Mário Lino promoveu reunião de Godinho com presidente da Refer

07-11-2010
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Secetária de Estado, Ana Paula Vitorino, recomendou a Luís Pardal que se fizesse acompanhar no encontro por outro gestor da empresa

O ex-ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações Mário Lino acompanhou de perto as preocupações do empresário Manuel Godinho, delas dando conta não só à sua secretária de Estado, Ana Paula Vitorino, como ao presidente da Refer, Luís Pardal. Nos depoimentos que prestaram no inquérito Face Oculta, tanto a ex-governante como Pardal descrevem com pormenor as interpelações e diligências feitas pelo então ministro em favor do empresário das sucatas. Estes factos vão ser averiguados num inquérito autónomo resultante de uma das 10 certidões extraídas pelo procurador Marques Vidal. As outras visam também alguns dos mais mediáticos arguidos no caso (ver caixa). Estas 10 certidões serão agora investigadas pelo Ministério Público, que tanto pode ilibar como acusar os visados.

Nas suas declarações, a ex-secretária de Estado refere-se a uma reunião que o empresário teve com o presidente da Refer, em 18 de Agosto de 2009, como tendo sido determinada pelo ministro Mário Lino, preocupado com as queixas do empresário, que se dizia injustiçado pela administração da empresa. Pardal deu conhecimento prévio do encontro à governante - que tutelava aquela empresa pública -, que o terá aconselhado a fazer-se acompanhar do seu vice-presidente do conselho de administração, Vicente Pereira.

Segundo revelou ainda no seu depoimento, feito por escrito, Ana Paula Vitorino, logo no final do primeiro ano do seu mandato, na Primavera de 2006, o ministro interpelou-a sobre os negócios de Godinho com a Refer. Além do ponto da situação de uns concursos envolvendo firmas do empresário de Ovar, Lino questionou-a também sobre os alegados maus tratos de que estaria a ser vítima o quadro da Refer José Domingos Valentim por parte do conselho de administração. Isto apenas porque teria uma boa relação com a O2, empresa do universo de Godinho. Valentim, recorde-se, é, de entre os acusados por associação criminosa, o único arguido que não é familiar nem funcionário do universo de Manuel José Godinho. Também ouvido no inquérito, o presidente da Refer confirmou o empenho do então ministro em procurar solucionar os diferendos com o grupo Godinho. Pardal referiu mesmo que, em meados de 2009, Mário Lino o abordou pela segunda vez sobre o contencioso entre a Refer e a O2, fazendo-lhe ver que "o homem da O2 continua a queixar-se de ser injustiçado pela Refer". Terá sido então que o governante sugeriu a realização de uma reunião. Alguns dias depois, recebeu um fax de Godinho solicitando que o recebesse, tendo sido então agendado o encontro.

No seu depoimento, Pardal frisou, no entanto, que nunca sentiu que a abordagem do ministro "tivesse o objectivo de o pressionar" para favorecer qualquer das empresas do grupo de Godinho. O despacho que preconiza a abertura de um inquérito visando o ex-ministro aponta precisamente para a necessidade de apurar se Mário Lino "teve interferência no processo de reestruturação da Refer ou outro tratamento de favor".

Secetária de Estado, Ana Paula Vitorino, recomendou a Luís Pardal que se fizesse acompanhar no encontro por outro gestor da empresa

O ex-ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações Mário Lino acompanhou de perto as preocupações do empresário Manuel Godinho, delas dando conta não só à sua secretária de Estado, Ana Paula Vitorino, como ao presidente da Refer, Luís Pardal. Nos depoimentos que prestaram no inquérito Face Oculta, tanto a ex-governante como Pardal descrevem com pormenor as interpelações e diligências feitas pelo então ministro em favor do empresário das sucatas. Estes factos vão ser averiguados num inquérito autónomo resultante de uma das 10 certidões extraídas pelo procurador Marques Vidal. As outras visam também alguns dos mais mediáticos arguidos no caso (ver caixa). Estas 10 certidões serão agora investigadas pelo Ministério Público, que tanto pode ilibar como acusar os visados.

Nas suas declarações, a ex-secretária de Estado refere-se a uma reunião que o empresário teve com o presidente da Refer, em 18 de Agosto de 2009, como tendo sido determinada pelo ministro Mário Lino, preocupado com as queixas do empresário, que se dizia injustiçado pela administração da empresa. Pardal deu conhecimento prévio do encontro à governante - que tutelava aquela empresa pública -, que o terá aconselhado a fazer-se acompanhar do seu vice-presidente do conselho de administração, Vicente Pereira.

Segundo revelou ainda no seu depoimento, feito por escrito, Ana Paula Vitorino, logo no final do primeiro ano do seu mandato, na Primavera de 2006, o ministro interpelou-a sobre os negócios de Godinho com a Refer. Além do ponto da situação de uns concursos envolvendo firmas do empresário de Ovar, Lino questionou-a também sobre os alegados maus tratos de que estaria a ser vítima o quadro da Refer José Domingos Valentim por parte do conselho de administração. Isto apenas porque teria uma boa relação com a O2, empresa do universo de Godinho. Valentim, recorde-se, é, de entre os acusados por associação criminosa, o único arguido que não é familiar nem funcionário do universo de Manuel José Godinho. Também ouvido no inquérito, o presidente da Refer confirmou o empenho do então ministro em procurar solucionar os diferendos com o grupo Godinho. Pardal referiu mesmo que, em meados de 2009, Mário Lino o abordou pela segunda vez sobre o contencioso entre a Refer e a O2, fazendo-lhe ver que "o homem da O2 continua a queixar-se de ser injustiçado pela Refer". Terá sido então que o governante sugeriu a realização de uma reunião. Alguns dias depois, recebeu um fax de Godinho solicitando que o recebesse, tendo sido então agendado o encontro.

No seu depoimento, Pardal frisou, no entanto, que nunca sentiu que a abordagem do ministro "tivesse o objectivo de o pressionar" para favorecer qualquer das empresas do grupo de Godinho. O despacho que preconiza a abertura de um inquérito visando o ex-ministro aponta precisamente para a necessidade de apurar se Mário Lino "teve interferência no processo de reestruturação da Refer ou outro tratamento de favor".

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