Carvalho da Silva: "Presidente não será parte da solução do país"

12-04-2011
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Carvalho da Silva: "Presidente não será parte da solução do país, será parte do problema"

O secretário-geral da CGTP desvaloriza a intervenção do Presidente da República no processo de negociações de ajuda externa afirmando mesmo que Cavaco será "parte do problema".

Questionado à entrada do XVII Congresso do PS, em Matosinhos, sobre qual deverá ser a intervenção do Presidente da República para a solução da situação financeira do País, Carvalho da Silva diz que "o Presidente da República não será infelizmente parte da solução do futuro do país, será parte do problema, como tem sido até aqui".

Carvalho da Silva, que preside à delegação da CGTP convidada para o encerramento do congresso socialista, afirmou não ter dúvidas sobre a situação do País, que se prende com "uma burguesia instalada que se foi apoderando da riqueza que é de todos".

Ana Gomes: PS tem de assumir que "nem tudo foram rosas"

A eurodeputada socialista Ana Gomes afirmou hoje que o PS tem de reconhecer que "nem tudo foram rosas" para continuar a merecer a confiança dos portugueses e defendeu que o partido não precisa de "unanimismos", mas de "empenhamento crítico".

"Para continuar a merecer a confiança dos portugueses é preciso que o PS assuma que nem tudo foram rosas na governação e que nem sempre a rosa cheirou muito bem. O PS também cometeu erros e assumi-los será meio caminho andado para os corrigirmos", defendeu Ana Gomes, durante uma intervenção no XVII Congresso do PS, que termina hoje na Exponor, em Matosinhos.

Para a eurodeputada, a nacionalização dos "ossos" do BPN "sem nacionalizar as empresas lucrativas do grupo SLN" e o "desvio e desperdício de dinheiros do Estado em consultadorias, 'outsorcing' e corrupção em várias empresas públicas", são alguns dos erros da governação socialista.

Gama defende que PS vence quando "aponta soluções"

O presidente da Assembleia da República defendeu hoje que "o PS vence não quando se entrincheira" mas quando "propõe caminhos", defendendo que os socialistas estejam disponíveis para o "combate", mas também para o "diálogo" e o "abraço".

Jaime Gama, que recusou substituir Almeida Santos como presidente do PS e que anunciou que deixará de ser deputado na próxima legislatura, defendeu que "o PS vence não quando recua ou se entrincheira, mas quando se liberta e descongela".

O PS, defendeu, vence, "quando sobe, quando não ataca nem reage a ataques, mas propõe, aponta caminhos, aponta soluções, demonstra capacidade para contornar dificuldades para resolver problemas e para vencer".

"Essa é a dimensão da vitória, que não é o esmagamento de ninguém", afirmou.

Segundo Jaime Gama, os socialistas têm que "estar bem preparados para um combate e para um diálogo, para um luta e para uma proposta, para um slogan e para uma ideia, para um enfrentamento e para um abraço".

"E esta é a marca para um política sã, que o país exige pelas dificuldades pressentes", afirmou.

Numa altura que estão em curso as negociações do pacote de assistência financeira de Portugal, que exigem entendimento entre partidos, Gama lembrou que "segunda-feira é o primeiro dia útil de uma semana muito exigente para começar a trilhar um caminho".

Esse caminho é o da "responsabilidade, que é também o caminho da afirmação da substância da marca credível" do PS.

Jaime Gama defendeu que o PS "é chamado, uma vez mais, a conciliar a dificuldade de um período eleitoral, com a responsabilidade de ter que gerir, a bem do interesse nacional, esta fase de negociação urgente, imperativa, com a União Europeia".

Desta negociação, sublinhou o presidente da Assembleia da República "depende o futuro da capacidade imediata da realização de pagamentos pelo Estado" e "depende o futuro da capacidade imediata de financiamento das empresas pela banca".

Gama defendeu também a necessidade de o PS ter não só uma "agenda social moderna", mas ter uma agenda "para o crescimento económico, para o crescimento sustentado, para a atração de investimento, para a realização dos ajustamentos internacionais necessários ao futuro competitivo, concorrencial, dinâmico, da economia portuguesa".

O fundador do PS considerou que a crise política talvez pudesse "ter sido evitada, com outro tipo de perspetiva e de intervenientes", fazendo igualmente uma "homenagem" ao secretário-geral socialista, pela "modernidade e eficácia", considerando que "essa marca [de José Sócrates] vai sempre sobressair sobre toda e qualquer outra marca".

O histórico socialista terminou a intervenção, perante um Congresso que repetiu no fim os aplausos de pé que tinham acolhido a sua subida ao palco, com uma despedida, considerando que "a grande lição" dos socialistas é que consideram "a intervenção política" como "um serviço público".

"Todos somos e devemos ser substituíveis, não há nenhum de nós que seja insubstituível. No nosso coração, a única coisa que será sempre insubstituível é o PS", afirmou.

Pedro Silva Pereira: "Antes da crise política não houve manifestos nem apelos ao compromisso"

O dirigente socialista Pedro Silva Pereira afirmou hoje que o PS não é indiferente ao apelo do manifesto de personalidades portugueses para um entendimento político, mas lamentou que esse apelo apenas tenha surgido depois da crise política.

Pedro Silva Pereira falava no segundo dia do XVII Congresso do PS, numa referência ao manifesto subscrito por 47 personalidades nacionais para um compromisso entre os principais partidos, tendo em vista um acordo sobre o programa de ajuda externa e um Governo estável pós-eleições.

Segundo o ministro da Presidência, este "apelo faz sentido e não é indiferente ao PS", porque "o país precisa de diálogo, de entendimento entre os partidos e porque este não é tempo para irresponsabilidades".

"Mas há uma diferença que faz toda a diferença, porque o PS não se lembrou dos entendimentos agora que a ajuda externa já é inevitável. Nós lutámos por um entendimento antes, quando se tratava de um entendimento em Portugal para evitar esta ajuda externa", contrapôs, recebendo palmas.

