Fora de Tempo: Alegres hipocrisias

03-08-2010
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José Eduardo dos Santos perpetua-se na PresidênciaNotícia surpreendente? Só se for para alguns políticos da nossa praça. Ora leiam estes excertos que retirei deste artigo de Março do ano passado, a que já tinha feito referência, na altura, por aqui:Por seu lado, o líder parlamentar socialista, Alberto Martins, considerou que Angola está “no bom caminho e vive um aprofundamento da democracia”, e saudou as “relações de proximidade e históricas” entre os dois países.O vice-presidente da Assembleia da República e deputado do PS Manuel Alegre sublinhou que o Presidente angolano “fez a paz” e “abriu caminho para a democracia”, possibilitando dessa forma “novas janelas” nas relações entre Portugal e Angola.Alegre disse não partilhar das críticas feitas pelo BE e disse que Eduardo dos Santos, que disse representar o “fundador de uma Angola nova”, tem feito caminho para a democracia.“D. Afonso Henriques também não era um democrata exemplar”, disse, elogiando o papel de Eduardo dos Santos na “preservação da unidade do Estado angolano”.“Não se chegou ao grau satisfatório de garantias democráticas, mas está-se a fazer o caminho. Em vez de sinais de ruptura, devemos dar apoio a quem está a fazer esse esforço de construção”, defendeu Paulo Rangel, em declarações aos jornalistas.Do lado do PCP, o líder parlamentar comunista, Bernardino Soares, considerou que a visita “é muito importante para Portugal”, que mantém “relações muito intensas” e de “grande amizade” com Angola.Recusando comentar a posição do BE, Bernardino Soares destacou que “o povo angolano é que é soberano para decidir o seu futuro” e que nas últimas eleições – legislativas – os observadores internacionais assistiram “a uma festa da democracia”.Se de Bernardino Soares - que tem uma concepção da democracia muito própria (lembram-se da Coreia do Norte?) e não esquece a inspiração marxista dos primórdios do MPLA - não se poderia esperar outra coisa, o que dizer dos comentários de Manuel Alegre, o tal dos discursos inflamados sobre a Liberdade e a Democracia e candidato a PR? Como se já não bastasse a falta de vergonha, ainda mete, a despropósito, D. Afonso Henriques ao barulho. Patético. Uma eloquente demonstração do que eu aflorei no meu post anterior: Alegre é um político profissional e como tal também é refinado na hipocrisia, na conveniência, na manipulação.Com a notícia da perpetuação de Eduardo dos Santos no poder, todas aquelas declarações de políticos responsáveis ganham contornos ainda mais risíveis (mas, ainda assim, faça-se alguma justiça a Paulo Rangel por ter sido o menos hipócrita e o mais lúcido). A cobardia política em todo o seu triste esplendor.


José Eduardo dos Santos perpetua-se na PresidênciaNotícia surpreendente? Só se for para alguns políticos da nossa praça. Ora leiam estes excertos que retirei deste artigo de Março do ano passado, a que já tinha feito referência, na altura, por aqui:Por seu lado, o líder parlamentar socialista, Alberto Martins, considerou que Angola está “no bom caminho e vive um aprofundamento da democracia”, e saudou as “relações de proximidade e históricas” entre os dois países.O vice-presidente da Assembleia da República e deputado do PS Manuel Alegre sublinhou que o Presidente angolano “fez a paz” e “abriu caminho para a democracia”, possibilitando dessa forma “novas janelas” nas relações entre Portugal e Angola.Alegre disse não partilhar das críticas feitas pelo BE e disse que Eduardo dos Santos, que disse representar o “fundador de uma Angola nova”, tem feito caminho para a democracia.“D. Afonso Henriques também não era um democrata exemplar”, disse, elogiando o papel de Eduardo dos Santos na “preservação da unidade do Estado angolano”.“Não se chegou ao grau satisfatório de garantias democráticas, mas está-se a fazer o caminho. Em vez de sinais de ruptura, devemos dar apoio a quem está a fazer esse esforço de construção”, defendeu Paulo Rangel, em declarações aos jornalistas.Do lado do PCP, o líder parlamentar comunista, Bernardino Soares, considerou que a visita “é muito importante para Portugal”, que mantém “relações muito intensas” e de “grande amizade” com Angola.Recusando comentar a posição do BE, Bernardino Soares destacou que “o povo angolano é que é soberano para decidir o seu futuro” e que nas últimas eleições – legislativas – os observadores internacionais assistiram “a uma festa da democracia”.Se de Bernardino Soares - que tem uma concepção da democracia muito própria (lembram-se da Coreia do Norte?) e não esquece a inspiração marxista dos primórdios do MPLA - não se poderia esperar outra coisa, o que dizer dos comentários de Manuel Alegre, o tal dos discursos inflamados sobre a Liberdade e a Democracia e candidato a PR? Como se já não bastasse a falta de vergonha, ainda mete, a despropósito, D. Afonso Henriques ao barulho. Patético. Uma eloquente demonstração do que eu aflorei no meu post anterior: Alegre é um político profissional e como tal também é refinado na hipocrisia, na conveniência, na manipulação.Com a notícia da perpetuação de Eduardo dos Santos no poder, todas aquelas declarações de políticos responsáveis ganham contornos ainda mais risíveis (mas, ainda assim, faça-se alguma justiça a Paulo Rangel por ter sido o menos hipócrita e o mais lúcido). A cobardia política em todo o seu triste esplendor.

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