O meu filho Nuno acabara de fazer 10 anos e resolvi levá-lo à Feira do Livro.Foi em Maio de 1989, o tempo estava agradável e passeava-me agradávelmente de mão dada com o meu filho, parando aqui e ali entre stands de livros.De repente, ao lado do stand da editora Caminho, reparei que José Saramago estava a falar com várias pessoas e que sentado, ia autografando livros.Veio-me à memória que nunca tinha lido nenhum livro dele até ao fim, mas em contrapartida o meu marido (longe, devido à sua vida profissional de capitão da M.M.) lera tudo o que dele se publicara e o admirava muito.Um misto de saudades (pelo marido) e de admiração pelo homem que era Saramago, levou-me a comprar o seu último livro de então (História do Cerco de Lisboa) e timidamente a enfileirar-me para que o escritor o autografasse.Depois de umas palavras de simpatia que dirigiu ao Nuno e (eu) já mais à vontade, pedi-lhe que m'o autografasse (o livro), dizendo-lhe que era para enviar ao meu marido que há vários meses andava no mar, a trabalhar.Perguntou-me o nome (do marido) e prontamente escreveu " Para Manuel Filipe com a simpatia do José Saramago. Maio/89".Reconhecida, agradeci e continuei o passei com o meu filho pela Feira do Livro, donde saí com mais uns livros debaixo do braço, para o Nuno mas também para o Tiago e para o João, que tinham ficado em casa com os avós.Mal sabia eu que o próximo livro do escritor (O Evangelho segundo Jesus Cristo) que aprendi a admirar e que eu abordara, por amor, iria ser censurado pelo ministro da cultura de então.Hoje, menos tímida e já avó , recebi a notícia da sua morte física. Fiquei triste e dei comigo a pensar que o conheci...por amor.Os seus livros ficarão "sempre vivos" nas estantes cá de casa, para o Afonso e para os que mais vierem, testemuharem o grande escritor que foi José Saramago.
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O meu filho Nuno acabara de fazer 10 anos e resolvi levá-lo à Feira do Livro.Foi em Maio de 1989, o tempo estava agradável e passeava-me agradávelmente de mão dada com o meu filho, parando aqui e ali entre stands de livros.De repente, ao lado do stand da editora Caminho, reparei que José Saramago estava a falar com várias pessoas e que sentado, ia autografando livros.Veio-me à memória que nunca tinha lido nenhum livro dele até ao fim, mas em contrapartida o meu marido (longe, devido à sua vida profissional de capitão da M.M.) lera tudo o que dele se publicara e o admirava muito.Um misto de saudades (pelo marido) e de admiração pelo homem que era Saramago, levou-me a comprar o seu último livro de então (História do Cerco de Lisboa) e timidamente a enfileirar-me para que o escritor o autografasse.Depois de umas palavras de simpatia que dirigiu ao Nuno e (eu) já mais à vontade, pedi-lhe que m'o autografasse (o livro), dizendo-lhe que era para enviar ao meu marido que há vários meses andava no mar, a trabalhar.Perguntou-me o nome (do marido) e prontamente escreveu " Para Manuel Filipe com a simpatia do José Saramago. Maio/89".Reconhecida, agradeci e continuei o passei com o meu filho pela Feira do Livro, donde saí com mais uns livros debaixo do braço, para o Nuno mas também para o Tiago e para o João, que tinham ficado em casa com os avós.Mal sabia eu que o próximo livro do escritor (O Evangelho segundo Jesus Cristo) que aprendi a admirar e que eu abordara, por amor, iria ser censurado pelo ministro da cultura de então.Hoje, menos tímida e já avó , recebi a notícia da sua morte física. Fiquei triste e dei comigo a pensar que o conheci...por amor.Os seus livros ficarão "sempre vivos" nas estantes cá de casa, para o Afonso e para os que mais vierem, testemuharem o grande escritor que foi José Saramago.