O Cachimbo de Magritte: Journey to the East

07-08-2010
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Há algumas décadas, Charles Boxer queixava-se de que "a história dos jesuítas portugueses na China aguarda ainda o seu historiador". Observava, com alguma ironia, que os historiadores tinham estudado sobretudo "os seus" e que por isso, devido aos italianos, sabíamos muito sobre Matteo Ricci, devido aos belgas, muito sobre Ferdinand Verbiest, devido aos alemães, muito sobre Adam Schall von Bell. Mas infelizmente, os portugueses, o contingente nacional mais numeroso e mais importante de missionários europeus na China nos séculos XVI ao XVIII, tinha ficado por estudar (pela velha combinação de preconceito e preguiça, tão frequente no nosso país, digo eu). A situação hoje em dia é bastante melhor: com uma regularidade muito agradável têm aparecido novos trabalhos, de boa qualidade, sobre a missionação portuguesa na China. E dentre estes merece um lugar de destaque o magnífico livro de Liam Brockey, um jovem professor da Universidade de Princeton, recentemente publicado: Journey to the East. The Jesuit Mission to China, 1579-1724 (Harvard University Press, 2007). Das várias coisas que tornam o livro muitíssimo recomendável menciono apenas duas: o lugar central que finalmente é atribuído aos jesuítas portugueses na história da missão na China; a tentativa de compreensão dessa história olhando para os jesuítas como aquilo que eram, isto é, missionários, e não (como agora se tornou moda) uma espécie de agentes culturais do diálogo Ocidente-Oriente. Porque sou amigo do Liam há vários anos talvez a minha opinião neste assunto não seja completamente imparcial, mas se ele não é o historiador que Boxer dizia esperar, está lá muito perto...


Há algumas décadas, Charles Boxer queixava-se de que "a história dos jesuítas portugueses na China aguarda ainda o seu historiador". Observava, com alguma ironia, que os historiadores tinham estudado sobretudo "os seus" e que por isso, devido aos italianos, sabíamos muito sobre Matteo Ricci, devido aos belgas, muito sobre Ferdinand Verbiest, devido aos alemães, muito sobre Adam Schall von Bell. Mas infelizmente, os portugueses, o contingente nacional mais numeroso e mais importante de missionários europeus na China nos séculos XVI ao XVIII, tinha ficado por estudar (pela velha combinação de preconceito e preguiça, tão frequente no nosso país, digo eu). A situação hoje em dia é bastante melhor: com uma regularidade muito agradável têm aparecido novos trabalhos, de boa qualidade, sobre a missionação portuguesa na China. E dentre estes merece um lugar de destaque o magnífico livro de Liam Brockey, um jovem professor da Universidade de Princeton, recentemente publicado: Journey to the East. The Jesuit Mission to China, 1579-1724 (Harvard University Press, 2007). Das várias coisas que tornam o livro muitíssimo recomendável menciono apenas duas: o lugar central que finalmente é atribuído aos jesuítas portugueses na história da missão na China; a tentativa de compreensão dessa história olhando para os jesuítas como aquilo que eram, isto é, missionários, e não (como agora se tornou moda) uma espécie de agentes culturais do diálogo Ocidente-Oriente. Porque sou amigo do Liam há vários anos talvez a minha opinião neste assunto não seja completamente imparcial, mas se ele não é o historiador que Boxer dizia esperar, está lá muito perto...

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