Não existe solução para o BPP

25-03-2011
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Chegou a pensar-se que seria desta… mas não foi. E já lá vão mais de oito meses. Ao longo da semana chegou-se a especular que o Conselho de Ministros poderia finalmente anunciar uma solução para os clientes do BPP, mas não passou de especulação.

E a semana termina com Adão da Fonseca e o resto da administração do BPP, que tinha sido nomeada pelo Banco de Portugal, a apresentaram uma demissão em bloco, depois de, em Julho, Vítor Constâncio ter recusado um pedido de substituição dos mesmos.

Claramente que Adão da Fonseca, que agora regressa ao BCP, não se pode queixar de não saber ao que ia. Sabia-se, à partida, que a tarefa de encontrar uma solução para o BPP era difícil e, se a isso somarmos o facto de se ter descoberto que o buraco no banco pode ser um caso de polícia, de difícil reparação, a tarefa tornou-se praticamente impossível.

O que Adão da Fonseca se pode queixar é, se foi esse o caso, de não ter sido avisado que não podia contar com dinheiros públicos nem com a ajuda da Caixa. Se isso tivesse ficado claro desde o início, era escusado esperar tantos meses e também eram escusadas as quatro propostas de recuperação e saneamento que foram todas chumbadas, umas atrás das outras.

E agora o que se segue? É preciso que se siga alguma coisa e, de preferência, com celeridade. Luís Figo, que também é cliente do banco, na entrevista publicada ontem no Diário Económico disse, e bem, que a demora não é nada positiva para o sistema financeiro português, "especialmente porque as coisas se arrastam no tempo sem solução, porque não são dadas explicações aos clientes e isso é o mais grave".

Claro que nesta altura, mesmo aqueles que não percebem muito do assunto já perceberam que não existe uma solução para o BPP. Pelo menos a solução ideal, consensual e que retribua aos clientes de retorno absoluto as garantias e retornos prometidos. O Governo ainda está a tentar desenhar uma solução, uma espécie de mal menor, mas também está a encontrar resistências junto da banca. Mas seria importante, do ponto de vista político, que no caso BPP se repetisse a lógica adoptada no BPN. A decisão e a forma de venda do BPN será tomada nesta legislatura, embora a venda transite para o Executivo que sair das próximas eleições. O anúncio de uma solução para o BPP, antes de 27 de Setembro, também seria positivo e daria um sinal de que o poder político não se deixa condicionar pelas eleições para avançar com uma decisão difícil, mas que é necessária e urgente.

CMVM deve explicar o que passou na Impresa

A Impresa voltou ontem a dominar as atenções do mercado, com as acções, de um momento para outro, a dispararem mais de 40%. O mais curioso é que esta é a segunda vez, num período de dois meses, que a empresa é alvo de um "ataque" em bolsa. Em meados de Junho, os títulos também chegaram, de repente, a dar um pulo de 147%. Nestes dois casos, não é preciso o SIVAM (o super computador polícia que a CMVM desenvolveu há um ano para detectar situações anómalas na bolsa) para descobrir que algo de estranho se passa. Está à vista de todos e deve ter feito soar alarmes de todos os ‘brokers' que negoceiam em Portugal. Seria importante, para que os investidores continuassem a ter confiança na nossa bolsa, que o supervisor não só investigasse ambas as situações (como está a fazer), mas também que viesse a público com uma explicação plausível para passar uma mensagem de tranquilidade aos mercados. Ou seja, mostrar que as subidas foram um erro de inserção de uma ordem no sistema, uma manipulação do preço, ou outra explicação qualquer. Hoje foi uma subida repentina e se calhar os accionistas até estão contentes. Mas amanhã pode ser uma queda brusca. Subidas ou descidas de tais dimensões são um sinal de imaturidade e falta de profundidade do mercado e, nem mesmo uma bolsa periférica como a nossa merece que situações misteriosas belisquem a confiança dos investidores.

