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25-01-2011
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1. O PS anda desnorteado. Sem rumo. Cresce o descontentamento no grupo parlamentar socialista: Francisco Assis tenta gerir equilíbrios, mas é cada vez mais difícil perante o desgaste do Governo e uma ala esquerda não socrática ansiosa por reassumir protagonismo. É um dado adquirido: se é verdade que José Sócrates ainda consegue manter índices de popularidade razoáveis a nível nacional, dentro do PS é cada vez menos respeitado e já há uma maioria silencioso pronta a substituí-lo. E um rosto que a lidera: António José Seguro.

2. Com efeito, o percurso de António José Seguro tem sido muito peculiar: quando José Sócrates se encontrava no auge, com uma maioria absoluta (quase) inatacável, manteve-se na sombra, remando calmamente para o mesmo lado, evitando dar entrevistas a órgãos de comunicação social. Paralelamente, António José Seguro foi desenvolvendo e incrementando a sua intervenção nas redes sociais com sucesso e impacto mediático: primeiro, no Facebook; hoje, sobretudo, no Twitter. Com uma intervenção discreta nas últimas legislativas, Seguro tem gerido as suas declarações - no timing e no conteúdo - com muito cuidado, mas construindo um caminho alternativo, criticando José Sócrates em momentos cirúrgicos. Reparem: António José Seguro sempre foi um fiel de Manuel Alegre - todavia, não surgiu com o entusiasmo e a frequência que seriam expectáveis na campanha presidencial. Porquê? Porque viu o filme antecipadamente: sabia que Manuel Alegre, na noite de domingo, seria sinónimo de desastre eleitoral. Logo, não quis ficar colado a uma derrota tremenda - até porque o PS socrático prestou apenas serviços (mais) que mínimos a Manuel Alegre.

3.Qual é o momento certo para António José Seguro se assumir como a alternativa a José Sócrates? Na minha opinião, já no próximo congresso do PS. O Governo entrou numa fase em que cairá a pique, dia após dia, semana após semana, mês após mês. Já não há dúvidas: o ocaso do Governo José Sócrates já começou. Ora, a ala esquerda está cada vez mais descontente com as medidas de austeridade que foram tomadas (e ninguém pode garantir que não se seguirão outras de conteúdo ainda mais dramático), ansiosa por romper com a atual liderança. Ora, se António José Seguro, por exemplo através da apresentação de uma moção alternativa a José Sócrates no próximo congresso, aparecer com um discurso mais fresco, mais cativante, mais apelando à alma socialista tradicional, assumir-se-á definitivamente como a alternativa natural à liderança socrática. Neste momento, é o que está em melhores condições de o fazer: o outro putativo sucessor - António Costa - está excessivamente colado a José Sócrates e tarda a ver o filme correto, ou seja, que o Governo está esgotado e já é tempo de construir um caminho alternativo para o PS, prestes a ser novamente oposição. Já Francisco Assis é líder parlamentar, tarefa que, segundo dizem vários deputados socialistas, desempenhou de forma centralizada e arrogante, o que lhe gerou anticorpos no aparelho. Em suma, António José Seguro terá uma oportunidade de ouro para se colocar na pole position na corrida à sucessão de José Sócrates no próximo congresso do partido, em fevereiro. Se, por receio ou excesso de calculismo estratégico ou tático, não a aproveitar, perderá uma oportunidade única e criará condições para que uma "mudança na continuidade" - protagonizada por António Costa ou Francisco Assis - triunfe.

4. Por último, refira-se que, para Portugal, será uma ironia do destino ter dois políticos (Passos Coelho e António José Seguro) com um perfil tão similar na liderança dos dois principais partidos: ambos formaram-se nas jotas (chegando à presidência), ambos deram prioridade à carreira política durante uma fase importante das suas vidas, ambos saíram da política para concluir a licenciatura em escolas privadas, fizeram a sua vida profissional - e retomam à política. E, curiosamente, os dois são os eternos jovens da política portuguesa. Para além de terem um relacionamento pessoal à prova de bala: pense-se, por exemplo, que Miguel Relvas, secretário-geral do PSD, é um grande amigo pessoal de António José Seguro. O país voltará, assim, a ter dois líderes partidários que mantêm relações pessoais cordiais - o que já não sucede desde Marcelo Rebelo de Sousa/António Guterres - o que propiciará o diálogo entre PSD e PS. Esta é - definitivamente - a hora de António José Seguro.