Neste ponto, Pedro Silva Pereira lamentou depois que, antes da rejeição do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), "quando era possível evitar esta absurda crise política, quando o presidente do PSD [Pedro Passos Coelho] se declarou irredutível e recusou qualquer diálogo e negociação, nessa altura não houve manifestos, não houve grandes apelos ao compromisso e ao entendimento".

"Nessa altura só o Governo do PS é que insistiu praticamente sozinho no apelo ao bom senso e à negociação. Essa é que é a verdade", sustentou o membro do Secretariado Nacional do PS.

Neste contexto, o ministro da Presidência advertiu que os socialistas nunca aceitarão que haja a mínima confusão sobre as responsabilidades políticas pela crise política.

"Esta crise política teve custos elevadíssimos, mas há quem entenda que não interessa agora discutir responsabilidades e o que interessa é o futuro. Mas a responsabilidade pela crise política tem que merecer o julgamento dos portugueses nas próximas eleições", disse, antes de vincar que PS e PSD não são iguais.

"Não façam confusões: Não é tudo igual. O PS quis negociar e o PSD recusou e declarou-se irredutível", apontou.

Na intervenção, Pedro Silva Pereira fez depois um dualismo entre PS e PSD em termos de programa político, mas também um dualismo entre o perfil do primeiro-ministro, José Sócrates, o e líder social-democrata, Pedro Passos Coelho.

Para Silva Pereira, os portugueses terão de escolher entre uma "liderança preparada" de José Sócrates, ou um líder do PSD "inexperiente", caraterizado pelo "calculismo partidário, por avançar e recuar com ideias vagas, irrefletidas, perigosas e aventureiras".

Helena André: "Não podemos aceitar que o PSD transforme o país num centro de testes"

A socialista Helena André afirmou hoje que o PS não pode aceitar que o PSD "transforme o país num centro de testes" e responsabilizou a direita e a esquerda radical pelo "endurecimento das medidas de austeridade".

Durante uma intervenção no XVII Congresso do PS, a decorrer até domingo na Exponor, em Matosinhos, Helena André desafiou o PSD a divulgar as suas propostas para o país, sublinhando que os socialistas já o fizeram de forma clara.

"Não podemos aceitar que o PSD transforme o país num centro de testes. Hoje privatizamos uma parte da Caixa Geral de Depósitos. Amanhã já não privatizamos. Hoje privatizamos uma parte da Educação e da Saúde ou despedimos os funcionários públicos. [...] Ou promovemos os despedimentos por justa causa ou os contratos verbais", afirmou Helena André.

Augusto Santos Silva diz que compromisso nacional só se consegue sob liderança socialista

O ministro da Defesa Nacional, Augusto Santos Silva, defendeu hoje que "o eleitorado tem o direito de se manifestar sobre a irresponsabilidade dos partidos da oposição", considerando que o compromisso nacional só se consegue sob liderança socialista.

No seu discurso hoje durante o XVII congresso nacional do PS, que até domingo decorre em Matosinhos, Augusto Santos Silva afirmou que se pode "acusar várias forças políticas de serem insensíveis à necessidade de um entendimento político alargado".

"Não se pode é acusar o Partido Socialista que sempre tem feito e continuará a fazer a pedagogia, a mobilização, o apelo que os portugueses e as portuguesas se unam neste momento", disse.

Alberto Martins dramatiza ausência de alternativa à esquerda dos socialistas

Alberto Martins defendeu hoje no Congresso do PS que "não há alternativa" de governo no BE e PCP, dramatizando um apelo ao voto útil pelo "povo de esquerda" e deixou implícito que não deverá ser candidato nas próximas eleições.

"Ou é a direita ou somos nós a governar, não há alternativa", declarou Alberto Martins, referindo a necessidade de "apelar ao povo de esquerda para o voto que é necessário".

O ministro da Justiça, que foi cabeça de lista pelo Porto nas últimas eleições legislativas, dirigiu-se ao líder parlamentar socialista, Francisco Assis, que vai liderar a lista pelo distrito portuense nas legislativas.

Vieira da Silva acusa PSD de ter na austeridade "caminho" para "agenda ideológica"

O dirigente socialista e ministro da Economia, Vieira da Silva, acusou hoje o PSD de encarar a austeridade como "caminho" para uma "agenda ideológica", enquanto que para o PS é uma maneira de "preservar os pilares do Estado social".

"O PSD vê a austeridade como caminho para a sua agenda ideológica", acusou Vieira da Silva no Congresso Nacional do PS, argumentando que os socialistas entendem a austeridade como "essencial para preservar os pilares do Estado social".

Vieira da Silva afirmou que a escolha não é entre quem quer equilibrar as contas do país e quem não o quer, mas entre a forma de o fazer.

António José Seguro: "A minha disponibilidade não está indexada aos lugares que ocupo"

O socialista António José Seguro afirmou hoje que este é um momento para a "coesão e unidade" do PS, acrescentando que a sua disponibilidade para o país e para o partido "não está indexada" aos lugares que ocupa.

"Este é o momento para contribuirmos para a coesão e para a unidade do PS", afirmou António José Seguro, que depois de falar aos jornalistas, à entrada do XVII congresso do PS, ficou a cumprimentar e a abraçar militantes, acompanhado por António Galamba, o seu braço direito desde os tempos da Juventude Socialista.

Questionado se tinha sido convidado a integrar as listas do PS às eleições legislativas antecipadas de 05 de junho, Seguro recusou responder.

Carlos César: "PS não pode nem deve pensar que esteve isento de erros"

O presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, admitiu, perante os congressistas, que o PS "cometeu erros" de governação e apelou ao partido para que os "reconheça".

Num discurso a falar claramente para os descontentes com a governação socialista, o presidente do governo regional açoriano reconheceu responsabilidade admitindo que "nem tudo correu bem".

"Não há organizações que não tenham falhas. O PS, por melhor conta que tenha do seu desempenho governativo não pode nem deve pensar que esteve isento de erros. Quem não reconhece os seus erros, não distingue as suas virtudes, e quem não as distingue não pode estabelecer compromissos futuros perante os cidadãos", afirmou.

