O candidato do "arco do poder" soma apoios ao centro

03-12-2010
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A dois meses das eleições, o último candidato a entrar na corrida é quem mais conta com apoios de notáveis, mesmo inesperados

A recandidatura de Cavaco Silva está a constituir-se como um movimento eleitoral que reúne personalidades do chamado arco democrático do poder, ou seja, que se inserem nas áreas político-partidárias que têm governado em Portugal: PS, PSD e CDS.

Este fenómeno é normal quando um Presidente se recandidata. O caso mais exemplificativo de como o exercício do poder torna atractivas personalidades políticas que, quando se apresentam pela primeira vez às urnas, até provocam clivagens são as posições tomadas pelo próprio Cavaco Silva enquanto líder do PSD.

Foi eleito presidente do partido, defendendo precisamente uma estratégia que passava pelo apoio à candidatura de Freitas do Amaral, como forma de demarcar e afastar o PSD da centrifugação que temia sofrer na coligação do Bloco Central, liderada pelo PS de Mário Soares. Mas cinco anos depois, em 1990, o PSD de Cavaco Silva apoia a recandidatura do então Presidente Mário Soares.

O consenso gerado pelo exercício do mandato leva, assim, a que Cavaco recolha apoios de personalidades que normalmente se movimentam na área do PS. Evidente neste apoio é a integração de figuras que desempenharam cargos ministeriais em governos do PS na estrutura de campanha de Cavaco. É o caso de Daniel Bessa, ex-ministro da Economia de António Guterres, que integra a comissão política de Cavaco. Mas também Luís Campos e Cunha, ex-ministro de Estado e das Finanças do primeiro Governo Sócrates. Ou José Veiga Simão na comissão de honra, que foi ministro da Defesa de Guterres depois de ter sido ministro da Educação de Marcello Caetano.

É claro que os nomes do PSD também estão presentes: na comissão de honra sobressaem Teresa Patrício Gouveia e Luís Marques Mendes, mas estes são nomes que estão inscritos na história do cavaquismo. Ou Valente de Oliveira. Menos ligados a Cavaco mas igualmente do PSD destacam-se Jorge Moreira da Silva, José Matos Correia, Paulo Mota Pinto e Sofia Galvão. O arco do poder é completado, ao nível da comissão política, pela presença de dois deputados do CDS: Assunção Cristas e Nuno Magalhães.

Alegre divulga em Dezembro

Enquanto Cavaco vai divulgando diariamente novos apoios, a candidatura de Manuel Alegre optou por outra estratégia: na primeira quinzena de Dezembro será realizado um evento, em Lisboa, para a apresentação oficial da comissão de honra, que contará com mais de 1000 pessoas.

Entre elas, apurou o PÚBLICO, estarão o ex-Presidente da República Jorge Sampaio, António Arnaut, "pai" do Serviço Nacional de Saúde, Toni, treinador de futebol, o psiquiatra Daniel Sampaio, o médico e compositor José Niza, o sociólogo Boaventura Sousa Santos, Carlos Brito, ex-dirigente do PCP, e Rui Alarcão, antigo reitor da Universidade de Coimbra. Também as bancadas do PS e do Bloco de Esquerda (BE) estarão representadas, com os deputados Vera Jardim, Mariana Aiveca e Miguel Vale de Almeida.

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Se para Alegre e Cavaco o número e a quota de notáveis nas comissões de honra parecem ser um requisito indispensável, o mesmo não se verifica nas restantes candidaturas. O PCP não tem uma comissão deste tipo, embora destaque, no site da candidatura de Francisco Lopes, os seus apoiantes mais mediáticos, como o arquitecto Siza Vieira, o historiador e professor universitário Manuel Loff, o escritor Urbano Tavares Rodrigues, o encenador e director do Teatro Municipal de Almada Joaquim Benite ou o maestro José Borges Coelho.

Fernando Nobre já tem um presidente da comissão de honra, José Marques Vidal, juiz-conselheiro e antigo director nacional da Polícia Judiciária, mas a apresentação formal dos membros ainda não tem data marcada. Ontem à tarde, a candidatura anunciou que Luís Filipe Borges, apresentador de televisão e comediante, será o mandatário para os Açores. Ao PÚBLICO, Marques Vidal justificou a decisão de apoiar Nobre por este ser "um candidato descomprometido politicamente, que apenas concorre como cidadão, numa altura em que os portugueses estão cansados dos políticos profissionais, que vivem de e para a política".

Também Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos e membro da comissão de honra da candidatura de Defensor Moura, sublinha que o candidato, também deputado do PS, "vem da cidadania e é um homem despojado de qualquer interesse político". "O espaço da social-democracia não foi preenchido por nenhum dos outros candidatos e Defensor Moura ocupa-o. É um espaço de moderação, que pode não ter muitos votos, mas é o espaço da social-democracia", acrescenta. Hoje mesmo há uma reunião da candidatura deste socialista para preparar a sua comissão de honra, da qual também fará parte o deputado socialista António Marques Júnior.

