Loja de Ideias: People First?

19-12-2009
marcar artigo


A Europa está mais conservadora. Conserva modos de estar na vida, conserva modos de fazer política - dando espaço às forças económicas - e conserva a União Europeia. O PPE - Partido Popular Europeu – mantém a maioria, apoiado por maiorias conservadores na governação de 21 dos 27 países europeus. As esquerdas tradicionais não marxistas - Partidos Socialistas, Trabalhistas e Sociais Democratas – perdem lugares no Parlamento Europeu. Mais do que constituirem-se como força reguladora das forças económicas, estes partidos de esquerda serão, hoje, sobretudo motores para institucionalizar novos modos de estar na vida, legitimando a plena existência destes ao lado de modos tradicionais de estar na vida?O extremo direito do leque partidário – a direita da direita – estendeu-se para além das ideologias democráticas (os extremistas de direita) e foi premiado com um maior número de deputados eleitos para o Parlamento Europeu, nomeadamente pela mão de um povo educado, “tolerante”, rico e civilizado, os abertos holandeses. Chegada a um máximo de vivências plurais e de amplas liberdades, a sociedade holandesa privilegia agora outras vias? Como se houvera uma mão invisível - não económica mas social - a travar alguma tendência para situações sociais de anomia? Como se a sociedade fosse ela mesma pensante, au-delá dos pensamentos dos grupos e dos indivíduos? Esta perspectiva durkheimiana sobre o social interroga fortemente os construtivismos explicativos das transformações sociais. Os Verdes mantêm um significativo número de deputados no Parlamento Europeu. Situados no espectro esquerdo do hemiciclo europeu, poderão ter um bom efeito doseador sobre uma economia liberal se, nesta grande orquestra que é o PE, tocarem em harmonia com o PSE e outros partidos. Constituirá este quadro uma saída europeia para a crise internacional?A sê-lo, será uma saída que, por um lado, se traduzirá num filme slow-motion ainda mais lento, a ter lugar no Parlamento Europeu - porque mais variado parece ser o leque e, dentro de naipes não-maioritários, maior o número de instrumentistas - e, por outro lado, continuará a trazer, nos próximos tempos, grandes dificuldades aos estratos sociais mais frágeis dos países europeus. Deixo mais algumas interrogações: que factores levaram os europeus a preferirem o liberal (em termos económicos) Partido Popular Europeu - PPE, num momento de crise internacional que desvendou à outrance a urgência de regulação sobre o liberalismo económico (regulação que reside, tradicionalmente, nas mãos do PSE e não do PPE)? Como vai a Europa tratar do desemprego e dos desempregados, da saúde e dos doentes, da pobreza e dos pobres? A Europa optou por "People after economic solutions"? People later...Nos próximos 5 anos, as respostas a estas interrogações serão socialmente visíveis. Para já, fico a aguardar ansiosamente comentários, de cariz mais político do que este, por parte dos meus camaradas de blog e outros.


A Europa está mais conservadora. Conserva modos de estar na vida, conserva modos de fazer política - dando espaço às forças económicas - e conserva a União Europeia. O PPE - Partido Popular Europeu – mantém a maioria, apoiado por maiorias conservadores na governação de 21 dos 27 países europeus. As esquerdas tradicionais não marxistas - Partidos Socialistas, Trabalhistas e Sociais Democratas – perdem lugares no Parlamento Europeu. Mais do que constituirem-se como força reguladora das forças económicas, estes partidos de esquerda serão, hoje, sobretudo motores para institucionalizar novos modos de estar na vida, legitimando a plena existência destes ao lado de modos tradicionais de estar na vida?O extremo direito do leque partidário – a direita da direita – estendeu-se para além das ideologias democráticas (os extremistas de direita) e foi premiado com um maior número de deputados eleitos para o Parlamento Europeu, nomeadamente pela mão de um povo educado, “tolerante”, rico e civilizado, os abertos holandeses. Chegada a um máximo de vivências plurais e de amplas liberdades, a sociedade holandesa privilegia agora outras vias? Como se houvera uma mão invisível - não económica mas social - a travar alguma tendência para situações sociais de anomia? Como se a sociedade fosse ela mesma pensante, au-delá dos pensamentos dos grupos e dos indivíduos? Esta perspectiva durkheimiana sobre o social interroga fortemente os construtivismos explicativos das transformações sociais. Os Verdes mantêm um significativo número de deputados no Parlamento Europeu. Situados no espectro esquerdo do hemiciclo europeu, poderão ter um bom efeito doseador sobre uma economia liberal se, nesta grande orquestra que é o PE, tocarem em harmonia com o PSE e outros partidos. Constituirá este quadro uma saída europeia para a crise internacional?A sê-lo, será uma saída que, por um lado, se traduzirá num filme slow-motion ainda mais lento, a ter lugar no Parlamento Europeu - porque mais variado parece ser o leque e, dentro de naipes não-maioritários, maior o número de instrumentistas - e, por outro lado, continuará a trazer, nos próximos tempos, grandes dificuldades aos estratos sociais mais frágeis dos países europeus. Deixo mais algumas interrogações: que factores levaram os europeus a preferirem o liberal (em termos económicos) Partido Popular Europeu - PPE, num momento de crise internacional que desvendou à outrance a urgência de regulação sobre o liberalismo económico (regulação que reside, tradicionalmente, nas mãos do PSE e não do PPE)? Como vai a Europa tratar do desemprego e dos desempregados, da saúde e dos doentes, da pobreza e dos pobres? A Europa optou por "People after economic solutions"? People later...Nos próximos 5 anos, as respostas a estas interrogações serão socialmente visíveis. Para já, fico a aguardar ansiosamente comentários, de cariz mais político do que este, por parte dos meus camaradas de blog e outros.

marcar artigo