incomodado com esta imperfeição democrática?A imprensa, cuja liberdade de expressão é um dos factores indispensáveis numa democracia, é sempre fiel a esse atributo? O Sr. Presidente da República, sempre tão loquaz, por que não toma uma posição, bem clara e inequívoca, neste sentido?Estes são alguns dos múltiplos casos, e a nítida consciência deles, que forjam a nossa educação democrática. Possuímo-la, na sua inteireza?Lendo o resumo do estudo da SEDES, penso haja muito que fazer neste nosso lindo País!Choca, e quase indigna, os 51% que mostram insatisfação pelo sistema democrático. Esquecem-se que a democracia está na vida diária de cada um: somos nós, cidadãos, que a devemos curar e cultivar; não cai do céu.Alda M. Maia

marcar artigo