Da Literatura: LER OS OUTROS

23-12-2009
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Um livro cada domingo. Acaba de sair uma Antologia de Ruben A., pseudónimo de Ruben Alfredo Andresen Leitão (1920-1975), organizada por Liberto Cruz e Madalena Carretero Cruz, que inclui textos de ficção, teatro e autobiografia. Uma exaustiva tábua cronológica dá a conhecer a vida do autor de duas obras-primas do século XX português: A Torre da Barbela (1964) e Kaos (1981, póstumo). Como muitos sabem, Ruben A. é um dos personagens centrais de um viperino romance de Agustina Bessa-Luís. A seriação dos textos não é cronológica: há trechos de O mundo à minha procura (1964-68), de contos, romances e teatro. Cerca de 300 páginas, em volume de capa dura, que talvez contribuam para “recuperar” Ruben A., hoje tão esquecido.Ler hoje, na Pública — a revista do Público — o excelente dossiê sobre a perseguição aos homossexuais no Estado Novo e na Guerra Colonial, da responsabilidade de São José Almeida, com contribuições de investigadores, especialistas, activistas LGBT, militares na reserva e protagonistas.José Pacheco Pereira: «Repito, mais uma vez, mas é uma repetição merecida. Até agora o modo como o Ministério da Saúde tem respondido ao evoluir da pandemia de gripe parece-me exemplar. Sóbrio, informativo, com palavras certas e sensatas, sem ceder ao espectáculo mediático, nem à tentação, tão generalizada neste governo, de marcar pontos para a propaganda. É tão raro assistir a um trabalho sério e, acima de tudo, limpo, que não me canso de o elogiar. [...]»Pedro Adão e Silva: «[...] Para quem gosta tanto de glosar, de modo aparentemente sofisticado, a expressão “isto só em Portugal”, é caso para dizer mesmo: só em Portugal é que é possível fazer carreira académica e, mais relevante, surgir como eminência intelectual, ao mesmo tempo que se faz gala em afirmar que se desconhece a realidade. Não há mal nenhum na misantropia, e até há boas razões para a atitude, mas a misantropia limita também a possibilidade de falar com propriedade do que de facto se passa e existe “à volta”. Depois, fico sempre com uma dúvida: não é no mínimo estranho que quem tem responsabilidades académicas em instituições públicas se vanglorie de estar sempre em casa? Estamos perante uma telescola ao contrário, onde são os alunos que estão na escola e os professores em casa? Ou contactar com alunos, orientá-los e dar aulas deixou de fazer parte das exigências de uma carreira académica, mesmo que de investigador emérito?»Vieira do Mar: «Chego tarde e a más horas à história do momento: os corninhos do Pinho. Pelos vistos, o inesperado gesto foi dirigido a Bernardino Soares, esse bastião comunista da democracia, na verdade uma criatura abjecta, do piorzinho que o nosso Parlamento alguma vez pariu. [...]» O resto do post é para adultos de estômago forte.Etiquetas: Blogues, Nota de leitura

Um livro cada domingo. Acaba de sair uma Antologia de Ruben A., pseudónimo de Ruben Alfredo Andresen Leitão (1920-1975), organizada por Liberto Cruz e Madalena Carretero Cruz, que inclui textos de ficção, teatro e autobiografia. Uma exaustiva tábua cronológica dá a conhecer a vida do autor de duas obras-primas do século XX português: A Torre da Barbela (1964) e Kaos (1981, póstumo). Como muitos sabem, Ruben A. é um dos personagens centrais de um viperino romance de Agustina Bessa-Luís. A seriação dos textos não é cronológica: há trechos de O mundo à minha procura (1964-68), de contos, romances e teatro. Cerca de 300 páginas, em volume de capa dura, que talvez contribuam para “recuperar” Ruben A., hoje tão esquecido.Ler hoje, na Pública — a revista do Público — o excelente dossiê sobre a perseguição aos homossexuais no Estado Novo e na Guerra Colonial, da responsabilidade de São José Almeida, com contribuições de investigadores, especialistas, activistas LGBT, militares na reserva e protagonistas.José Pacheco Pereira: «Repito, mais uma vez, mas é uma repetição merecida. Até agora o modo como o Ministério da Saúde tem respondido ao evoluir da pandemia de gripe parece-me exemplar. Sóbrio, informativo, com palavras certas e sensatas, sem ceder ao espectáculo mediático, nem à tentação, tão generalizada neste governo, de marcar pontos para a propaganda. É tão raro assistir a um trabalho sério e, acima de tudo, limpo, que não me canso de o elogiar. [...]»Pedro Adão e Silva: «[...] Para quem gosta tanto de glosar, de modo aparentemente sofisticado, a expressão “isto só em Portugal”, é caso para dizer mesmo: só em Portugal é que é possível fazer carreira académica e, mais relevante, surgir como eminência intelectual, ao mesmo tempo que se faz gala em afirmar que se desconhece a realidade. Não há mal nenhum na misantropia, e até há boas razões para a atitude, mas a misantropia limita também a possibilidade de falar com propriedade do que de facto se passa e existe “à volta”. Depois, fico sempre com uma dúvida: não é no mínimo estranho que quem tem responsabilidades académicas em instituições públicas se vanglorie de estar sempre em casa? Estamos perante uma telescola ao contrário, onde são os alunos que estão na escola e os professores em casa? Ou contactar com alunos, orientá-los e dar aulas deixou de fazer parte das exigências de uma carreira académica, mesmo que de investigador emérito?»Vieira do Mar: «Chego tarde e a más horas à história do momento: os corninhos do Pinho. Pelos vistos, o inesperado gesto foi dirigido a Bernardino Soares, esse bastião comunista da democracia, na verdade uma criatura abjecta, do piorzinho que o nosso Parlamento alguma vez pariu. [...]» O resto do post é para adultos de estômago forte.Etiquetas: Blogues, Nota de leitura

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