INSTANTE FATAL: Euroridículo

18-12-2009
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Sérgio de Andrade, JornalistaTenho por certo que o presidente da Assembleia da República, como bom socialista, é adepto fervoroso da adesão de Portugal à União Europeia.Por conseguinte, tenho por certo que respeita todas as suas instituições, nomeadamente os membros do Parlamento Europeu. Assim, o que se passou recentemente, e que a meu ver não teve nos media o devido relevo, não passará senão de um mal- -entendido.Não foi por o dr. Jaime Gama querer desconsiderar os eurodeputados em geral, e aqueles que investigam certos voos da CIA em particular. E muito menos por a comissão europeia que visitou Portugal ser presidida por um social-democrata.Impensável por parte do dr. Jaime Gama, genuíno democrata que é!Mas a verdade é que a Comissão Europeia de Inquérito aos voos da CIA que veio a Lisboa apurar do nosso envolvimento, ou não, em actividades que o Parlamento Europeu, pelos vistos, considera condenáveis deve ter levado de nós, portugueses, e do deputado n.º 1 nacional, isto é, o presidente da AR, uma ideia bastante triste. Com efeito, ao chegar à AR, a sala do Senado, onde a comissão deveria reunir-se com os deputados portugueses, estava fechada. Seguiu-se uma cena digna de uma ópera cómica, com os líderes partidários a procurar descalçar a bota.O BE emprestava uma sala, o PC precisava do aval de Bernardino Soares, o PS ficava à espera dos eurodeputados na sua sala, o PSD recebia-os numa sala sua, depois levava-os à sala do PS - enfim, uma coisa de um ridículo atroz.Consta que a "peixeirada" só foi possível porque o dr. Jaime Gama não havia sido previamente avisado - e amuou.Mas a explicação é capaz de não ser assim tão simples. A verdade é que a comissão tem encontrado, em muitos países da chamada União Europeia, forte resistência à sua actividade. Esses países parece seguirem o princípio de que "o que é bom para os Estados Unidos é bom para nós, europeus".Portanto, há que travar os ímpetos dos incómodos eurodeputados que querem saber mais do que é conveniente. Mas a mim o que me choca mais é que, para mostrar o seu desagrado quanto aos objectivos da comissão, Portugal se tenha servido daquele expediente de fechar a porta do Senado.O que esperar, porém, de um país que já bateu o recorde do ridículo ao mandar uma corveta apontar os canhões ao "barco do aborto" vindo do seu parceiro Países Baixos?!


Sérgio de Andrade, JornalistaTenho por certo que o presidente da Assembleia da República, como bom socialista, é adepto fervoroso da adesão de Portugal à União Europeia.Por conseguinte, tenho por certo que respeita todas as suas instituições, nomeadamente os membros do Parlamento Europeu. Assim, o que se passou recentemente, e que a meu ver não teve nos media o devido relevo, não passará senão de um mal- -entendido.Não foi por o dr. Jaime Gama querer desconsiderar os eurodeputados em geral, e aqueles que investigam certos voos da CIA em particular. E muito menos por a comissão europeia que visitou Portugal ser presidida por um social-democrata.Impensável por parte do dr. Jaime Gama, genuíno democrata que é!Mas a verdade é que a Comissão Europeia de Inquérito aos voos da CIA que veio a Lisboa apurar do nosso envolvimento, ou não, em actividades que o Parlamento Europeu, pelos vistos, considera condenáveis deve ter levado de nós, portugueses, e do deputado n.º 1 nacional, isto é, o presidente da AR, uma ideia bastante triste. Com efeito, ao chegar à AR, a sala do Senado, onde a comissão deveria reunir-se com os deputados portugueses, estava fechada. Seguiu-se uma cena digna de uma ópera cómica, com os líderes partidários a procurar descalçar a bota.O BE emprestava uma sala, o PC precisava do aval de Bernardino Soares, o PS ficava à espera dos eurodeputados na sua sala, o PSD recebia-os numa sala sua, depois levava-os à sala do PS - enfim, uma coisa de um ridículo atroz.Consta que a "peixeirada" só foi possível porque o dr. Jaime Gama não havia sido previamente avisado - e amuou.Mas a explicação é capaz de não ser assim tão simples. A verdade é que a comissão tem encontrado, em muitos países da chamada União Europeia, forte resistência à sua actividade. Esses países parece seguirem o princípio de que "o que é bom para os Estados Unidos é bom para nós, europeus".Portanto, há que travar os ímpetos dos incómodos eurodeputados que querem saber mais do que é conveniente. Mas a mim o que me choca mais é que, para mostrar o seu desagrado quanto aos objectivos da comissão, Portugal se tenha servido daquele expediente de fechar a porta do Senado.O que esperar, porém, de um país que já bateu o recorde do ridículo ao mandar uma corveta apontar os canhões ao "barco do aborto" vindo do seu parceiro Países Baixos?!

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