Renovação tímida nas eleições para as federações distritais do PS

05-10-2010
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Combates renhidos pela liderança nas distritais do Porto, Lisboa, Coimbra, Aveiro e Setúbal

Renovação, mas pouco. Os militantes socialistas vão eleger, na próxima sexta-feira e no sábado, os líderes das 19 federações distritais, mas boa parte recandidata-se em lista única, confirmando a regra da continuidade que tem acompanhado a liderança de José Sócrates. Porto, Lisboa, Aveiro, Coimbra e Setúbal são as excepções que contam com mais de um candidato na corrida. E é para aí que todas as atenções se voltam.

Entre a continuidade e a mudança, ninguém assume que, embora timidamente, o partido olha já para o ciclo pós-Sócrates. A crise económica e a imprevisbilidade política que colocam o Governo sob a mira apertada da oposição não o consente. No Porto, a estrutura com maior número de militantes no partido, o combate é entre o deputado Renato Sampaio, que se recandidata a um terceiro mandato, e José Luís Carneiro, que preside à Câmara Municipal de Baião.

O combate interno tem sido renhido. A atestá-lo estão as 100 sessões que José Luís Carneiro garante ter já realizado com militantes do distrito, a quem promete "devolver a voz". "Temos de ter no Porto uma liderança afirmativa, que não se limite a ser uma correia de transmissão [da direcção do partido]", defende, retomando as críticas a um alegado fechamento do PS que o actual líder federativo repudia. "Em quatro anos, entraram quatro mil militantes no PS-Porto", ilustra Sampaio, contrariando as críticas com o exemplo de escolha de independentes e jovens quadros do partido nas candidaturas das últimas autárquicas. E não deixa margem para dúvidas quanto ao seu apoio ao líder. "Estou incondicionalmente ao lado de José Sócrates. Irei até ao fim da linha. Pergunto se eles [candidatura de José Luís Carneiro] estarão em condições de dizer a mesma coisa", desafia.

A surpresa de Lisboa

A maior surpresa aconteceu em Lisboa, onde Marcos Perestrello, actual secretário de Estado da Defesa e tido como próximo da ala de António Costa, número dois do PS, decidiu defrontar o presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo, que avança para um quarto mandato à frente da FAUL. Numa recente entrevista, Perestrello prometeu contar "com todos os militantes" para "abrir um novo ciclo com mais ambição, novas ideias", fazendo com que aquela estrutura se torne na mais representativa do país. Apoiantes de Perestrello acreditam que a disputa da próxima sexta-feira será renhida. Mais renhida do que inicialmente previsto, independentemente dos apoios mais numerosos de autarcas e dirigentes concelhios a Joaquim Raposo. Perestrello marca, assim, terreno para o futuro.

Já em Aveiro, o debate faz-se a três, depois de o actual líder federativo, Afonso Candal, ter decidido sair de cena. Na corrida estão Pedro Nuno Santos, ex-líder da JS e autarca em S. João da Madeira; Fernando Mendonça, actual adjunto do governador civil de Aveiro e Adriano Martins. Em Coimbra, Mário Ruivo, director do Centro Regional da Segurança Social, volta defrontar o deputado Victor Baptista, que se recandidata a um quarto mandato. "O projecto que apresentei há dois anos é cada vez mais válido na necessidade de recuperar a credibilidade do PS no distrito", adiantou ao PÚBLICO. Mais a sul, em Setúbal, Victor Ramalho avança para um terceiro mandato, tendo como opositores Luís Ferreira e Paulo Lopes. "Em vez de discussões funalizadas, estas eleições federativas deveriam ser marcadas pelo reforço do debate ideológico, sobre o projecto do futuro, sobre ideais que fizessem convergir desígnios", adverte.

A pensar na sucessão

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Nos bastidores do partido, nomes como António Costa, António José Seguro, Francisco Assis e Carlos César são a cada passo apontados como putativos sucessores do actual secretário-geral do PS. E Há quem veja nas (poucas) mexidas nas lideranças federativas um pré-posicionamento para futuros combates. Pedro Nuno Santos rejeita categoricamente essas leituras. "Não confundo processos federativos com processo nacionais. O secretário-geral deve recandidatar-se. Nos próximos dois anos não vai haver surpresas", sustenta o candidato, centrando as suas apostas no fortalecimento do partido em Aveiro e elegendo o PSD como adversário principal. O apoio a José Sócrates é "pacífico", ajuíza, por seu lado Mário Ruivo, considerando que as bases têm a clara consciência de que "o Governo tem feito o que é necessário para combater a crise".

À parte as cinco distritais onde as disputas estão acesas, as eleições federativas no PS saldam-se pela saída de dois históricos por terem atingido o limite de mandatos estabelecido nos estatutos do partido. João Azevedo, actual presidente da Câmara de Mangualde, sucederá a José Junqueiro na distrital de Viseu e, na distrital de Viana, José Maria Costa, que preside à Câmara de Viana do Castelo, sucederá a Rui Solheiro. Ambos encabeçam listas únicas.

Também em Évora, o eurodeputado Capoulas Santos regressa à liderança da federação, sucedendo a Norberto Patinha, que não se recandidatou. Tal como em Portalegre, onde Jorge Martins, presidente da Câmara de Gavião, sucede Rui Simplício, que é deputado. Miguel Freitas (Algarve), Luís Pita Ameixa (Baixo Alentejo), Joaquim Barrreto (Braga), Mota Andrade (Bragança), Joaquim Mourão (Castelo Branco), Rui Prudêncio (Região Oeste), José Albano (Guarda), João Paulo Pedrosa (Leiria), Paulo Fonseca (Santarém) e Rui Santos (Vila Real) recandidatam-se a mais um mandato de dois anos. com Nuno Simas

Combates renhidos pela liderança nas distritais do Porto, Lisboa, Coimbra, Aveiro e Setúbal

Renovação, mas pouco. Os militantes socialistas vão eleger, na próxima sexta-feira e no sábado, os líderes das 19 federações distritais, mas boa parte recandidata-se em lista única, confirmando a regra da continuidade que tem acompanhado a liderança de José Sócrates. Porto, Lisboa, Aveiro, Coimbra e Setúbal são as excepções que contam com mais de um candidato na corrida. E é para aí que todas as atenções se voltam.