A dois meses das eleições, o último candidato a entrar na corrida é quem mais conta com apoios de notáveis, mesmo inesperados

A recandidatura de Cavaco Silva está a constituir-se como um movimento eleitoral que reúne personalidades do chamado arco democrático do poder, ou seja, que se inserem nas áreas político-partidárias que têm governado em Portugal: PS, PSD e CDS.

Este fenómeno é normal quando um Presidente se recandidata. O caso mais exemplificativo de como o exercício do poder torna atractivas personalidades políticas que, quando se apresentam pela primeira vez às urnas, até provocam clivagens são as posições tomadas pelo próprio Cavaco Silva enquanto líder do PSD.

Foi eleito presidente do partido, defendendo precisamente uma estratégia que passava pelo apoio à candidatura de Freitas do Amaral, como forma de demarcar e afastar o PSD da centrifugação que temia sofrer na coligação do Bloco Central, liderada pelo PS de Mário Soares. Mas cinco anos depois, em 1990, o PSD de Cavaco Silva apoia a recandidatura do então Presidente Mário Soares.

O consenso gerado pelo exercício do mandato leva, assim, a que Cavaco recolha apoios de personalidades que normalmente se movimentam na área do PS. Evidente neste apoio é a integração de figuras que desempenharam cargos ministeriais em governos do PS na estrutura de campanha de Cavaco. É o caso de Daniel Bessa, ex-ministro da Economia de António Guterres, que integra a comissão política de Cavaco. Mas também Luís Campos e Cunha, ex-ministro de Estado e das Finanças do primeiro Governo Sócrates. Ou José Veiga Simão na comissão de honra, que foi ministro da Defesa de Guterres depois de ter sido ministro da Educação de Marcello Caetano.

É claro que os nomes do PSD também estão presentes: na comissão de honra sobressaem Teresa Patrício Gouveia e Luís Marques Mendes, mas estes são nomes que estão inscritos na história do cavaquismo. Ou Valente de Oliveira. Menos ligados a Cavaco mas igualmente do PSD destacam-se Jorge Moreira da Silva, José Matos Correia, Paulo Mota Pinto e Sofia Galvão. O arco do poder é completado, ao nível da comissão política, pela presença de dois deputados do CDS: Assunção Cristas e Nuno Magalhães.

Alegre divulga em Dezembro

Enquanto Cavaco vai divulgando diariamente novos apoios, a candidatura de Manuel Alegre optou por outra estratégia: na primeira quinzena de Dezembro será realizado um evento, em Lisboa, para a apresentação oficial da comissão de honra, que contará com mais de 1000 pessoas.

Entre elas, apurou o PÚBLICO, estarão o ex-Presidente da República Jorge Sampaio, António Arnaut, "pai" do Serviço Nacional de Saúde, Toni, treinador de futebol, o psiquiatra Daniel Sampaio, o médico e compositor José Niza, o sociólogo Boaventura Sousa Santos, Carlos Brito, ex-dirigente do PCP, e Rui Alarcão, antigo reitor da Universidade de Coimbra. Também as bancadas do PS e do Bloco de Esquerda (BE) estarão representadas, com os deputados Vera Jardim, Mariana Aiveca e Miguel Vale de Almeida.

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Se para Alegre e Cavaco o número e a quota de notáveis nas comissões de honra parecem ser um requisito indispensável, o mesmo não se verifica nas restantes candidaturas. O PCP não tem uma comissão deste tipo, embora destaque, no site da candidatura de Francisco Lopes, os seus apoiantes mais mediáticos, como o arquitecto Siza Vieira, o historiador e professor universitário Manuel Loff, o escritor Urbano Tavares Rodrigues, o encenador e director do Teatro Municipal de Almada Joaquim Benite ou o maestro José Borges Coelho.

Fernando Nobre já tem um presidente da comissão de honra, José Marques Vidal, juiz-conselheiro e antigo director nacional da Polícia Judiciária, mas a apresentação formal dos membros ainda não tem data marcada. Ontem à tarde, a candidatura anunciou que Luís Filipe Borges, apresentador de televisão e comediante, será o mandatário para os Açores. Ao PÚBLICO, Marques Vidal justificou a decisão de apoiar Nobre por este ser "um candidato descomprometido politicamente, que apenas concorre como cidadão, numa altura em que os portugueses estão cansados dos políticos profissionais, que vivem de e para a política".

Também Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos e membro da comissão de honra da candidatura de Defensor Moura, sublinha que o candidato, também deputado do PS, "vem da cidadania e é um homem despojado de qualquer interesse político". "O espaço da social-democracia não foi preenchido por nenhum dos outros candidatos e Defensor Moura ocupa-o. É um espaço de moderação, que pode não ter muitos votos, mas é o espaço da social-democracia", acrescenta. Hoje mesmo há uma reunião da candidatura deste socialista para preparar a sua comissão de honra, da qual também fará parte o deputado socialista António Marques Júnior.

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