o tempo das cerejas*: A arte de desconversar

23-01-2011
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Em resposta ao meu «post» anterior, Tomás Vasques resolveu debitar uma ladaínha típica do que eu chamaria «a suprema arte de desconversar» e que costuma ter como característica principal o falar de muita coisa mas apenas como técnica essencial para fugir aos quesitos que são realmente levantados.Recapitulando, os antecedentes são apenas que Tomás Vasques resolveu desvalorizar e amesquinhar a manifestação promovida pela CGTP, escrevendo que ela traduzia afinal uma fraca capacidade de mobilização do PCP pois os manifestantes representariam apenas 1/4 dos eleitores fiéis do PCP. E eu limitei-me a aceitar este sensacional e inovador critério político e matemático e, na base dele, opinei que, não tendo em dois anos o PS ( eu escrevi o PS, não escrevi o Governo, Tomás Vasques!) promovido qualquer manifestação de apoio à política do seu Governo, isso significava que a capacidade de mobilização do PS estava a zero, pois não tinha levado a nenhuma manifestação com essa finalidade nem um dos 2,5 milhões de eleitores que nele votaram em 20.2.2005.Face a isto, que deveria ser o real terreno de debate, Tomás Vasques preferiu antes usar duas linhas fundamentais de viciada argumentação e diversão :- a primeira consistiu em trazer sobretudo à colação velhas e repetidas deturpações sobre as concepções do PCP, atribuir-me a defesa de regimes de partido único, meter a Venezuela ao barulho e associar-me, de forma totalmente abusiva, a afirmações de um meu camarada feitas num contexto e num espaço de opinião que evidentemente só o responsabilizam a ele próprio, e não deixando T.V. ainda de insinuar caluniosamente que manifestações como a de dia 2 estão ligadas aos propósitos dos que «querem apenas criar condições para debilitar os regimes democráticos porque gostam mais de regimes de partido único».- a segunda foi enunciar uma tese de cuja pobreza em termos democráticos nem se deu conta; com efeito, veio Tomás Vasques salientar que «quanto às manifestações de apoio ao Governo, com centenas de autocarros pagos, acabaram com o 25 de Abril. E é aí que reside uma importante diferença entre duas concepções do mundo: os governos eleitos democraticamente aguardam serenamente pelo julgamento eleitoral. Não se legitimam com manisfestações, mas com eleições»; ora, repetindo que nunca falei em manifestações de apoio ao Governo promovidas pelo próprio Governo mas sim pelo PS, cumpre-me sublinhar que, por esta via, o que Tomás Vasques nos vem dizer é que, na sua concepção de democracia, vota-se de quatro em quatro anos e pronto, como se não fosse inteiramente legítimo e até saudável, dentro de uma concepção mais rica de democracia, que o partido do Governo tivesse o direito ou recorressse à iniciativa de organizar manifestações de apoio ao Governo, sobretudo num contexto em que, consabidamente, há manifestações contra a política do seu Governo.Dito isto, esclareço que a minha insistência neste ponto foi provocada pela «contabilidade» inicial de Tomás Vasques e que não tenho a menor dúvida de que no país, ainda assim, haverá muitos apoiantes do Governo do PS e da sua política (e até em áreas do PSD e do CDS/PP). O que verdadeiramente acontece, e era isso que teria sido mais sério Tomás Vasques reconhecer, é que ninguém no PS têm a suficiente garantia de que esses apoiantes (possivelmente mais passivos e resignados do que activos e entusiasmados) respondessem positiva e mobilizadamente a um apelo para uma manifestação de apoio ao Governo do PS e de José Sócrates.


Em resposta ao meu «post» anterior, Tomás Vasques resolveu debitar uma ladaínha típica do que eu chamaria «a suprema arte de desconversar» e que costuma ter como característica principal o falar de muita coisa mas apenas como técnica essencial para fugir aos quesitos que são realmente levantados.Recapitulando, os antecedentes são apenas que Tomás Vasques resolveu desvalorizar e amesquinhar a manifestação promovida pela CGTP, escrevendo que ela traduzia afinal uma fraca capacidade de mobilização do PCP pois os manifestantes representariam apenas 1/4 dos eleitores fiéis do PCP. E eu limitei-me a aceitar este sensacional e inovador critério político e matemático e, na base dele, opinei que, não tendo em dois anos o PS ( eu escrevi o PS, não escrevi o Governo, Tomás Vasques!) promovido qualquer manifestação de apoio à política do seu Governo, isso significava que a capacidade de mobilização do PS estava a zero, pois não tinha levado a nenhuma manifestação com essa finalidade nem um dos 2,5 milhões de eleitores que nele votaram em 20.2.2005.Face a isto, que deveria ser o real terreno de debate, Tomás Vasques preferiu antes usar duas linhas fundamentais de viciada argumentação e diversão :- a primeira consistiu em trazer sobretudo à colação velhas e repetidas deturpações sobre as concepções do PCP, atribuir-me a defesa de regimes de partido único, meter a Venezuela ao barulho e associar-me, de forma totalmente abusiva, a afirmações de um meu camarada feitas num contexto e num espaço de opinião que evidentemente só o responsabilizam a ele próprio, e não deixando T.V. ainda de insinuar caluniosamente que manifestações como a de dia 2 estão ligadas aos propósitos dos que «querem apenas criar condições para debilitar os regimes democráticos porque gostam mais de regimes de partido único».- a segunda foi enunciar uma tese de cuja pobreza em termos democráticos nem se deu conta; com efeito, veio Tomás Vasques salientar que «quanto às manifestações de apoio ao Governo, com centenas de autocarros pagos, acabaram com o 25 de Abril. E é aí que reside uma importante diferença entre duas concepções do mundo: os governos eleitos democraticamente aguardam serenamente pelo julgamento eleitoral. Não se legitimam com manisfestações, mas com eleições»; ora, repetindo que nunca falei em manifestações de apoio ao Governo promovidas pelo próprio Governo mas sim pelo PS, cumpre-me sublinhar que, por esta via, o que Tomás Vasques nos vem dizer é que, na sua concepção de democracia, vota-se de quatro em quatro anos e pronto, como se não fosse inteiramente legítimo e até saudável, dentro de uma concepção mais rica de democracia, que o partido do Governo tivesse o direito ou recorressse à iniciativa de organizar manifestações de apoio ao Governo, sobretudo num contexto em que, consabidamente, há manifestações contra a política do seu Governo.Dito isto, esclareço que a minha insistência neste ponto foi provocada pela «contabilidade» inicial de Tomás Vasques e que não tenho a menor dúvida de que no país, ainda assim, haverá muitos apoiantes do Governo do PS e da sua política (e até em áreas do PSD e do CDS/PP). O que verdadeiramente acontece, e era isso que teria sido mais sério Tomás Vasques reconhecer, é que ninguém no PS têm a suficiente garantia de que esses apoiantes (possivelmente mais passivos e resignados do que activos e entusiasmados) respondessem positiva e mobilizadamente a um apelo para uma manifestação de apoio ao Governo do PS e de José Sócrates.

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