Chegou a pensar-se que seria desta… mas não foi. E já lá vão mais de oito meses. Ao longo da semana chegou-se a especular que o Conselho de Ministros poderia finalmente anunciar uma solução para os clientes do BPP, mas não passou de especulação.

E a semana termina com Adão da Fonseca e o resto da administração do BPP, que tinha sido nomeada pelo Banco de Portugal, a apresentaram uma demissão em bloco, depois de, em Julho, Vítor Constâncio ter recusado um pedido de substituição dos mesmos.

Claramente que Adão da Fonseca, que agora regressa ao BCP, não se pode queixar de não saber ao que ia. Sabia-se, à partida, que a tarefa de encontrar uma solução para o BPP era difícil e, se a isso somarmos o facto de se ter descoberto que o buraco no banco pode ser um caso de polícia, de difícil reparação, a tarefa tornou-se praticamente impossível.

O que Adão da Fonseca se pode queixar é, se foi esse o caso, de não ter sido avisado que não podia contar com dinheiros públicos nem com a ajuda da Caixa. Se isso tivesse ficado claro desde o início, era escusado esperar tantos meses e também eram escusadas as quatro propostas de recuperação e saneamento que foram todas chumbadas, umas atrás das outras.

E agora o que se segue? É preciso que se siga alguma coisa e, de preferência, com celeridade. Luís Figo, que também é cliente do banco, na entrevista publicada ontem no Diário Económico disse, e bem, que a demora não é nada positiva para o sistema financeiro português, "especialmente porque as coisas se arrastam no tempo sem solução, porque não são dadas explicações aos clientes e isso é o mais grave".

Claro que nesta altura, mesmo aqueles que não percebem muito do assunto já perceberam que não existe uma solução para o BPP. Pelo menos a solução ideal, consensual e que retribua aos clientes de retorno absoluto as garantias e retornos prometidos. O Governo ainda está a tentar desenhar uma solução, uma espécie de mal menor, mas também está a encontrar resistências junto da banca. Mas seria importante, do ponto de vista político, que no caso BPP se repetisse a lógica adoptada no BPN. A decisão e a forma de venda do BPN será tomada nesta legislatura, embora a venda transite para o Executivo que sair das próximas eleições. O anúncio de uma solução para o BPP, antes de 27 de Setembro, também seria positivo e daria um sinal de que o poder político não se deixa condicionar pelas eleições para avançar com uma decisão difícil, mas que é necessária e urgente.

CMVM deve explicar o que passou na Impresa

A Impresa voltou ontem a dominar as atenções do mercado, com as acções, de um momento para outro, a dispararem mais de 40%. O mais curioso é que esta é a segunda vez, num período de dois meses, que a empresa é alvo de um "ataque" em bolsa. Em meados de Junho, os títulos também chegaram, de repente, a dar um pulo de 147%. Nestes dois casos, não é preciso o SIVAM (o super computador polícia que a CMVM desenvolveu há um ano para detectar situações anómalas na bolsa) para descobrir que algo de estranho se passa. Está à vista de todos e deve ter feito soar alarmes de todos os ‘brokers' que negoceiam em Portugal. Seria importante, para que os investidores continuassem a ter confiança na nossa bolsa, que o supervisor não só investigasse ambas as situações (como está a fazer), mas também que viesse a público com uma explicação plausível para passar uma mensagem de tranquilidade aos mercados. Ou seja, mostrar que as subidas foram um erro de inserção de uma ordem no sistema, uma manipulação do preço, ou outra explicação qualquer. Hoje foi uma subida repentina e se calhar os accionistas até estão contentes. Mas amanhã pode ser uma queda brusca. Subidas ou descidas de tais dimensões são um sinal de imaturidade e falta de profundidade do mercado e, nem mesmo uma bolsa periférica como a nossa merece que situações misteriosas belisquem a confiança dos investidores.

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