Carlos César apelou à humildade dos socialistas lembrando que o PS não é infalível: "já falhámos várias vezes, mas com a mesma certeza e com a mesma humildade, mesmo assim, nós dizemos que achamos que somos melhores que os outros e servimos melhor Portugal".

Por várias vezes falou em "responsabilidade" na situação do País, mas sempre ressalvando que se estivesse no Governo PSD ou CDS, tudo seria pior: "nós propúnhamos aumentar investimento público, eles propunham mais despesa, e exigiam sempre mais aumentos das pensões e reformas, sempre mais despesa, mais promoções nas carreiras elevadas, estiveram quase sempre contra qualquer aumento de impostos que daria mais receita, agravando assim o desequilíbrio" das contas públicas.

"Quando se instituía uma portagem rodoviária lá estavam, eles para impedir que isso fosse feito, é verdade que o Governo era do PS e que se privilegiava o investimento público e se agravavam as contas públicas, mas também é verdade que se estivesse no governo o PSD ou o CDS, estaríamos muito pior, maior seria a despesa, seria o caos absoluto".

"São desafios a que o PS deve responder. Eu entendo que o PS tenha uma agenda positiva. Não pode deixar de dizer aos portugueses que o impulso reformista tem de ter um fim, de viver melhor.

Para o cenário pós-eleições, Carlos César deixou a indicação de que o PS estará disponível para governar, mas também para estar na oposição, com "responsabilidade".

"Queremos ser melhores do que fomos. Melhores resultados que os que tivemos. Mas se não formos governo, os portugueses devem ter a certeza que na oposição seremos mais responsáveis, mais amigos de Portugal, do que o PSD foi".

Ferro Rodrigues: PS voltará ao diálogo "depois das eleições"

O ex-secretário-geral do PS Ferro Rodrigues e cabeça de lista por Lisboa defendeu que os socialistas devem manifestar disponibilidade para o diálogo depois das eleições, mas agora o tempo é de "avançar" para "a vitória".

"Depois das eleições, e de acordo com os resultados, mais uma vez deveremos manifestar uma disponibilidade para o diálogo, com sentido de Estado e pondo acima de tudo o interesse nacional, e estou certo que assim será, mas agora é tempo de avançar com determinação e coragem para a vitória", defendeu Ferro Rodrigues.

Com a "grande emoção" de voltar a um congresso socialista sete anos depois de abandonar a liderança do PS, Ferro Rodrigues dirigiu-se ao secretário-geral, José Sócrates, "com a autoridade" de quem já o criticou.

Luís Amado confiante em "bom senso" dos partidos para "plataforma"

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, manifestou hoje confiança no "bom senso de todos os atores partidários" para estabelecerem uma "plataforma" para as negociações sobre assistência financeira, apesar da "situação absurda" de terem de dialogar em "campanha eleitoral".

"Não tenho dúvida nenhuma de que haverá bom senso de todos os atores partidários para se entenderem relativamente ao método que é necessário garantir nesta fase", afirmou Luís Amado.

"Seria ainda mais irresponsável se todos não tentássemos trabalhar para arranjar uma plataforma para negociar e dialogar, independentemente de estarmos na situação absurda de termos de dialogar quando há uma campanha eleitoral em curso, quando os partidos, necessariamente, têm que afirmar as suas diferenças", defendeu Luís Amado.

Luís Amado manifestou confiança que "nos próximos dias seguramente haverá bom senso e esforço de negociação".

"Os portugueses querem que os partidos se entendam relativamente às soluções para que o país não passe por uma vergonha ainda maior do que aquela que tem neste momento, que saibam dialogar e saibam negociar", disse.

Luís Amado sublinhou que PS, PSD e CDS-PP "sempre tiveram uma plataforma comum de gestão das relações com a União Europeia, com o projeto europeu, com pequenas diferenças".

O ministro voltou a recusou comentar as declarações do Presidente da República e do ministro das Finanças.

António Vitorino: Partidos à esquerda do PS são "imprestáveis" para construção de Governo

O socialista António Vitorino afirmou hoje que os partidos à esquerda do PS são "imprestáveis" na construção de um Governo e acusou o PSD de condicionar o "diálogo democrático" ao recusar um consenso com José Sócrates.

Durante uma intervenção no XVII Congresso Nacional do PS, na Exponor, em Matosinhos, António Vitorino referiu que da escolha eleitoral de 05 de junho só há duas opções, um Governo liderado pelo PS ou um Governo liderado pelo PSD, "provavelmente" em coligação com o CDS.

"E esta escolha interpela aqueles eleitores que à esquerda podem ser tentados a fazer um voto de protesto ou um voto de descontentamento.

Mas esses eleitores terão que perguntar-se seriamente acerca do significado e do resultado de um voto em partidos que se mostram totalmente imprestáveis para a construção de uma solução de governo à esquerda, porque, como dizia Manuel Alegre, convençam-se de uma coisa: não há solução de Governo à esquerda sem o PS e muito menos contra o Partido Socialista", afirmou António Vitorino.

Depois, o antigo ministro da Defesa dirigiu críticas ao PSD, questionando quais as garantias que os sociais-democratas podem dar na resolução da crise económica e financeira: "Confusão, trapalhada e condução em zigue-zague".

"O que está em causa é saber quem está em melhores condições de conduzir esse esforço de concertação, de convergência e de procura de entendimentos alargados essenciais", afirmou.

Questionando como é possível levar "a sério" os apelos do PSD para um entendimento, Vitorino acusou os sociais-democratas de condicionarem o diálogo democrático, quando sugeriram que um consenso só seria possível sem José Sócrates como líder do PS.

"Apelam a consensos alargados, mas começam logo por dizer que com o PS só seria possível se o líder do PS não fosse José Sócrates. Esta é uma atitude inédita na democracia portuguesa. Não me recordo em 37 anos de democracia que alguma vez algum partido tenha condicionado o diálogo democrático à substituição de um líder de outro partido", criticou.