1. O PS anda desnorteado. Sem rumo. Cresce o descontentamento no grupo parlamentar socialista: Francisco Assis tenta gerir equilíbrios, mas é cada vez mais difícil perante o desgaste do Governo e uma ala esquerda não socrática ansiosa por reassumir protagonismo. É um dado adquirido: se é verdade que José Sócrates ainda consegue manter índices de popularidade razoáveis a nível nacional, dentro do PS é cada vez menos respeitado e já há uma maioria silencioso pronta a substituí-lo. E um rosto que a lidera: António José Seguro.

2. Com efeito, o percurso de António José Seguro tem sido muito peculiar: quando José Sócrates se encontrava no auge, com uma maioria absoluta (quase) inatacável, manteve-se na sombra, remando calmamente para o mesmo lado, evitando dar entrevistas a órgãos de comunicação social. Paralelamente, António José Seguro foi desenvolvendo e incrementando a sua intervenção nas redes sociais com sucesso e impacto mediático: primeiro, no Facebook; hoje, sobretudo, no Twitter. Com uma intervenção discreta nas últimas legislativas, Seguro tem gerido as suas declarações - no timing e no conteúdo - com muito cuidado, mas construindo um caminho alternativo, criticando José Sócrates em momentos cirúrgicos. Reparem: António José Seguro sempre foi um fiel de Manuel Alegre - todavia, não surgiu com o entusiasmo e a frequência que seriam expectáveis na campanha presidencial. Porquê? Porque viu o filme antecipadamente: sabia que Manuel Alegre, na noite de domingo, seria sinónimo de desastre eleitoral. Logo, não quis ficar colado a uma derrota tremenda - até porque o PS socrático prestou apenas serviços (mais) que mínimos a Manuel Alegre.

3.Qual é o momento certo para António José Seguro se assumir como a alternativa a José Sócrates? Na minha opinião, já no próximo congresso do PS. O Governo entrou numa fase em que cairá a pique, dia após dia, semana após semana, mês após mês. Já não há dúvidas: o ocaso do Governo José Sócrates já começou. Ora, a ala esquerda está cada vez mais descontente com as medidas de austeridade que foram tomadas (e ninguém pode garantir que não se seguirão outras de conteúdo ainda mais dramático), ansiosa por romper com a atual liderança. Ora, se António José Seguro, por exemplo através da apresentação de uma moção alternativa a José Sócrates no próximo congresso, aparecer com um discurso mais fresco, mais cativante, mais apelando à alma socialista tradicional, assumir-se-á definitivamente como a alternativa natural à liderança socrática. Neste momento, é o que está em melhores condições de o fazer: o outro putativo sucessor - António Costa - está excessivamente colado a José Sócrates e tarda a ver o filme correto, ou seja, que o Governo está esgotado e já é tempo de construir um caminho alternativo para o PS, prestes a ser novamente oposição. Já Francisco Assis é líder parlamentar, tarefa que, segundo dizem vários deputados socialistas, desempenhou de forma centralizada e arrogante, o que lhe gerou anticorpos no aparelho. Em suma, António José Seguro terá uma oportunidade de ouro para se colocar na pole position na corrida à sucessão de José Sócrates no próximo congresso do partido, em fevereiro. Se, por receio ou excesso de calculismo estratégico ou tático, não a aproveitar, perderá uma oportunidade única e criará condições para que uma "mudança na continuidade" - protagonizada por António Costa ou Francisco Assis - triunfe.

4. Por último, refira-se que, para Portugal, será uma ironia do destino ter dois políticos (Passos Coelho e António José Seguro) com um perfil tão similar na liderança dos dois principais partidos: ambos formaram-se nas jotas (chegando à presidência), ambos deram prioridade à carreira política durante uma fase importante das suas vidas, ambos saíram da política para concluir a licenciatura em escolas privadas, fizeram a sua vida profissional - e retomam à política. E, curiosamente, os dois são os eternos jovens da política portuguesa. Para além de terem um relacionamento pessoal à prova de bala: pense-se, por exemplo, que Miguel Relvas, secretário-geral do PSD, é um grande amigo pessoal de António José Seguro. O país voltará, assim, a ter dois líderes partidários que mantêm relações pessoais cordiais - o que já não sucede desde Marcelo Rebelo de Sousa/António Guterres - o que propiciará o diálogo entre PSD e PS. Esta é - definitivamente - a hora de António José Seguro.

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