Entre a continuidade e a mudança, ninguém assume que, embora timidamente, o partido olha já para o ciclo pós-Sócrates. A crise económica e a imprevisbilidade política que colocam o Governo sob a mira apertada da oposição não o consente. No Porto, a estrutura com maior número de militantes no partido, o combate é entre o deputado Renato Sampaio, que se recandidata a um terceiro mandato, e José Luís Carneiro, que preside à Câmara Municipal de Baião.

O combate interno tem sido renhido. A atestá-lo estão as 100 sessões que José Luís Carneiro garante ter já realizado com militantes do distrito, a quem promete "devolver a voz". "Temos de ter no Porto uma liderança afirmativa, que não se limite a ser uma correia de transmissão [da direcção do partido]", defende, retomando as críticas a um alegado fechamento do PS que o actual líder federativo repudia. "Em quatro anos, entraram quatro mil militantes no PS-Porto", ilustra Sampaio, contrariando as críticas com o exemplo de escolha de independentes e jovens quadros do partido nas candidaturas das últimas autárquicas. E não deixa margem para dúvidas quanto ao seu apoio ao líder. "Estou incondicionalmente ao lado de José Sócrates. Irei até ao fim da linha. Pergunto se eles [candidatura de José Luís Carneiro] estarão em condições de dizer a mesma coisa", desafia.

A surpresa de Lisboa

A maior surpresa aconteceu em Lisboa, onde Marcos Perestrello, actual secretário de Estado da Defesa e tido como próximo da ala de António Costa, número dois do PS, decidiu defrontar o presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo, que avança para um quarto mandato à frente da FAUL. Numa recente entrevista, Perestrello prometeu contar "com todos os militantes" para "abrir um novo ciclo com mais ambição, novas ideias", fazendo com que aquela estrutura se torne na mais representativa do país. Apoiantes de Perestrello acreditam que a disputa da próxima sexta-feira será renhida. Mais renhida do que inicialmente previsto, independentemente dos apoios mais numerosos de autarcas e dirigentes concelhios a Joaquim Raposo. Perestrello marca, assim, terreno para o futuro.

Já em Aveiro, o debate faz-se a três, depois de o actual líder federativo, Afonso Candal, ter decidido sair de cena. Na corrida estão Pedro Nuno Santos, ex-líder da JS e autarca em S. João da Madeira; Fernando Mendonça, actual adjunto do governador civil de Aveiro e Adriano Martins. Em Coimbra, Mário Ruivo, director do Centro Regional da Segurança Social, volta defrontar o deputado Victor Baptista, que se recandidata a um quarto mandato. "O projecto que apresentei há dois anos é cada vez mais válido na necessidade de recuperar a credibilidade do PS no distrito", adiantou ao PÚBLICO. Mais a sul, em Setúbal, Victor Ramalho avança para um terceiro mandato, tendo como opositores Luís Ferreira e Paulo Lopes. "Em vez de discussões funalizadas, estas eleições federativas deveriam ser marcadas pelo reforço do debate ideológico, sobre o projecto do futuro, sobre ideais que fizessem convergir desígnios", adverte.

A pensar na sucessão

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Nos bastidores do partido, nomes como António Costa, António José Seguro, Francisco Assis e Carlos César são a cada passo apontados como putativos sucessores do actual secretário-geral do PS. E Há quem veja nas (poucas) mexidas nas lideranças federativas um pré-posicionamento para futuros combates. Pedro Nuno Santos rejeita categoricamente essas leituras. "Não confundo processos federativos com processo nacionais. O secretário-geral deve recandidatar-se. Nos próximos dois anos não vai haver surpresas", sustenta o candidato, centrando as suas apostas no fortalecimento do partido em Aveiro e elegendo o PSD como adversário principal. O apoio a José Sócrates é "pacífico", ajuíza, por seu lado Mário Ruivo, considerando que as bases têm a clara consciência de que "o Governo tem feito o que é necessário para combater a crise".

À parte as cinco distritais onde as disputas estão acesas, as eleições federativas no PS saldam-se pela saída de dois históricos por terem atingido o limite de mandatos estabelecido nos estatutos do partido. João Azevedo, actual presidente da Câmara de Mangualde, sucederá a José Junqueiro na distrital de Viseu e, na distrital de Viana, José Maria Costa, que preside à Câmara de Viana do Castelo, sucederá a Rui Solheiro. Ambos encabeçam listas únicas.

Também em Évora, o eurodeputado Capoulas Santos regressa à liderança da federação, sucedendo a Norberto Patinha, que não se recandidatou. Tal como em Portalegre, onde Jorge Martins, presidente da Câmara de Gavião, sucede Rui Simplício, que é deputado. Miguel Freitas (Algarve), Luís Pita Ameixa (Baixo Alentejo), Joaquim Barrreto (Braga), Mota Andrade (Bragança), Joaquim Mourão (Castelo Branco), Rui Prudêncio (Região Oeste), José Albano (Guarda), João Paulo Pedrosa (Leiria), Paulo Fonseca (Santarém) e Rui Santos (Vila Real) recandidatam-se a mais um mandato de dois anos. com Nuno Simas

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