Durante a sua intervenção, António Vitorino deixou ainda outra crítica ao líder do PSD, Pedro Passos Coelho: "Que garantias de estabilidade e firmeza podem ser dadas por quem tendo sido colocado por um autarca de Vila Nova de Gaia [Luís Filipe Menezes] perante o dilema 'ou tens eleições no país ou tens eleições no partido' preferiu projetar o país para uma grave crise política".

Jacinto Serrão pede revisão de parcerias público-privadas

O líder do PS-Madeira, Jacinto Serrão, pediu hoje uma congregação de esforços dos socialistas europeus para "colocar os mercados na ordem" e defendeu a revisão das parcerias publico-privadas, arrancando aplausos ao congresso socialista com esta proposta.

"Temos que rever as parcerias público-privadas, muitas delas são ruinosas para o nosso Estado e para as empresas que os fizeram", disse Jacinto Serrão, tendo sido interrompido por aplausos.

No segundo dia do XVII Congresso Nacional do PS, que decorre até domingo, em Matosinhos, o candidato derrotado a secretário-geral dos socialistas apelou "à coragem para reunir os socialistas europeus e a internacional socialista" em torno de um mesmo objetivo: "colocar os mercados na ordem".

"Não são os trabalhadores os responsáveis pela crise, são os especuladores financeiros que estão a engordar à custa da crise", defendeu.

O líder do PS-Madeira propõe um "taxa visível sobre os bancos, as petrolíferas e as transações financeiras" e considerou que não se pode "endeusar os mercados", "agradar aos bancos, agradar às agências de 'rating', que estão ao serviço de uma oligarquia de especuladores financeiros que querem subtrair a soberania dos estados-membros".

Alegre vinca diferenças face ao PSD e avisa PCP e BE para não repetirem "erros" de 1975

O ex-candidato presidencial Manuel Alegre acentuou hoje as diferenças entre PS e PSD, acusando estes de pretenderem privatizar Portugal, e advertiu PCP e Bloco de Esquerda para que não repitam 1975, tentando "marginalizar" os socialistas.

Manuel Alegre falava perante o XVII Congresso Nacional do PS, no seu primeiro discurso após a derrota que sofreu diante de Cavaco Silva nas eleições presidenciais de janeiro.

Na sua intervenção, Alegre fez uma longa série de críticas à pressão dos mercados financeiros, à hegemonia de uma corrente neoliberal na União Europeia e à atuação política do PSD que, na sua perspetiva, conduziu à abertura de uma crise política em Portugal.

Adversário do PS é "imprevisível, inseguro, ignorante, arrogante e infantil" - Correia de Campos

O ex-ministro da Saúde, Correia de Campos, acusou hoje o PSD de ser um adversário "imprevisível, inseguro, ignorante, arrogante e infantil", que "não tem programa nem o quer mostrar", considerando que o PS pode crescer ao centro e à esquerda.

Na sua intervenção no segundo dia do XVII do congresso nacional do PS, que até domingo decorre em Matosinhos, Correia de Campos afirmou que o PS vai ter uma luta difícil porque se confronta com "um adversário que é imprevisível, inseguro, ignorante, e que também é arrogante"

"Os nossos adversários têm que ser combatidos.

Eles são também infantis mas na sua infantilidade são perigosos", criticou, recordando aquilo que aconteceu com a reprovação do PEC.

Para o ex-ministro com a pasta da saúde, os sociais democratas "já deixaram ficar mal o país uma vez" não se podendo "aceitar que deixem ficar mal o país segunda vez".

"Não têm programa nem o querem mostrar. É bem patente o que aqui está escondido: é fechar o programa a sete chaves e trazê-lo já, apenas no momento em que o debate político está mais perturbado e mais confuso", condenou.

Jaime Gama: "Não se trata de brincar à política, é uma questão que tem de ser resolvida"

Os agentes políticos vão ter de se entender, "até 15 de maio", nas negociações com as instâncias europeias para ajuda externa, considerou hoje Jaime Gama, alertando que "não se trata de brincar à política".

"Tenho a certeza de que têm de se entender. Presidente da República, governo de gestão e os partidos políticos com responsabilidades nacionais têm de se entender e têm de o fazer até 15 de maio, não se trata de brincar à política, trata-se de resolver uma questão que tem de ser resolvida", afirmou o ainda presidente da Assembleia da República, à entrada do segundo dia de trabalhos do XVII Congresso Nacional do PS, na Exponor, em Matosinhos.

Lembrando as dificuldades que existem no País em virtude da situação financeira e económica, o dirigente socialista defendeu um "elevado sentido de responsabilidade" para que até 15 de maio possa haver um acordo sobre uma proposta a entregar às instâncias europeias, para que Portugal possa ser objeto de um pacote de ajuda financeira.

"As instâncias europeias desta vez não querem seguir o que fizeram com a Irlanda, em que o governo cessante acordou umas coisas e o governo que o sucedeu quis renegociar o acordo", explicou Gama para sublinhar que no caso de Portugal tudo vai ser diferente.

"Agora são muito firmes na mensagem transmitida a Portugal, de que a negociação deve ser feita antes de eleições com o atual governo de gestão mas respaldadas as propostas pelos principais partidos da oposição; que o acordo depois será executado com o novo governo que resulta de eleições", afirmou.

Jaime Gama é muito crítico quanto ao discurso político crispado das últimas semanas, dizendo que, neste caso da ajuda externa, "é uma matéria de tal importância, de tal gravidade, que não se pode esconder por detrás de nenhuma retórica eleitoral, tem de ser realizada essa negociação com Bruxelas".

A este propósito, o histórico socialista escusou-se a comentar o discurso de José Sócrates no primeiro dia do congresso, em que dirigiu fortes críticas à liderança do PSD, esclarecendo que tem de se "distinguir aquilo que as forças políticas dizem num congresso ou numa reunião de quadros, e o que é transmitido pelos seus porta-vozes, daquilo que é a substância dos passos que devem ser dados".

