Assertivo

18-12-2009
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PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS, R. I. P.
O PCP morreu hoje. Já estava gravemente doente, mas foi incapaz de se aperceber da extensão da sua doença. Recusou-se a aceitar os males que o anquilosavam, vivendo numa ilusão de pujança que já não existia. Recusou obstinadamente as curas que estavam ao seu alcance, e deixou-se definhar sem nada fazer para o contrariar. E agora, em lugar de se medicar, tomou uma porção de veneno!
O veneno chama-se Jerónimo de Sousa. O homem é monolítico, tem dificuldades evidentes de comunicação – chegando a causar a sensação de possuir limitações culturais extremamente severas – e a sua imagem é péssima. O PCP não deu um «tiro no pé» – deu um tiro na cabeça! Tinha uma lista infindável de possíveis secretários gerais (Octávio Teixeira, António Filipe, Carvalho da Silva, Rui Sá, entre muitos outros), que dariam líderes excelentes, mas o Comité Central escolheu a pior opção possível. Aparentemente, o PCP quer ser um partido de operários – num país onde a indústria está a desaparecer! Como se explica este paradoxo? O PCP recusou-se a compreender que precisa de ser um partido dinâmico, agitador e subversivo (dentro dos limites democráticos, naturalmente), e assim abriu caminho ao crescimento do Bloco de Esquerda; ancorado em posições monolíticas e ultrapassadas, deixou-se ultrapassar pela dinâmica da sociedade e perdeu protagonismo nas lutas sociais. Todos nós repudiamos uma política feita com base numa personalidade e na sua imagem – mas o PCP foi demasiado longe nesse repúdio, e tornou-se num partido cinzento, tristonho, envelhecido e apagado. O Comité Central não soube ler os anseios das bases, recusou o debate interno e pôs de lado alguns dos seus melhores elementos. Podia ter-se refrescado sem renegar a sua identidade, mas optou por se deixar estagnar – como o doente que se recusa a aceitar a doença e rejeita assistência médica.
Ao optar por Jerónimo de Sousa para secretário Geral, o Comité Central do PCP fez um favor a todos aqueles que não mereciam favores:
a) à direita, em primeiro lugar. Porque o lugar que o PCP devia ocupar vai ser tomado pelos aventureiros histriónicos do Bloco de Esquerda, que vai fazer tábua rasa do património de credibilidade e seriedade que o PCP erigiu ao longo da sua existência. O PCP era um partido mobilizador, que a direita temia – e agora vai tornar-se num fóssil!
b) E ao Bloco de Esquerda, naturalmente, que vai assumir-se como a força da esquerda «militante».
c) E, por fim, ao PS – porque aqueles comunistas que não se revêem no PCP de Jerónimo nem na demagogia do Bloco vão votar PS.
E quem perde? Perdemos todos! Porque o PCP de Cunhal e de Carvalhas era um partido inteligente, que todos respeitavam. Agora é um cadáver político que ainda ninguém se lembrou de enterrar. O discurso de Carvalhas no XVII congresso do PCP mais pareceu um elogio fúnebre. E não foi por acaso...

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS, R. I. P.
O PCP morreu hoje. Já estava gravemente doente, mas foi incapaz de se aperceber da extensão da sua doença. Recusou-se a aceitar os males que o anquilosavam, vivendo numa ilusão de pujança que já não existia. Recusou obstinadamente as curas que estavam ao seu alcance, e deixou-se definhar sem nada fazer para o contrariar. E agora, em lugar de se medicar, tomou uma porção de veneno!
O veneno chama-se Jerónimo de Sousa. O homem é monolítico, tem dificuldades evidentes de comunicação – chegando a causar a sensação de possuir limitações culturais extremamente severas – e a sua imagem é péssima. O PCP não deu um «tiro no pé» – deu um tiro na cabeça! Tinha uma lista infindável de possíveis secretários gerais (Octávio Teixeira, António Filipe, Carvalho da Silva, Rui Sá, entre muitos outros), que dariam líderes excelentes, mas o Comité Central escolheu a pior opção possível. Aparentemente, o PCP quer ser um partido de operários – num país onde a indústria está a desaparecer! Como se explica este paradoxo? O PCP recusou-se a compreender que precisa de ser um partido dinâmico, agitador e subversivo (dentro dos limites democráticos, naturalmente), e assim abriu caminho ao crescimento do Bloco de Esquerda; ancorado em posições monolíticas e ultrapassadas, deixou-se ultrapassar pela dinâmica da sociedade e perdeu protagonismo nas lutas sociais. Todos nós repudiamos uma política feita com base numa personalidade e na sua imagem – mas o PCP foi demasiado longe nesse repúdio, e tornou-se num partido cinzento, tristonho, envelhecido e apagado. O Comité Central não soube ler os anseios das bases, recusou o debate interno e pôs de lado alguns dos seus melhores elementos. Podia ter-se refrescado sem renegar a sua identidade, mas optou por se deixar estagnar – como o doente que se recusa a aceitar a doença e rejeita assistência médica.
Ao optar por Jerónimo de Sousa para secretário Geral, o Comité Central do PCP fez um favor a todos aqueles que não mereciam favores:
a) à direita, em primeiro lugar. Porque o lugar que o PCP devia ocupar vai ser tomado pelos aventureiros histriónicos do Bloco de Esquerda, que vai fazer tábua rasa do património de credibilidade e seriedade que o PCP erigiu ao longo da sua existência. O PCP era um partido mobilizador, que a direita temia – e agora vai tornar-se num fóssil!
b) E ao Bloco de Esquerda, naturalmente, que vai assumir-se como a força da esquerda «militante».
c) E, por fim, ao PS – porque aqueles comunistas que não se revêem no PCP de Jerónimo nem na demagogia do Bloco vão votar PS.
E quem perde? Perdemos todos! Porque o PCP de Cunhal e de Carvalhas era um partido inteligente, que todos respeitavam. Agora é um cadáver político que ainda ninguém se lembrou de enterrar. O discurso de Carvalhas no XVII congresso do PCP mais pareceu um elogio fúnebre. E não foi por acaso...

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