blogue do não: Ao centro de qualquer extremismo...

22-12-2009
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Antes de ir direito ao assunto, convém apresentar-me: chamo-me Miguel Cortez Pimentel, sou jurista, militante do Partido Socialista e no próximo dia 11 de Fevereiro votarei NÃO à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado.Voto NÃO, convictamente e em consciência, recusando a linha de orientação traçada pelo meu partido de sempre, por me parecer desadequada no contexto de um programa de esquerda democrática, reformista e humanista que uma “política de verdade para a Interrupção Voluntária da Gravidez” se estruture apenas em torno de “uma inadiável exigência de justiça e dignidade para as mulheres” e da “promoção de uma política de direitos sexuais e reprodutivos”, olvidando o Feto, enquanto ser humano, a verdadeira pedra angular de toda esta questão.Voto Não porque entendo a Esquerda progressista como o espaço político daqueles que se revêem na igualdade entre os Seres Humanos (independentemente da sua raça, sexo, convicções, e porque não dizê-lo ambiente – intra ou extra uterino), na Liberdade responsável, na tolerância de opinião, na protecção dos fracos e oprimidos da sociedade e não prescindo das conquistas históricas e civilizacionais alcançadas desde o século XIX que levaram, imagine-se, mulheres a votar, pretos, brancos, amarelos e encarnados a serem tratados como iguais, que levaram ao reconhecimento de limites imanentes à própria Democracia enquanto expressão da vontade popular;Voto NÃO, independentemente de se tratar de despenalização ou de liberalização (e parece ser mesmo disto que se trata, liberalizar a prática de aborto em Portugal), porque acredito que a protecção da vida humana, extra ou intra-uterina, deverá prevalecer enquanto valor subjacente a um Estado de direito material, alicerçado nos Direitos Liberdades e Garantias cuja juridicidade se impõe ao próprio legislador constituinte e porque ainda ninguém conseguiu demonstrar cabalmente a possibilidade de defender o Bem Jurídico Vida Intra-uterina prescindindo da tutela penal;Voto NÃO, porque amo a liberdade e a verdadeira herança de Abril (a autêntica e não a condicionada pelos pregadores da moral libertária, pseudo-esquerdista e profundamente radical), e como tal não me permito dissociá-la da responsabilidade;Feito este pequeno intróito, gostaria de me dirigir a todos os pregadores moralistas, pseudo-esquerdistas, radicais, e uma vez mais pseudo mas destas vez abrilistas, auto investidos na fundamental tarefa de guardar a democracia de toda a sorte de vilezas, dos outros que a dado instante não pensam como eles (eis aqui a balizada noção de tolerância como a complacência com a divergência de opiniões até determinados limites…) e como tal são imediatamente rotulados de fascistas…(Fascista, serve pois doravante para designar o indivíduo de quem estes senhores de que vos falo discordam … não interessa o motivo… não interessa a temática… se discordam deles que são esquerdistas então é porque são fascistas… ponto final parágrafo).Hoje em dia, pelos vistos, os fascistas podem ser representados graficamente através de formas circulares multiformes que se entrecruzam… Por exemplo, há fascistas porque querem o TGV, fascistas que deixam de o ser momentaneamente porque querendo o TGV discordam da necessidade de se construir um novo Aeroporto (e vice versa) e claro, fascistas porque votarão NÃO no próximo Referendo, ainda que sejam militantes do Partido Socialista, como é o meu caso.Aqui chegados, sendo socialista de militância, mas fascista porque votarei NÃO no Referendo, e tomando contacto com o teor da carta aberta que a Senhora Deputada Helena Pinto dirigiu ao Francisco Sarsfield Cabral, não resisti a juntar-me a “ a algumas das vozes mais extremistas da sociedade portuguesa, pessoas que pregam o ódio em vez de tolerância, o racismo em vez da Democracia, e a violência em vez da liberdade”…Estas vozes pelos vistos são extremistas porque apelam ao voto no NÃO no Referendo e querem proclamar livremente a sua opinião, respeitando todavia as opiniões de todos… Estas vozes pregam o ódio, alegadamente, por se unirem contra a dizimação dos fetos indefesos, e por apelarem a uma sexualidade responsável, informada, recusando o facilitismo das soluções abortivas… (a parte do racismo e da violência não consegui perceber, Senhora Deputada…)…resumindo são fascistas!Tudo isto já foi sentenciado como ridículo pelo próprio Francisco Sarsfield Cabral, mas, meu caro Francisco, não sei se estou de acordo… Não nos esqueçamos que de acordo com algumas definições nada extremistas, a Senhora Deputada Helena Pinto é capaz de ter filhos, e, portanto, se assim for, é automaticamente pessoa mais idónea para votar no Referendo, e por conseguinte, para identificar as vozes extremistas da sociedade portuguesa, os novos fascistas…Senhora Deputada Helena Pinto, tão preocupada que se encontra com as companhias dos outros, permita-me dizer-lhe uma coisa: o Extremismo (e porque não dizê-lo a Demagogia), seja ele de Esquerda ou de Direita, religioso, ou partidário é antónimo da Democracia, opõe-se a ela insanavelmente, é censurável e, regra geral, não é bom conselheiro eleitoral em Portugal…Por isso, apelo a todos, naturalmente também aos investidos no supra citado poder de proteger Abril, que encerrem (na gaveta ou onde bem entenderem) o discurso persecutório e demagógico até ao Referendo, e venham discutir connosco a questão fundamental: Aborto livre legal em Portugal, sim ou NÃO?!