Carvalho da Silva: "Presidente não será parte da solução do país, será parte do problema"

O secretário-geral da CGTP desvaloriza a intervenção do Presidente da República no processo de negociações de ajuda externa afirmando mesmo que Cavaco será "parte do problema".

Questionado à entrada do XVII Congresso do PS, em Matosinhos, sobre qual deverá ser a intervenção do Presidente da República para a solução da situação financeira do País, Carvalho da Silva diz que "o Presidente da República não será infelizmente parte da solução do futuro do país, será parte do problema, como tem sido até aqui".

Carvalho da Silva, que preside à delegação da CGTP convidada para o encerramento do congresso socialista, afirmou não ter dúvidas sobre a situação do País, que se prende com "uma burguesia instalada que se foi apoderando da riqueza que é de todos".

Ana Gomes: PS tem de assumir que "nem tudo foram rosas"

A eurodeputada socialista Ana Gomes afirmou hoje que o PS tem de reconhecer que "nem tudo foram rosas" para continuar a merecer a confiança dos portugueses e defendeu que o partido não precisa de "unanimismos", mas de "empenhamento crítico".

"Para continuar a merecer a confiança dos portugueses é preciso que o PS assuma que nem tudo foram rosas na governação e que nem sempre a rosa cheirou muito bem. O PS também cometeu erros e assumi-los será meio caminho andado para os corrigirmos", defendeu Ana Gomes, durante uma intervenção no XVII Congresso do PS, que termina hoje na Exponor, em Matosinhos.

Para a eurodeputada, a nacionalização dos "ossos" do BPN "sem nacionalizar as empresas lucrativas do grupo SLN" e o "desvio e desperdício de dinheiros do Estado em consultadorias, 'outsorcing' e corrupção em várias empresas públicas", são alguns dos erros da governação socialista.

Gama defende que PS vence quando "aponta soluções"

O presidente da Assembleia da República defendeu hoje que "o PS vence não quando se entrincheira" mas quando "propõe caminhos", defendendo que os socialistas estejam disponíveis para o "combate", mas também para o "diálogo" e o "abraço".

Jaime Gama, que recusou substituir Almeida Santos como presidente do PS e que anunciou que deixará de ser deputado na próxima legislatura, defendeu que "o PS vence não quando recua ou se entrincheira, mas quando se liberta e descongela".

O PS, defendeu, vence, "quando sobe, quando não ataca nem reage a ataques, mas propõe, aponta caminhos, aponta soluções, demonstra capacidade para contornar dificuldades para resolver problemas e para vencer".

"Essa é a dimensão da vitória, que não é o esmagamento de ninguém", afirmou.

Segundo Jaime Gama, os socialistas têm que "estar bem preparados para um combate e para um diálogo, para um luta e para uma proposta, para um slogan e para uma ideia, para um enfrentamento e para um abraço".

"E esta é a marca para um política sã, que o país exige pelas dificuldades pressentes", afirmou.

Numa altura que estão em curso as negociações do pacote de assistência financeira de Portugal, que exigem entendimento entre partidos, Gama lembrou que "segunda-feira é o primeiro dia útil de uma semana muito exigente para começar a trilhar um caminho".

Esse caminho é o da "responsabilidade, que é também o caminho da afirmação da substância da marca credível" do PS.

Jaime Gama defendeu que o PS "é chamado, uma vez mais, a conciliar a dificuldade de um período eleitoral, com a responsabilidade de ter que gerir, a bem do interesse nacional, esta fase de negociação urgente, imperativa, com a União Europeia".

Desta negociação, sublinhou o presidente da Assembleia da República "depende o futuro da capacidade imediata da realização de pagamentos pelo Estado" e "depende o futuro da capacidade imediata de financiamento das empresas pela banca".

Gama defendeu também a necessidade de o PS ter não só uma "agenda social moderna", mas ter uma agenda "para o crescimento económico, para o crescimento sustentado, para a atração de investimento, para a realização dos ajustamentos internacionais necessários ao futuro competitivo, concorrencial, dinâmico, da economia portuguesa".

O fundador do PS considerou que a crise política talvez pudesse "ter sido evitada, com outro tipo de perspetiva e de intervenientes", fazendo igualmente uma "homenagem" ao secretário-geral socialista, pela "modernidade e eficácia", considerando que "essa marca [de José Sócrates] vai sempre sobressair sobre toda e qualquer outra marca".

O histórico socialista terminou a intervenção, perante um Congresso que repetiu no fim os aplausos de pé que tinham acolhido a sua subida ao palco, com uma despedida, considerando que "a grande lição" dos socialistas é que consideram "a intervenção política" como "um serviço público".

"Todos somos e devemos ser substituíveis, não há nenhum de nós que seja insubstituível. No nosso coração, a única coisa que será sempre insubstituível é o PS", afirmou.

Pedro Silva Pereira: "Antes da crise política não houve manifestos nem apelos ao compromisso"

O dirigente socialista Pedro Silva Pereira afirmou hoje que o PS não é indiferente ao apelo do manifesto de personalidades portugueses para um entendimento político, mas lamentou que esse apelo apenas tenha surgido depois da crise política.

Pedro Silva Pereira falava no segundo dia do XVII Congresso do PS, numa referência ao manifesto subscrito por 47 personalidades nacionais para um compromisso entre os principais partidos, tendo em vista um acordo sobre o programa de ajuda externa e um Governo estável pós-eleições.

Segundo o ministro da Presidência, este "apelo faz sentido e não é indiferente ao PS", porque "o país precisa de diálogo, de entendimento entre os partidos e porque este não é tempo para irresponsabilidades".

"Mas há uma diferença que faz toda a diferença, porque o PS não se lembrou dos entendimentos agora que a ajuda externa já é inevitável. Nós lutámos por um entendimento antes, quando se tratava de um entendimento em Portugal para evitar esta ajuda externa", contrapôs, recebendo palmas.

