FORUM CIDADANIA: poesia de Natália

03-08-2010
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Queixa das almas jovens censuradasDão-nos um lírio e um canivetee uma alma para ir à escolamais um letreiro que prometeraízes, hastes e corolaDão-nos um mapa imaginárioque tem a forma de uma cidademais um relógio e um calendárioonde não vem a nossa idadeDão-nos a honra de manequimpara dar corda à nossa ausência.Dão-nos um prémio de ser assimsem pecado e sem inocênciaDão-nos um barco e um chapéupara tirarmos o retratoDão-nos bilhetes para o céulevado à cena num teatroPenteiam-nos os crâneos ermoscom as cabeleiras das avóspara jamais nos parecermosconnosco quando estamos sósDão-nos um bolo que é a históriada nossa historia sem enredoe não nos soa na memóriaoutra palavra que o medoTemos fantasmas tão educadosque adormecemos no seu ombrosomos vazios despovoadosde personagens de assombroDão-nos a capa do evangelhoe um pacote de tabacodão-nos um pente e um espelhopra pentearmos um macacoDão-nos um cravo preso à cabeçae uma cabeça presa à cinturapara que o corpo não pareçaa forma da alma que o procuraDão-nos um esquife feito de ferrocom embutidos de diamantepara organizar já o enterrodo nosso corpo mais adianteDão-nos um nome e um jornalum avião e um violinomas não nos dão o animalque espeta os cornos no destinoDão-nos marujos de papelãocom carimbo no passaportepor isso a nossa dimensãonão é a vida, nem é a morte(Natália Correia)


Queixa das almas jovens censuradasDão-nos um lírio e um canivetee uma alma para ir à escolamais um letreiro que prometeraízes, hastes e corolaDão-nos um mapa imaginárioque tem a forma de uma cidademais um relógio e um calendárioonde não vem a nossa idadeDão-nos a honra de manequimpara dar corda à nossa ausência.Dão-nos um prémio de ser assimsem pecado e sem inocênciaDão-nos um barco e um chapéupara tirarmos o retratoDão-nos bilhetes para o céulevado à cena num teatroPenteiam-nos os crâneos ermoscom as cabeleiras das avóspara jamais nos parecermosconnosco quando estamos sósDão-nos um bolo que é a históriada nossa historia sem enredoe não nos soa na memóriaoutra palavra que o medoTemos fantasmas tão educadosque adormecemos no seu ombrosomos vazios despovoadosde personagens de assombroDão-nos a capa do evangelhoe um pacote de tabacodão-nos um pente e um espelhopra pentearmos um macacoDão-nos um cravo preso à cabeçae uma cabeça presa à cinturapara que o corpo não pareçaa forma da alma que o procuraDão-nos um esquife feito de ferrocom embutidos de diamantepara organizar já o enterrodo nosso corpo mais adianteDão-nos um nome e um jornalum avião e um violinomas não nos dão o animalque espeta os cornos no destinoDão-nos marujos de papelãocom carimbo no passaportepor isso a nossa dimensãonão é a vida, nem é a morte(Natália Correia)

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