.: Torre de Moncorvo in blog :.: Protocolo para recuperação da Linha do Douro, do Pocinho a Barca d'Alva

21-01-2011
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Foi hoje (dia 10 de Setembro) formalmente assinado um protocolo entre várias entidades públicas, a saber, MOPTC (Ministério das Obras Públicas Transportes e Comunicações), REFER, CP, IPTM, CCDR-Norte e Estrutura de Missão do Douro, para Reabilitação do troço Ferroviário da Linha do Douro entre o Pocinho e Barca d'Alva, contando com a presença de altos representantes destas entidades, nomeadamente a Srª. Secretária de Estado dos Transportes, Engª. Ana Paula Vitorino. A cerimónia começou pelas 11;00h na presença de autarcas (tanto de Portugal como de Espanha), representantes de várias instituições, empresários (sobretudo do sector turístico) e numeroso público." - Hoje está um lindo dia. Hoje é um lindo dia... para o Douro" - assim começou a sua intervenção o Chefe da Estrutura de Missão do Douro, Engº. Ricardo de Magalhães, um dos paladinos por esta causa da reabertura da linha do Douro com fins turísticos, entre o Pocinho e a Barca. Palavras que foram retomadas pela Secretária de Estado dos Transportes, que manifestou a sua confiança no investimento e também nas entidades espanholas, para voltar a levar o combóio até Salamanca. Nesta fase, para se recuperar o troço em causa (Pocinho-Barca), serão investidos 25 milhões de Euros. Foi destacada a importância deste investimento para toda a região, em articulação com outras valências que se estão a afirmar, nomeadamente o turismo fluvial. É preciso recordar que a linha do Douro foi uma obra arrojada da engenharia do século XIX, pela quantidade de túneis e "obras de arte" (pontes e viadutos) que foi necessário construir. Na sua extensão total, entre o Porto e a Barca d'Alva, eram 200 km, marginando na quase totalidade do seu percurso um rio Douro ainda bravio, que só alguns afoitos barcos rabelos iam vencendo, a muito custo e à custa de muitos naufrágios. O combóio só chegaria à Barca em 1887, depois de 11 anos de intensos trabalhos, do Pocinho para montante - a parte mais bravia do Douro, de calor intenso no verão e grandes geadas no Inverno. Nos anos 80 do século XX, depois do encerramento do troço espanhol de Salamanca a La Frejeneda, acabaria por fechar também, do lado de cá, o troço de Pocinho a Barca d'Alva.Esta obra foi sobretudo impulsionada pela Associação Comercial do Porto e o consórcio denominado “Sindicato Portuense”, tendo-se também empenhado nisso as entidades de Salamanca, a quem interessava garantir o escoamento das suas mercadorias para um porto de mar. Um dos paladinos da ligação entre a Barca d’Alva e Salamanca foi Ricardo Pinto da Costa (1828-1889), banqueiro e homem de negócios portuense, que presidiu à referida Associação Comercial do Porto aquando da constituição da Compania del Ferrocarril de Salamanca à la Frontera Portuguesa. Viria a receber o título de Conde de Lumbrales, outorgado pelo rei espanhol Alfonso XII (na vila espanhola de Lumbrales localiza-se uma casa apalaçada do séc. XIX, conhecida por casa do Conde deste título).A história da construção da linha do Douro e, em particular do troço que agora se pretende valorizar, esteve patente num conjunto de painéis, expostos nesta data na estação do Pocinho (ver foto acima), tendo sido igualmente enfatizada ao longo dos discursos.Foi ainda recordado pelo Presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa que os pilares para o desenvolvimento do Douro, enunciados pelo Primeiro Ministro em 2006, foram, para além da Paisagem, do Vinho, do Turismo, também a Cultura. Esta valorização, a par de uma série de investimentos que o município fozcoense está a realizar no Pocinho (e que longamente enumerou), são também Cultura - disse.Assim sendo, dizemos nós, não se compreende como é que nesta mesma estação do Pocinho se encontre a apodrecer, às vistas de todos, uma velha locomotiva a vapor da primeira metade do séc. XX, além de outras que se encontram nos armazéns da “Manutenção”. Até estes dias, a referida máquina estava rodeada de uma cortina de vegetação, cortada à pressa nas vésperas do acto solene de hoje. Além disso, tivemos notícia de que recentemente foi levada para a Alemanha mais uma locomotiva que se encontrava arrecadada na dita manutenção!Mais uma: segundo noticiou o Jornal de Notícias, em coluna esconsa, no dia 21.08.2009, foi outra locomotiva a vapor levada para as Ilhas Baleares (ver o recorte acima), seguramente para servir objectivos de turismo. Tratava-se de uma máquina alemã que sempre trabalhou em Portugal, pelo que a sua historicidade nas referida ilhas é nula! – Ou seja, se fazia sentido ela estar em algum lugar, era aqui, na linha do Douro. Infelizmente não se ouviu um protesto de ninguém! – Pelo que fica a pergunta: depois de recuperada a linha, entre a Régua e a Barca, para fins turísticos, como se pretente, será que se vai voltar a comprar aos estrangeiros o que se lhes vendeu entretanto? E a que preço? E será que quem comprou e recuperou este património para os fins que se sabe, estará algum dia interessado em desfazer-se do que cá veio buscar, certamente a preço da uva-mijona? Responda quem souber.No entanto, não podemos deixar de nos congratular com a assinatura deste protocolo, pois é um bom princípio para voltarmos a acreditar que o combóio votlará a apitar pelas encostas do Douro até Barca d'Alva. E escusado será dizer da importância e do benefício que este projecto também trará para o nosso concelho, Torre de Moncorvo, a meia dúzia de quilómetros do Pocinho!Texto e Fotos: N.Campos