Neste ponto, Pedro Silva Pereira lamentou depois que, antes da rejeição do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), "quando era possível evitar esta absurda crise política, quando o presidente do PSD [Pedro Passos Coelho] se declarou irredutível e recusou qualquer diálogo e negociação, nessa altura não houve manifestos, não houve grandes apelos ao compromisso e ao entendimento".

"Nessa altura só o Governo do PS é que insistiu praticamente sozinho no apelo ao bom senso e à negociação. Essa é que é a verdade", sustentou o membro do Secretariado Nacional do PS.

Neste contexto, o ministro da Presidência advertiu que os socialistas nunca aceitarão que haja a mínima confusão sobre as responsabilidades políticas pela crise política.

"Esta crise política teve custos elevadíssimos, mas há quem entenda que não interessa agora discutir responsabilidades e o que interessa é o futuro. Mas a responsabilidade pela crise política tem que merecer o julgamento dos portugueses nas próximas eleições", disse, antes de vincar que PS e PSD não são iguais.

"Não façam confusões: Não é tudo igual. O PS quis negociar e o PSD recusou e declarou-se irredutível", apontou.

Na intervenção, Pedro Silva Pereira fez depois um dualismo entre PS e PSD em termos de programa político, mas também um dualismo entre o perfil do primeiro-ministro, José Sócrates, o e líder social-democrata, Pedro Passos Coelho.

Para Silva Pereira, os portugueses terão de escolher entre uma "liderança preparada" de José Sócrates, ou um líder do PSD "inexperiente", caraterizado pelo "calculismo partidário, por avançar e recuar com ideias vagas, irrefletidas, perigosas e aventureiras".

Helena André: "Não podemos aceitar que o PSD transforme o país num centro de testes"

A socialista Helena André afirmou hoje que o PS não pode aceitar que o PSD "transforme o país num centro de testes" e responsabilizou a direita e a esquerda radical pelo "endurecimento das medidas de austeridade".

Durante uma intervenção no XVII Congresso do PS, a decorrer até domingo na Exponor, em Matosinhos, Helena André desafiou o PSD a divulgar as suas propostas para o país, sublinhando que os socialistas já o fizeram de forma clara.

"Não podemos aceitar que o PSD transforme o país num centro de testes. Hoje privatizamos uma parte da Caixa Geral de Depósitos. Amanhã já não privatizamos. Hoje privatizamos uma parte da Educação e da Saúde ou despedimos os funcionários públicos. [...] Ou promovemos os despedimentos por justa causa ou os contratos verbais", afirmou Helena André.

Augusto Santos Silva diz que compromisso nacional só se consegue sob liderança socialista

O ministro da Defesa Nacional, Augusto Santos Silva, defendeu hoje que "o eleitorado tem o direito de se manifestar sobre a irresponsabilidade dos partidos da oposição", considerando que o compromisso nacional só se consegue sob liderança socialista.

No seu discurso hoje durante o XVII congresso nacional do PS, que até domingo decorre em Matosinhos, Augusto Santos Silva afirmou que se pode "acusar várias forças políticas de serem insensíveis à necessidade de um entendimento político alargado".

"Não se pode é acusar o Partido Socialista que sempre tem feito e continuará a fazer a pedagogia, a mobilização, o apelo que os portugueses e as portuguesas se unam neste momento", disse.

Alberto Martins dramatiza ausência de alternativa à esquerda dos socialistas

Alberto Martins defendeu hoje no Congresso do PS que "não há alternativa" de governo no BE e PCP, dramatizando um apelo ao voto útil pelo "povo de esquerda" e deixou implícito que não deverá ser candidato nas próximas eleições.

"Ou é a direita ou somos nós a governar, não há alternativa", declarou Alberto Martins, referindo a necessidade de "apelar ao povo de esquerda para o voto que é necessário".

O ministro da Justiça, que foi cabeça de lista pelo Porto nas últimas eleições legislativas, dirigiu-se ao líder parlamentar socialista, Francisco Assis, que vai liderar a lista pelo distrito portuense nas legislativas.

Vieira da Silva acusa PSD de ter na austeridade "caminho" para "agenda ideológica"

O dirigente socialista e ministro da Economia, Vieira da Silva, acusou hoje o PSD de encarar a austeridade como "caminho" para uma "agenda ideológica", enquanto que para o PS é uma maneira de "preservar os pilares do Estado social".

"O PSD vê a austeridade como caminho para a sua agenda ideológica", acusou Vieira da Silva no Congresso Nacional do PS, argumentando que os socialistas entendem a austeridade como "essencial para preservar os pilares do Estado social".

Vieira da Silva afirmou que a escolha não é entre quem quer equilibrar as contas do país e quem não o quer, mas entre a forma de o fazer.

António José Seguro: "A minha disponibilidade não está indexada aos lugares que ocupo"

O socialista António José Seguro afirmou hoje que este é um momento para a "coesão e unidade" do PS, acrescentando que a sua disponibilidade para o país e para o partido "não está indexada" aos lugares que ocupa.

"Este é o momento para contribuirmos para a coesão e para a unidade do PS", afirmou António José Seguro, que depois de falar aos jornalistas, à entrada do XVII congresso do PS, ficou a cumprimentar e a abraçar militantes, acompanhado por António Galamba, o seu braço direito desde os tempos da Juventude Socialista.

Questionado se tinha sido convidado a integrar as listas do PS às eleições legislativas antecipadas de 05 de junho, Seguro recusou responder.

Carlos César: "PS não pode nem deve pensar que esteve isento de erros"

O presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, admitiu, perante os congressistas, que o PS "cometeu erros" de governação e apelou ao partido para que os "reconheça".

Num discurso a falar claramente para os descontentes com a governação socialista, o presidente do governo regional açoriano reconheceu responsabilidade admitindo que "nem tudo correu bem".

"Não há organizações que não tenham falhas. O PS, por melhor conta que tenha do seu desempenho governativo não pode nem deve pensar que esteve isento de erros. Quem não reconhece os seus erros, não distingue as suas virtudes, e quem não as distingue não pode estabelecer compromissos futuros perante os cidadãos", afirmou.

