PS rejeita demissão de Governo pedida por Passos caso o FMI intervenha em Portugal

16-01-2011
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Vitalino Canas diz que os socialistas vão evitar uma crise política. Líder do PSD acha que ajuda externa provaria falhanço do PS

Pedro Passos Coelho, líder do PSD, defende a demissão do Governo na eventualidade de se assistir uma intervenção em Portugal do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas os socialistas estão apostados em evitar uma crise política. Porque, como referiu ao PÚBLICO o dirigente do PS Vitalino Canas, "o pior para o país é não existir estabilidade política, com ou sem a entrada do FMI".

Em entrevista ao Diário de Notícias, o presidente social-democrata esclareceu que o PSD quer uma mudança de Executivo e a realização de eleições antecipadas: "Mudar de Governo significa, primeiro, ouvir os portugueses. E só um Governo escolhido novamente pelos portugueses terá força suficiente para liderar a recuperação económica do país; não há outra alternativa", disse, considerando que a eventual intervenção do FMI traduzirá um "falhanço político grande e grave" do Governo. Palavras muito próximas das usadas por Cavaco Silva, em Dezembro, no debate com Francisco Lopes.

Contudo, o PSD entende que deverá ser o Governo de José Sócrates a dar o primeiro passo, apresentando a sua demissão. Questionado sobre se o seu partido avançará com uma moção de censura na eventualidade de o país recorrer a ajuda financeira externa, Passos responde: "Não, não." E, algumas perguntas depois, afirmou esperar que Cavaco Silva, caso seja reeleito, assuma uma posição de neutralidade: "Nós não apoiamos Cavaco Silva para ele dissolver o Parlamento e dar o Governo ao PSD."

Paulo Portas, líder do CDS-PP, comentou as declarações de Passos, ainda que de uma forma lacónica: "Constato que o CDS vai fazendo doutrina." Portas referia-se às declarações que proferiu em Novembro último, quando defendeu uma alteração governamental: "Em nenhum país democrático se pede ajuda externa de emergência ficando com o mesmo primeiro-ministro ou com a mesma fórmula de Governo. Só pede ajuda externa um país cujo Governo falhou e cuja política colapsou. Faz algum sentido receber financiamento internacional de urgência e entregar a sua gestão a quem conduziu as coisas até este ponto?"

Contudo, não é este o entendimento do PS, que, pela voz de Vitalino Canas, secretário nacional, sublinhou que, independentemente da intervenção do FMI, deve ser evitada uma crise política. Considerando a entrevista de Passos Coelho como "ambígua" - "por um lado defende a neutralidade da intervenção do PR; depois recusa apresentar uma moção de censura; e de seguida admite eleições antecipadas e a mudança do Governo" -, Vitalino frisou que o PSD "faz mal em persistir, durante meses e meses, em manter um cutelo sobre o Governo".

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Também António José Seguro lamentou ontem, no Algarve, quando questionado sobre as afirmações de Passos Coelho, a existência de "muita gente a trabalhar sobre cenários". "A minha preocupação é que os sacrifícios que se pedem aos portugueses sirvam para ajudar Portugal a ser colocado na rota do crescimento", disse.

A entrevista a Passos Coelho foi publicada um dia depois de o site da revista alemã Der Spiegel ter noticiado que a Alemanha e a França estavam a pressionar Portugal para que Sócrates pedisse a ajuda da zona euro e do FMI. Ontem à noite, no entanto, o governo alemão rejeitou qualquer pressão sobre Portugal para que o país recorra à ajuda financeira internacional, através da agência France Presse (AFP).

"Não faz parte da estratégia do governo alemão pressionar Portugal a recorrer ao fundo de emergência europeu", garantiu o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, citado num artigo a publicar hoje pelo jornal Handelsblatt. O mesmo responsável disse também que "as especulações públicas não têm qualquer fundamento". com I.R.

Vitalino Canas diz que os socialistas vão evitar uma crise política. Líder do PSD acha que ajuda externa provaria falhanço do PS

Pedro Passos Coelho, líder do PSD, defende a demissão do Governo na eventualidade de se assistir uma intervenção em Portugal do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas os socialistas estão apostados em evitar uma crise política. Porque, como referiu ao PÚBLICO o dirigente do PS Vitalino Canas, "o pior para o país é não existir estabilidade política, com ou sem a entrada do FMI".

Em entrevista ao Diário de Notícias, o presidente social-democrata esclareceu que o PSD quer uma mudança de Executivo e a realização de eleições antecipadas: "Mudar de Governo significa, primeiro, ouvir os portugueses. E só um Governo escolhido novamente pelos portugueses terá força suficiente para liderar a recuperação económica do país; não há outra alternativa", disse, considerando que a eventual intervenção do FMI traduzirá um "falhanço político grande e grave" do Governo. Palavras muito próximas das usadas por Cavaco Silva, em Dezembro, no debate com Francisco Lopes.

Contudo, o PSD entende que deverá ser o Governo de José Sócrates a dar o primeiro passo, apresentando a sua demissão. Questionado sobre se o seu partido avançará com uma moção de censura na eventualidade de o país recorrer a ajuda financeira externa, Passos responde: "Não, não." E, algumas perguntas depois, afirmou esperar que Cavaco Silva, caso seja reeleito, assuma uma posição de neutralidade: "Nós não apoiamos Cavaco Silva para ele dissolver o Parlamento e dar o Governo ao PSD."

Paulo Portas, líder do CDS-PP, comentou as declarações de Passos, ainda que de uma forma lacónica: "Constato que o CDS vai fazendo doutrina." Portas referia-se às declarações que proferiu em Novembro último, quando defendeu uma alteração governamental: "Em nenhum país democrático se pede ajuda externa de emergência ficando com o mesmo primeiro-ministro ou com a mesma fórmula de Governo. Só pede ajuda externa um país cujo Governo falhou e cuja política colapsou. Faz algum sentido receber financiamento internacional de urgência e entregar a sua gestão a quem conduziu as coisas até este ponto?"

Contudo, não é este o entendimento do PS, que, pela voz de Vitalino Canas, secretário nacional, sublinhou que, independentemente da intervenção do FMI, deve ser evitada uma crise política. Considerando a entrevista de Passos Coelho como "ambígua" - "por um lado defende a neutralidade da intervenção do PR; depois recusa apresentar uma moção de censura; e de seguida admite eleições antecipadas e a mudança do Governo" -, Vitalino frisou que o PSD "faz mal em persistir, durante meses e meses, em manter um cutelo sobre o Governo".

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Também António José Seguro lamentou ontem, no Algarve, quando questionado sobre as afirmações de Passos Coelho, a existência de "muita gente a trabalhar sobre cenários". "A minha preocupação é que os sacrifícios que se pedem aos portugueses sirvam para ajudar Portugal a ser colocado na rota do crescimento", disse.

A entrevista a Passos Coelho foi publicada um dia depois de o site da revista alemã Der Spiegel ter noticiado que a Alemanha e a França estavam a pressionar Portugal para que Sócrates pedisse a ajuda da zona euro e do FMI. Ontem à noite, no entanto, o governo alemão rejeitou qualquer pressão sobre Portugal para que o país recorra à ajuda financeira internacional, através da agência France Presse (AFP).

"Não faz parte da estratégia do governo alemão pressionar Portugal a recorrer ao fundo de emergência europeu", garantiu o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, citado num artigo a publicar hoje pelo jornal Handelsblatt. O mesmo responsável disse também que "as especulações públicas não têm qualquer fundamento". com I.R.

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