Passos e PSD sob pressão para "travar" censura do Bloco ao Governo

12-02-2011
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Os partidos não abriram o jogo, mas o PS fez um apelo a uma clarificação. Porque o país não aguenta "um mês pantanoso". Na prática, o PSD tem nas mãos o desfecho da moção e promete "ponderação, frieza e responsabilidade" na decisão, mas o PÚBLICO sabe que a opção só será tomada depois do regresso de Passos Coelho de Paris, embora o cenário que ganha peso é mesmo o da abstenção. Sob a pressão do sector cavaquista.

A tese de vários dirigentes nacionais sociais-democratas é que o partido está muito "amarrado" à viabilização do Orçamento de 2011. A previsível divulgação dos resultados da execução orçamental pode também não fornecer argumentos para alinhar com uma moção de censura que é também dirigida ao PSD. Ontem, Francisco Louçã apontou os sociais-democratas como um dos partidos da "maioria orçamental". Numa frase, retira margem de manobra ao PSD para votar a moção.

Dentro do PSD, já começou a "pressão" para Pedro Passos Coelho não alinhar, para já, na censura a Sócrates. Há compromissos internacionais e negociações importantes em curso ao nível da União Europeia e o momento do país é muito complexo, argumenta-se. Além do mais, no PSD há quem olhe o anúncio do Bloco como mais uma disputa à esquerda, com o PCP, que na semana passada já admitira a possibilidade de vir a apresentar uma moção de censura ou mesmo apoiar uma de um partido da direita.

Em Paris, Passos Coelho evitou comprometer-se, remetendo uma posição para mais tarde. Ainda assim, deixou uma frase: "Não penso que Portugal precise de andar esquizofrenicamente todas as semanas a viver e a especular sobre sentimentos de crise política e não creio que seja isto que o país precisa."

"Desafiamos toda a AR"

Francisco Louçã, coordenador do Bloco, apanhou de surpresa o Governo com a anunciada censura. "Desafiamos toda a Assembleia da República a pronunciar-se sobre todas as questões políticas e as grandes questões económicas. Esta moção terá um conteúdo construtivo, apresentando alternativas." Alternativas aos "falsos recibos verdes, trabalho precário, desemprego e degradação da vida social". E aponta o dedo ao PS e PSD, "ambos parte da maioria orçamental", que discutem "entre si quem faz pior aos funcionários públicos".

Mal o Bloco anunciou a moção, logo Sócrates fez notar que ainda há dias Louçã afastava uma iniciativa do género, e viu no gesto do líder bloquista ("o número político da tarde") uma disputa com o PCP - "o seu companheiro aí do lado". O deputado bloquista justificou a iniciativa com uma necessidade de clarificação da situação do país e de recuperar políticas de esquerda.

Dentro e fora do plenário, o primeiro-ministro dramatizou as consequências económicas e financeiras de uma crise política neste momento pela instabilidade que cria. "Há dez milhões de portugueses que pagariam essa instabilidade", afirmou.

À direita, o CDS-PP reiterou a sua vontade em mudar o ciclo político, mas fez questão de notar que precisa de verificar se essa é mesmo a intenção do Bloco. "Teremos que ver se é genuinamente uma moção de censura, ou se é uma iniciativa para concorrer com o PCP. Vamos verificar o texto para perceber se é consensual", disse Pedro Mota Soares, líder parlamentar do CDS.

Os comunistas mantêm a "reflexão" sobre a possibilidade de também apresentarem uma iniciativa deste tipo. O gesto do BE "não exclui nem confirma a possibilidade de o PCP" usar um "instrumento constitucional, que pode ser utilizado, tendo em conta a situação gravíssima do país", disse o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares. E pode até acontecer uma discussão conjunta de várias moções, como lembrou Bernardino.

Os partidos não abriram o jogo, mas o PS fez um apelo a uma clarificação. Porque o país não aguenta "um mês pantanoso". Na prática, o PSD tem nas mãos o desfecho da moção e promete "ponderação, frieza e responsabilidade" na decisão, mas o PÚBLICO sabe que a opção só será tomada depois do regresso de Passos Coelho de Paris, embora o cenário que ganha peso é mesmo o da abstenção. Sob a pressão do sector cavaquista.

A tese de vários dirigentes nacionais sociais-democratas é que o partido está muito "amarrado" à viabilização do Orçamento de 2011. A previsível divulgação dos resultados da execução orçamental pode também não fornecer argumentos para alinhar com uma moção de censura que é também dirigida ao PSD. Ontem, Francisco Louçã apontou os sociais-democratas como um dos partidos da "maioria orçamental". Numa frase, retira margem de manobra ao PSD para votar a moção.

Dentro do PSD, já começou a "pressão" para Pedro Passos Coelho não alinhar, para já, na censura a Sócrates. Há compromissos internacionais e negociações importantes em curso ao nível da União Europeia e o momento do país é muito complexo, argumenta-se. Além do mais, no PSD há quem olhe o anúncio do Bloco como mais uma disputa à esquerda, com o PCP, que na semana passada já admitira a possibilidade de vir a apresentar uma moção de censura ou mesmo apoiar uma de um partido da direita.

Em Paris, Passos Coelho evitou comprometer-se, remetendo uma posição para mais tarde. Ainda assim, deixou uma frase: "Não penso que Portugal precise de andar esquizofrenicamente todas as semanas a viver e a especular sobre sentimentos de crise política e não creio que seja isto que o país precisa."

"Desafiamos toda a AR"

Francisco Louçã, coordenador do Bloco, apanhou de surpresa o Governo com a anunciada censura. "Desafiamos toda a Assembleia da República a pronunciar-se sobre todas as questões políticas e as grandes questões económicas. Esta moção terá um conteúdo construtivo, apresentando alternativas." Alternativas aos "falsos recibos verdes, trabalho precário, desemprego e degradação da vida social". E aponta o dedo ao PS e PSD, "ambos parte da maioria orçamental", que discutem "entre si quem faz pior aos funcionários públicos".

Mal o Bloco anunciou a moção, logo Sócrates fez notar que ainda há dias Louçã afastava uma iniciativa do género, e viu no gesto do líder bloquista ("o número político da tarde") uma disputa com o PCP - "o seu companheiro aí do lado". O deputado bloquista justificou a iniciativa com uma necessidade de clarificação da situação do país e de recuperar políticas de esquerda.

Dentro e fora do plenário, o primeiro-ministro dramatizou as consequências económicas e financeiras de uma crise política neste momento pela instabilidade que cria. "Há dez milhões de portugueses que pagariam essa instabilidade", afirmou.

À direita, o CDS-PP reiterou a sua vontade em mudar o ciclo político, mas fez questão de notar que precisa de verificar se essa é mesmo a intenção do Bloco. "Teremos que ver se é genuinamente uma moção de censura, ou se é uma iniciativa para concorrer com o PCP. Vamos verificar o texto para perceber se é consensual", disse Pedro Mota Soares, líder parlamentar do CDS.

Os comunistas mantêm a "reflexão" sobre a possibilidade de também apresentarem uma iniciativa deste tipo. O gesto do BE "não exclui nem confirma a possibilidade de o PCP" usar um "instrumento constitucional, que pode ser utilizado, tendo em conta a situação gravíssima do país", disse o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares. E pode até acontecer uma discussão conjunta de várias moções, como lembrou Bernardino.

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