Foi hoje (dia 10 de Setembro) formalmente assinado um protocolo entre várias entidades públicas, a saber, MOPTC (Ministério das Obras Públicas Transportes e Comunicações), REFER, CP, IPTM, CCDR-Norte e Estrutura de Missão do Douro, para Reabilitação do troço Ferroviário da Linha do Douro entre o Pocinho e Barca d'Alva, contando com a presença de altos representantes destas entidades, nomeadamente a Srª. Secretária de Estado dos Transportes, Engª. Ana Paula Vitorino. A cerimónia começou pelas 11;00h na presença de autarcas (tanto de Portugal como de Espanha), representantes de várias instituições, empresários (sobretudo do sector turístico) e numeroso público." - Hoje está um lindo dia. Hoje é um lindo dia... para o Douro" - assim começou a sua intervenção o Chefe da Estrutura de Missão do Douro, Engº. Ricardo de Magalhães, um dos paladinos por esta causa da reabertura da linha do Douro com fins turísticos, entre o Pocinho e a Barca. Palavras que foram retomadas pela Secretária de Estado dos Transportes, que manifestou a sua confiança no investimento e também nas entidades espanholas, para voltar a levar o combóio até Salamanca. Nesta fase, para se recuperar o troço em causa (Pocinho-Barca), serão investidos 25 milhões de Euros. Foi destacada a importância deste investimento para toda a região, em articulação com outras valências que se estão a afirmar, nomeadamente o turismo fluvial. É preciso recordar que a linha do Douro foi uma obra arrojada da engenharia do século XIX, pela quantidade de túneis e "obras de arte" (pontes e viadutos) que foi necessário construir. Na sua extensão total, entre o Porto e a Barca d'Alva, eram 200 km, marginando na quase totalidade do seu percurso um rio Douro ainda bravio, que só alguns afoitos barcos rabelos iam vencendo, a muito custo e à custa de muitos naufrágios. O combóio só chegaria à Barca em 1887, depois de 11 anos de intensos trabalhos, do Pocinho para montante - a parte mais bravia do Douro, de calor intenso no verão e grandes geadas no Inverno. Nos anos 80 do século XX, depois do encerramento do troço espanhol de Salamanca a La Frejeneda, acabaria por fechar também, do lado de cá, o troço de Pocinho a Barca d'Alva.Esta obra foi sobretudo impulsionada pela Associação Comercial do Porto e o consórcio denominado “Sindicato Portuense”, tendo-se também empenhado nisso as entidades de Salamanca, a quem interessava garantir o escoamento das suas mercadorias para um porto de mar. Um dos paladinos da ligação entre a Barca d’Alva e Salamanca foi Ricardo Pinto da Costa (1828-1889), banqueiro e homem de negócios portuense, que presidiu à referida Associação Comercial do Porto aquando da constituição da Compania del Ferrocarril de Salamanca à la Frontera Portuguesa. Viria a receber o título de Conde de Lumbrales, outorgado pelo rei espanhol Alfonso XII (na vila espanhola de Lumbrales localiza-se uma casa apalaçada do séc. XIX, conhecida por casa do Conde deste título).A história da construção da linha do Douro e, em particular do troço que agora se pretende valorizar, esteve patente num conjunto de painéis, expostos nesta data na estação do Pocinho (ver foto acima), tendo sido igualmente enfatizada ao longo dos discursos.Foi ainda recordado pelo Presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa que os pilares para o desenvolvimento do Douro, enunciados pelo Primeiro Ministro em 2006, foram, para além da Paisagem, do Vinho, do Turismo, também a Cultura. Esta valorização, a par de uma série de investimentos que o município fozcoense está a realizar no Pocinho (e que longamente enumerou), são também Cultura - disse.Assim sendo, dizemos nós, não se compreende como é que nesta mesma estação do Pocinho se encontre a apodrecer, às vistas de todos, uma velha locomotiva a vapor da primeira metade do séc. XX, além de outras que se encontram nos armazéns da “Manutenção”. Até estes dias, a referida máquina estava rodeada de uma cortina de vegetação, cortada à pressa nas vésperas do acto solene de hoje. Além disso, tivemos notícia de que recentemente foi levada para a Alemanha mais uma locomotiva que se encontrava arrecadada na dita manutenção!Mais uma: segundo noticiou o Jornal de Notícias, em coluna esconsa, no dia 21.08.2009, foi outra locomotiva a vapor levada para as Ilhas Baleares (ver o recorte acima), seguramente para servir objectivos de turismo. Tratava-se de uma máquina alemã que sempre trabalhou em Portugal, pelo que a sua historicidade nas referida ilhas é nula! – Ou seja, se fazia sentido ela estar em algum lugar, era aqui, na linha do Douro. Infelizmente não se ouviu um protesto de ninguém! – Pelo que fica a pergunta: depois de recuperada a linha, entre a Régua e a Barca, para fins turísticos, como se pretente, será que se vai voltar a comprar aos estrangeiros o que se lhes vendeu entretanto? E a que preço? E será que quem comprou e recuperou este património para os fins que se sabe, estará algum dia interessado em desfazer-se do que cá veio buscar, certamente a preço da uva-mijona? Responda quem souber.No entanto, não podemos deixar de nos congratular com a assinatura deste protocolo, pois é um bom princípio para voltarmos a acreditar que o combóio votlará a apitar pelas encostas do Douro até Barca d'Alva. E escusado será dizer da importância e do benefício que este projecto também trará para o nosso concelho, Torre de Moncorvo, a meia dúzia de quilómetros do Pocinho!Texto e Fotos: N.Campos

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