Carlos César apelou à humildade dos socialistas lembrando que o PS não é infalível: "já falhámos várias vezes, mas com a mesma certeza e com a mesma humildade, mesmo assim, nós dizemos que achamos que somos melhores que os outros e servimos melhor Portugal".

Por várias vezes falou em "responsabilidade" na situação do País, mas sempre ressalvando que se estivesse no Governo PSD ou CDS, tudo seria pior: "nós propúnhamos aumentar investimento público, eles propunham mais despesa, e exigiam sempre mais aumentos das pensões e reformas, sempre mais despesa, mais promoções nas carreiras elevadas, estiveram quase sempre contra qualquer aumento de impostos que daria mais receita, agravando assim o desequilíbrio" das contas públicas.

"Quando se instituía uma portagem rodoviária lá estavam, eles para impedir que isso fosse feito, é verdade que o Governo era do PS e que se privilegiava o investimento público e se agravavam as contas públicas, mas também é verdade que se estivesse no governo o PSD ou o CDS, estaríamos muito pior, maior seria a despesa, seria o caos absoluto".

"São desafios a que o PS deve responder. Eu entendo que o PS tenha uma agenda positiva. Não pode deixar de dizer aos portugueses que o impulso reformista tem de ter um fim, de viver melhor.

Para o cenário pós-eleições, Carlos César deixou a indicação de que o PS estará disponível para governar, mas também para estar na oposição, com "responsabilidade".

"Queremos ser melhores do que fomos. Melhores resultados que os que tivemos. Mas se não formos governo, os portugueses devem ter a certeza que na oposição seremos mais responsáveis, mais amigos de Portugal, do que o PSD foi".

Ferro Rodrigues: PS voltará ao diálogo "depois das eleições"

O ex-secretário-geral do PS Ferro Rodrigues e cabeça de lista por Lisboa defendeu que os socialistas devem manifestar disponibilidade para o diálogo depois das eleições, mas agora o tempo é de "avançar" para "a vitória".

"Depois das eleições, e de acordo com os resultados, mais uma vez deveremos manifestar uma disponibilidade para o diálogo, com sentido de Estado e pondo acima de tudo o interesse nacional, e estou certo que assim será, mas agora é tempo de avançar com determinação e coragem para a vitória", defendeu Ferro Rodrigues.

Com a "grande emoção" de voltar a um congresso socialista sete anos depois de abandonar a liderança do PS, Ferro Rodrigues dirigiu-se ao secretário-geral, José Sócrates, "com a autoridade" de quem já o criticou.

Luís Amado confiante em "bom senso" dos partidos para "plataforma"

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, manifestou hoje confiança no "bom senso de todos os atores partidários" para estabelecerem uma "plataforma" para as negociações sobre assistência financeira, apesar da "situação absurda" de terem de dialogar em "campanha eleitoral".

"Não tenho dúvida nenhuma de que haverá bom senso de todos os atores partidários para se entenderem relativamente ao método que é necessário garantir nesta fase", afirmou Luís Amado.

"Seria ainda mais irresponsável se todos não tentássemos trabalhar para arranjar uma plataforma para negociar e dialogar, independentemente de estarmos na situação absurda de termos de dialogar quando há uma campanha eleitoral em curso, quando os partidos, necessariamente, têm que afirmar as suas diferenças", defendeu Luís Amado.

Luís Amado manifestou confiança que "nos próximos dias seguramente haverá bom senso e esforço de negociação".

"Os portugueses querem que os partidos se entendam relativamente às soluções para que o país não passe por uma vergonha ainda maior do que aquela que tem neste momento, que saibam dialogar e saibam negociar", disse.

Luís Amado sublinhou que PS, PSD e CDS-PP "sempre tiveram uma plataforma comum de gestão das relações com a União Europeia, com o projeto europeu, com pequenas diferenças".

O ministro voltou a recusou comentar as declarações do Presidente da República e do ministro das Finanças.

António Vitorino: Partidos à esquerda do PS são "imprestáveis" para construção de Governo

O socialista António Vitorino afirmou hoje que os partidos à esquerda do PS são "imprestáveis" na construção de um Governo e acusou o PSD de condicionar o "diálogo democrático" ao recusar um consenso com José Sócrates.

Durante uma intervenção no XVII Congresso Nacional do PS, na Exponor, em Matosinhos, António Vitorino referiu que da escolha eleitoral de 05 de junho só há duas opções, um Governo liderado pelo PS ou um Governo liderado pelo PSD, "provavelmente" em coligação com o CDS.

"E esta escolha interpela aqueles eleitores que à esquerda podem ser tentados a fazer um voto de protesto ou um voto de descontentamento.

Mas esses eleitores terão que perguntar-se seriamente acerca do significado e do resultado de um voto em partidos que se mostram totalmente imprestáveis para a construção de uma solução de governo à esquerda, porque, como dizia Manuel Alegre, convençam-se de uma coisa: não há solução de Governo à esquerda sem o PS e muito menos contra o Partido Socialista", afirmou António Vitorino.

Depois, o antigo ministro da Defesa dirigiu críticas ao PSD, questionando quais as garantias que os sociais-democratas podem dar na resolução da crise económica e financeira: "Confusão, trapalhada e condução em zigue-zague".

"O que está em causa é saber quem está em melhores condições de conduzir esse esforço de concertação, de convergência e de procura de entendimentos alargados essenciais", afirmou.

Questionando como é possível levar "a sério" os apelos do PSD para um entendimento, Vitorino acusou os sociais-democratas de condicionarem o diálogo democrático, quando sugeriram que um consenso só seria possível sem José Sócrates como líder do PS.

"Apelam a consensos alargados, mas começam logo por dizer que com o PS só seria possível se o líder do PS não fosse José Sócrates. Esta é uma atitude inédita na democracia portuguesa. Não me recordo em 37 anos de democracia que alguma vez algum partido tenha condicionado o diálogo democrático à substituição de um líder de outro partido", criticou.

