Cinquenta e seis portugueses ainda esperam para sair de Bengasi

24-02-2011
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Dois voos de repatriamento e quatro dias de tentativas depois, 56 portugueses continuavam ontem à espera de serem retirados de Bengasi por via marítima. O Ministério dos Negócios Estrangeiros continuava "à procura de soluções". Até quando? Não se sabe, por enquanto.

"Não há prazos, não há datas", era a resposta de ontem à pergunta sobre quando poderiam esses portugueses sair do país. "Temos o gabinete de crise montado e estamos à procura de soluções", disse uma fonte do gabinete do secretário de Estado das Comunidades, António Braga.

Paulo Afecto foi um dos 42 portugueses repatriados no segundo voo que o C-130 fez a partir de Trípoli e aterrou na madrugada de ontem em Figo Maduro. Estava na capital com outros colegas. Um deles, Wilson Flecha, brasileiro, optou por não sair já, por ter familiares que não conseguem deixar Bengasi.

"Onde eles estão, há 30 a 50 pessoas [de várias nacionalidades] numa casa, com mulheres e crianças também. Não podem sair porque têm tido movimentações à volta e no sábado e no domingo ouviram bombardeamentos ali perto" - o PÚBLICO não conseguiu contactar ninguém na Líbia, devido às falhas nas telecomunicações, mas Paulo transmitiu alguns dos relatos que ouvira dos que estavam em Bengasi.

Paulo não assistiu a nada disso, ouviu apenas alguns tiros e gente a berrar palavras de ordem. "Saímos para comprar pão e estava tudo fechado." Sentiu que tudo estava "muito instável" e que "se nota ainda em alguns locais uma grande lealdade ao líder": "O meu condutor [para o aeroporto] dizia ainda ontem [na terça-feira] que havia uns drogados que recebiam dinheiro e droga em troca de manifestações anti-regime. Esta é um bocado a ideia geral em Trípoli."

O gabinete de emergência consular tem recebido "muitos telefonemas" de familiares preocupados com a situação dos que ainda não conseguiram deixar a Líbia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, disse ontem, depois de um encontro com o seu homólogo marroquino, Taib Fassi Fihri, que a "primeira preocupação" do Governo é "garantir condições de protecção e segurança de todos os portugueses" que estão no país.

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Bengasi será a única cidade onde ainda há portugueses dependentes das operações de repatriamento do Governo para abandonar o país.

As indicações que o ministério tem são de que não haverá mais portugueses a precisar de ajuda para sair de Trípoli - 122 foram levados para a Sicília em dois voos do C-130 da Força Aérea, que regressou na madrugada de quarta-feira a Portugal com parte deles a bordo (muitos tinham voltado em voos comerciais).

Espalhados pelo resto do país haverá mais portugueses ainda, mas as empresas para que trabalham estarão a encarregar-se de os trazer para Portugal, assegurou a fonte do gabinete de António Braga. Cláudia Sobral

Dois voos de repatriamento e quatro dias de tentativas depois, 56 portugueses continuavam ontem à espera de serem retirados de Bengasi por via marítima. O Ministério dos Negócios Estrangeiros continuava "à procura de soluções". Até quando? Não se sabe, por enquanto.

"Não há prazos, não há datas", era a resposta de ontem à pergunta sobre quando poderiam esses portugueses sair do país. "Temos o gabinete de crise montado e estamos à procura de soluções", disse uma fonte do gabinete do secretário de Estado das Comunidades, António Braga.

Paulo Afecto foi um dos 42 portugueses repatriados no segundo voo que o C-130 fez a partir de Trípoli e aterrou na madrugada de ontem em Figo Maduro. Estava na capital com outros colegas. Um deles, Wilson Flecha, brasileiro, optou por não sair já, por ter familiares que não conseguem deixar Bengasi.

"Onde eles estão, há 30 a 50 pessoas [de várias nacionalidades] numa casa, com mulheres e crianças também. Não podem sair porque têm tido movimentações à volta e no sábado e no domingo ouviram bombardeamentos ali perto" - o PÚBLICO não conseguiu contactar ninguém na Líbia, devido às falhas nas telecomunicações, mas Paulo transmitiu alguns dos relatos que ouvira dos que estavam em Bengasi.

Paulo não assistiu a nada disso, ouviu apenas alguns tiros e gente a berrar palavras de ordem. "Saímos para comprar pão e estava tudo fechado." Sentiu que tudo estava "muito instável" e que "se nota ainda em alguns locais uma grande lealdade ao líder": "O meu condutor [para o aeroporto] dizia ainda ontem [na terça-feira] que havia uns drogados que recebiam dinheiro e droga em troca de manifestações anti-regime. Esta é um bocado a ideia geral em Trípoli."

O gabinete de emergência consular tem recebido "muitos telefonemas" de familiares preocupados com a situação dos que ainda não conseguiram deixar a Líbia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, disse ontem, depois de um encontro com o seu homólogo marroquino, Taib Fassi Fihri, que a "primeira preocupação" do Governo é "garantir condições de protecção e segurança de todos os portugueses" que estão no país.

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Espalhados pelo resto do país haverá mais portugueses ainda, mas as empresas para que trabalham estarão a encarregar-se de os trazer para Portugal, assegurou a fonte do gabinete de António Braga. Cláudia Sobral

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