nonas: Centenário de António Lopes Ribeiro

04-08-2010
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Faria hoje cem anos de vida um Senhor da Cultura Portuguesa, de seu nome António Filipe Lopes Ribeiro.Sobre a sua vida e obra é de consulta obrigatória o texto da autoria de João Marchante, na Alameda Digital: "Preparando um centenário" bem como este surpreendente texto publicado pelo Centro de Língua Portuguesa/Instituto Camões na Universidade de Hamburgo, na Alemanha e não esquecendo os textos de Lopes Ribeiro, o Senhor Cinema assinado por Eurico de Barros bem como o de Ana Vitória intitulado "António Lopes Ribeiro nasceu há cem anos".Fez parte de uma lista de candidatos Independentes de Direita integrados na lista do PDC às eleições intercalares de 3 de Dezembro de 1979, onde concorreu como o n.º 3 da lista de Leiria.Dessa célebre lista de Independentes de Direita constavam: Manuel Maria Múrias (1.º na lista de Lisboa), Gilberto Santos e Castro (1.º na lista de Leiria), Fernando Jasmins Pereira (2.º da lista de Leiria), António Manuel Couto Viana e Maria Valentina da Silveira Machado (1.º e 2.º da lista de Viana de Castelo), da qual obtiveram uma votação de 70 mil votos.Foi também candidato por Lisboa da coligação PDC-MIRN-FN que concorrou às eleições legislativas de 5 de Outubro de 1980 e cujo resultado viria a significar o desmembramento de toda a Direita nacionalista graças à vitória da AD, já que a direita inteligente, abrangente, evoluída, a tal direita direitinha votou na coligação democrática convencida que ao dar a vitória à AD acabaria com o PS em Portugal. Trágicas ingenuidades...Pela minha parte, deixo aqui este seu poema sobre a "descolonização exemplar".REQUIEM NOS CAIS DE LISBOADesde Belém ao Beato,Descarregados de botes,Empilham-se ao desbaratoMuitos milhares de caixotes.Numa larga, extensa linha,Ocupam lados e centroDo cais; mas não se adivinhaO que contêm lá dentro.— O que será? — pergunteiA dois ou três empregados.Respondeu um: — P`lo que sei,É tudo dos retornados.Exclamei: - Senhor! Senhor!(E comecei aos pinotes)Tanta coisa de valorMetida à força em caixotes!Onde estão, que descaminhoLevaram (sabe-se lá!)As estátuas de MouzinhoE de Correia de Sá?Quantas camas, quanto berçoTransformado num caixão?E não há quem reze o terço,Quem murmure uma oração?...Desceu a noite. No escuro,Perguntei, sem ver mais nada:— E qual será o futuroDessa gente atraiçoada?...Sem consultar um oráculo,Eu contemplei, indignado,O pavoroso espectáculoDum império encaixotado.António Lopes RibeiroIn «Resistência», n.º 128, 15.06.1976, pág. 6.

Faria hoje cem anos de vida um Senhor da Cultura Portuguesa, de seu nome António Filipe Lopes Ribeiro.Sobre a sua vida e obra é de consulta obrigatória o texto da autoria de João Marchante, na Alameda Digital: "Preparando um centenário" bem como este surpreendente texto publicado pelo Centro de Língua Portuguesa/Instituto Camões na Universidade de Hamburgo, na Alemanha e não esquecendo os textos de Lopes Ribeiro, o Senhor Cinema assinado por Eurico de Barros bem como o de Ana Vitória intitulado "António Lopes Ribeiro nasceu há cem anos".Fez parte de uma lista de candidatos Independentes de Direita integrados na lista do PDC às eleições intercalares de 3 de Dezembro de 1979, onde concorreu como o n.º 3 da lista de Leiria.Dessa célebre lista de Independentes de Direita constavam: Manuel Maria Múrias (1.º na lista de Lisboa), Gilberto Santos e Castro (1.º na lista de Leiria), Fernando Jasmins Pereira (2.º da lista de Leiria), António Manuel Couto Viana e Maria Valentina da Silveira Machado (1.º e 2.º da lista de Viana de Castelo), da qual obtiveram uma votação de 70 mil votos.Foi também candidato por Lisboa da coligação PDC-MIRN-FN que concorrou às eleições legislativas de 5 de Outubro de 1980 e cujo resultado viria a significar o desmembramento de toda a Direita nacionalista graças à vitória da AD, já que a direita inteligente, abrangente, evoluída, a tal direita direitinha votou na coligação democrática convencida que ao dar a vitória à AD acabaria com o PS em Portugal. Trágicas ingenuidades...Pela minha parte, deixo aqui este seu poema sobre a "descolonização exemplar".REQUIEM NOS CAIS DE LISBOADesde Belém ao Beato,Descarregados de botes,Empilham-se ao desbaratoMuitos milhares de caixotes.Numa larga, extensa linha,Ocupam lados e centroDo cais; mas não se adivinhaO que contêm lá dentro.— O que será? — pergunteiA dois ou três empregados.Respondeu um: — P`lo que sei,É tudo dos retornados.Exclamei: - Senhor! Senhor!(E comecei aos pinotes)Tanta coisa de valorMetida à força em caixotes!Onde estão, que descaminhoLevaram (sabe-se lá!)As estátuas de MouzinhoE de Correia de Sá?Quantas camas, quanto berçoTransformado num caixão?E não há quem reze o terço,Quem murmure uma oração?...Desceu a noite. No escuro,Perguntei, sem ver mais nada:— E qual será o futuroDessa gente atraiçoada?...Sem consultar um oráculo,Eu contemplei, indignado,O pavoroso espectáculoDum império encaixotado.António Lopes RibeiroIn «Resistência», n.º 128, 15.06.1976, pág. 6.

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