Durante a sua intervenção, António Vitorino deixou ainda outra crítica ao líder do PSD, Pedro Passos Coelho: "Que garantias de estabilidade e firmeza podem ser dadas por quem tendo sido colocado por um autarca de Vila Nova de Gaia [Luís Filipe Menezes] perante o dilema 'ou tens eleições no país ou tens eleições no partido' preferiu projetar o país para uma grave crise política".

Jacinto Serrão pede revisão de parcerias público-privadas

O líder do PS-Madeira, Jacinto Serrão, pediu hoje uma congregação de esforços dos socialistas europeus para "colocar os mercados na ordem" e defendeu a revisão das parcerias publico-privadas, arrancando aplausos ao congresso socialista com esta proposta.

"Temos que rever as parcerias público-privadas, muitas delas são ruinosas para o nosso Estado e para as empresas que os fizeram", disse Jacinto Serrão, tendo sido interrompido por aplausos.

No segundo dia do XVII Congresso Nacional do PS, que decorre até domingo, em Matosinhos, o candidato derrotado a secretário-geral dos socialistas apelou "à coragem para reunir os socialistas europeus e a internacional socialista" em torno de um mesmo objetivo: "colocar os mercados na ordem".

"Não são os trabalhadores os responsáveis pela crise, são os especuladores financeiros que estão a engordar à custa da crise", defendeu.

O líder do PS-Madeira propõe um "taxa visível sobre os bancos, as petrolíferas e as transações financeiras" e considerou que não se pode "endeusar os mercados", "agradar aos bancos, agradar às agências de 'rating', que estão ao serviço de uma oligarquia de especuladores financeiros que querem subtrair a soberania dos estados-membros".

Alegre vinca diferenças face ao PSD e avisa PCP e BE para não repetirem "erros" de 1975

O ex-candidato presidencial Manuel Alegre acentuou hoje as diferenças entre PS e PSD, acusando estes de pretenderem privatizar Portugal, e advertiu PCP e Bloco de Esquerda para que não repitam 1975, tentando "marginalizar" os socialistas.

Manuel Alegre falava perante o XVII Congresso Nacional do PS, no seu primeiro discurso após a derrota que sofreu diante de Cavaco Silva nas eleições presidenciais de janeiro.

Na sua intervenção, Alegre fez uma longa série de críticas à pressão dos mercados financeiros, à hegemonia de uma corrente neoliberal na União Europeia e à atuação política do PSD que, na sua perspetiva, conduziu à abertura de uma crise política em Portugal.

Adversário do PS é "imprevisível, inseguro, ignorante, arrogante e infantil" - Correia de Campos

O ex-ministro da Saúde, Correia de Campos, acusou hoje o PSD de ser um adversário "imprevisível, inseguro, ignorante, arrogante e infantil", que "não tem programa nem o quer mostrar", considerando que o PS pode crescer ao centro e à esquerda.

Na sua intervenção no segundo dia do XVII do congresso nacional do PS, que até domingo decorre em Matosinhos, Correia de Campos afirmou que o PS vai ter uma luta difícil porque se confronta com "um adversário que é imprevisível, inseguro, ignorante, e que também é arrogante"

"Os nossos adversários têm que ser combatidos.

Eles são também infantis mas na sua infantilidade são perigosos", criticou, recordando aquilo que aconteceu com a reprovação do PEC.

Para o ex-ministro com a pasta da saúde, os sociais democratas "já deixaram ficar mal o país uma vez" não se podendo "aceitar que deixem ficar mal o país segunda vez".

"Não têm programa nem o querem mostrar. É bem patente o que aqui está escondido: é fechar o programa a sete chaves e trazê-lo já, apenas no momento em que o debate político está mais perturbado e mais confuso", condenou.

Jaime Gama: "Não se trata de brincar à política, é uma questão que tem de ser resolvida"

Os agentes políticos vão ter de se entender, "até 15 de maio", nas negociações com as instâncias europeias para ajuda externa, considerou hoje Jaime Gama, alertando que "não se trata de brincar à política".

"Tenho a certeza de que têm de se entender. Presidente da República, governo de gestão e os partidos políticos com responsabilidades nacionais têm de se entender e têm de o fazer até 15 de maio, não se trata de brincar à política, trata-se de resolver uma questão que tem de ser resolvida", afirmou o ainda presidente da Assembleia da República, à entrada do segundo dia de trabalhos do XVII Congresso Nacional do PS, na Exponor, em Matosinhos.

Lembrando as dificuldades que existem no País em virtude da situação financeira e económica, o dirigente socialista defendeu um "elevado sentido de responsabilidade" para que até 15 de maio possa haver um acordo sobre uma proposta a entregar às instâncias europeias, para que Portugal possa ser objeto de um pacote de ajuda financeira.

"As instâncias europeias desta vez não querem seguir o que fizeram com a Irlanda, em que o governo cessante acordou umas coisas e o governo que o sucedeu quis renegociar o acordo", explicou Gama para sublinhar que no caso de Portugal tudo vai ser diferente.

"Agora são muito firmes na mensagem transmitida a Portugal, de que a negociação deve ser feita antes de eleições com o atual governo de gestão mas respaldadas as propostas pelos principais partidos da oposição; que o acordo depois será executado com o novo governo que resulta de eleições", afirmou.

Jaime Gama é muito crítico quanto ao discurso político crispado das últimas semanas, dizendo que, neste caso da ajuda externa, "é uma matéria de tal importância, de tal gravidade, que não se pode esconder por detrás de nenhuma retórica eleitoral, tem de ser realizada essa negociação com Bruxelas".

A este propósito, o histórico socialista escusou-se a comentar o discurso de José Sócrates no primeiro dia do congresso, em que dirigiu fortes críticas à liderança do PSD, esclarecendo que tem de se "distinguir aquilo que as forças políticas dizem num congresso ou numa reunião de quadros, e o que é transmitido pelos seus porta-vozes, daquilo que é a substância dos passos que devem ser dados".

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