Antes de ir direito ao assunto, convém apresentar-me: chamo-me Miguel Cortez Pimentel, sou jurista, militante do Partido Socialista e no próximo dia 11 de Fevereiro votarei NÃO à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado.Voto NÃO, convictamente e em consciência, recusando a linha de orientação traçada pelo meu partido de sempre, por me parecer desadequada no contexto de um programa de esquerda democrática, reformista e humanista que uma “política de verdade para a Interrupção Voluntária da Gravidez” se estruture apenas em torno de “uma inadiável exigência de justiça e dignidade para as mulheres” e da “promoção de uma política de direitos sexuais e reprodutivos”, olvidando o Feto, enquanto ser humano, a verdadeira pedra angular de toda esta questão.Voto Não porque entendo a Esquerda progressista como o espaço político daqueles que se revêem na igualdade entre os Seres Humanos (independentemente da sua raça, sexo, convicções, e porque não dizê-lo ambiente – intra ou extra uterino), na Liberdade responsável, na tolerância de opinião, na protecção dos fracos e oprimidos da sociedade e não prescindo das conquistas históricas e civilizacionais alcançadas desde o século XIX que levaram, imagine-se, mulheres a votar, pretos, brancos, amarelos e encarnados a serem tratados como iguais, que levaram ao reconhecimento de limites imanentes à própria Democracia enquanto expressão da vontade popular;Voto NÃO, independentemente de se tratar de despenalização ou de liberalização (e parece ser mesmo disto que se trata, liberalizar a prática de aborto em Portugal), porque acredito que a protecção da vida humana, extra ou intra-uterina, deverá prevalecer enquanto valor subjacente a um Estado de direito material, alicerçado nos Direitos Liberdades e Garantias cuja juridicidade se impõe ao próprio legislador constituinte e porque ainda ninguém conseguiu demonstrar cabalmente a possibilidade de defender o Bem Jurídico Vida Intra-uterina prescindindo da tutela penal;Voto NÃO, porque amo a liberdade e a verdadeira herança de Abril (a autêntica e não a condicionada pelos pregadores da moral libertária, pseudo-esquerdista e profundamente radical), e como tal não me permito dissociá-la da responsabilidade;Feito este pequeno intróito, gostaria de me dirigir a todos os pregadores moralistas, pseudo-esquerdistas, radicais, e uma vez mais pseudo mas destas vez abrilistas, auto investidos na fundamental tarefa de guardar a democracia de toda a sorte de vilezas, dos outros que a dado instante não pensam como eles (eis aqui a balizada noção de tolerância como a complacência com a divergência de opiniões até determinados limites…) e como tal são imediatamente rotulados de fascistas…(Fascista, serve pois doravante para designar o indivíduo de quem estes senhores de que vos falo discordam … não interessa o motivo… não interessa a temática… se discordam deles que são esquerdistas então é porque são fascistas… ponto final parágrafo).Hoje em dia, pelos vistos, os fascistas podem ser representados graficamente através de formas circulares multiformes que se entrecruzam… Por exemplo, há fascistas porque querem o TGV, fascistas que deixam de o ser momentaneamente porque querendo o TGV discordam da necessidade de se construir um novo Aeroporto (e vice versa) e claro, fascistas porque votarão NÃO no próximo Referendo, ainda que sejam militantes do Partido Socialista, como é o meu caso.Aqui chegados, sendo socialista de militância, mas fascista porque votarei NÃO no Referendo, e tomando contacto com o teor da carta aberta que a Senhora Deputada Helena Pinto dirigiu ao Francisco Sarsfield Cabral, não resisti a juntar-me a “ a algumas das vozes mais extremistas da sociedade portuguesa, pessoas que pregam o ódio em vez de tolerância, o racismo em vez da Democracia, e a violência em vez da liberdade”…Estas vozes pelos vistos são extremistas porque apelam ao voto no NÃO no Referendo e querem proclamar livremente a sua opinião, respeitando todavia as opiniões de todos… Estas vozes pregam o ódio, alegadamente, por se unirem contra a dizimação dos fetos indefesos, e por apelarem a uma sexualidade responsável, informada, recusando o facilitismo das soluções abortivas… (a parte do racismo e da violência não consegui perceber, Senhora Deputada…)…resumindo são fascistas!Tudo isto já foi sentenciado como ridículo pelo próprio Francisco Sarsfield Cabral, mas, meu caro Francisco, não sei se estou de acordo… Não nos esqueçamos que de acordo com algumas definições nada extremistas, a Senhora Deputada Helena Pinto é capaz de ter filhos, e, portanto, se assim for, é automaticamente pessoa mais idónea para votar no Referendo, e por conseguinte, para identificar as vozes extremistas da sociedade portuguesa, os novos fascistas…Senhora Deputada Helena Pinto, tão preocupada que se encontra com as companhias dos outros, permita-me dizer-lhe uma coisa: o Extremismo (e porque não dizê-lo a Demagogia), seja ele de Esquerda ou de Direita, religioso, ou partidário é antónimo da Democracia, opõe-se a ela insanavelmente, é censurável e, regra geral, não é bom conselheiro eleitoral em Portugal…Por isso, apelo a todos, naturalmente também aos investidos no supra citado poder de proteger Abril, que encerrem (na gaveta ou onde bem entenderem) o discurso persecutório e demagógico até ao Referendo, e venham discutir connosco a questão fundamental: Aborto livre legal em Portugal, sim ou NÃO?!

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