OEIRAS LOCAL: RABOS DE PALHA, CARGOS PÚBLICOS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES

30-05-2010
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Talvez seja mesmo uma característica deste nosso país, mas sempre gostámos e gostamos de não cumprir, de encontrar uma forma de beneficiar além das regras, de não pagar ou pagar muito menos do que está estabelecido, passarmos à frente de uns tantos porque temos uma cunha e por aí adiante. Por isso, todos temos alguns “rabos de palha” que, felizmente, a grande maioria das vezes não foi além de uma galinha, no passado, ou de uma caixa de bombons, no presente.Porém, tem existido e está a tomar proporções alarmantes os favores e subornos, as omissões e ocultações e outras coisas mais que ultrapassam milhões, prejudicam terceiros, hipotecam mesmo o futuro de regiões, põem em perigo até pessoas e bens, muitas vezes mascaradas de grandes e desinteressadas obras a favor da nação, quando parte importante de património desviado é encontrado na posse de uma certa classe ligada a cargos públicos, que devia ter um comportamento exemplar.Esta apropriação em proveitos próprios tantas vezes denunciada e comprovada - pois, como diz o povo, “quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem” – não tem conduzido à real condenação de tais procedimentos, antes pelo contrário: desdobram-se explicações de vários quadrantes, esmiuça-se que enquanto não for condenado é inocente (e atrasa-se os processos o possível para caducarem), nomeiam-se para cargos bem remunerados noutros sectores, deixam-se continuar com argumento que fazem parte de listas votadas pelo povo, enviam-se para o estrangeiro até criarem outra imagem, arranja-se um grupo de apoio estridente, promovem-se almoços e jantares com anúncios na comunicação social que conduzem a tempos de antena e fala-se, fala-se de cabalas, de obra feita (omitindo-se como) e pronto temos subida em cargo público.É triste que muitos dos cargos públicos deste País esteja a ser ocupado por gente com percursos tão duvidosos. E que o nosso bom povo português esqueça, se entusiasme e vote nestes cidadãos com “rabos de palha” tão grandes, e não se interrogue e esclareça sobre os reais interesses que os motiva, de onde vem dinheiro para tanto espalhafato, quem está interessado neste tipo de nomeações. Ao povo, ao português anónimo que é a força de trabalho deste País, só lhe caberá as migalhas que aqueles dos cargos públicos e os que por trás deles estão, entenderem deixar cair para os ir calando.O Povo tem a força do seu voto e é esta força consolidada e bem exercida que contribuirá, verdadeiramente, para a construção de um mundo melhor.M.C.M.Este artigo foi publicado nas Cartas ao Director – Jornal Público de 5 de Maio de 2005 e - infelizmente - continua actual.


Talvez seja mesmo uma característica deste nosso país, mas sempre gostámos e gostamos de não cumprir, de encontrar uma forma de beneficiar além das regras, de não pagar ou pagar muito menos do que está estabelecido, passarmos à frente de uns tantos porque temos uma cunha e por aí adiante. Por isso, todos temos alguns “rabos de palha” que, felizmente, a grande maioria das vezes não foi além de uma galinha, no passado, ou de uma caixa de bombons, no presente.Porém, tem existido e está a tomar proporções alarmantes os favores e subornos, as omissões e ocultações e outras coisas mais que ultrapassam milhões, prejudicam terceiros, hipotecam mesmo o futuro de regiões, põem em perigo até pessoas e bens, muitas vezes mascaradas de grandes e desinteressadas obras a favor da nação, quando parte importante de património desviado é encontrado na posse de uma certa classe ligada a cargos públicos, que devia ter um comportamento exemplar.Esta apropriação em proveitos próprios tantas vezes denunciada e comprovada - pois, como diz o povo, “quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem” – não tem conduzido à real condenação de tais procedimentos, antes pelo contrário: desdobram-se explicações de vários quadrantes, esmiuça-se que enquanto não for condenado é inocente (e atrasa-se os processos o possível para caducarem), nomeiam-se para cargos bem remunerados noutros sectores, deixam-se continuar com argumento que fazem parte de listas votadas pelo povo, enviam-se para o estrangeiro até criarem outra imagem, arranja-se um grupo de apoio estridente, promovem-se almoços e jantares com anúncios na comunicação social que conduzem a tempos de antena e fala-se, fala-se de cabalas, de obra feita (omitindo-se como) e pronto temos subida em cargo público.É triste que muitos dos cargos públicos deste País esteja a ser ocupado por gente com percursos tão duvidosos. E que o nosso bom povo português esqueça, se entusiasme e vote nestes cidadãos com “rabos de palha” tão grandes, e não se interrogue e esclareça sobre os reais interesses que os motiva, de onde vem dinheiro para tanto espalhafato, quem está interessado neste tipo de nomeações. Ao povo, ao português anónimo que é a força de trabalho deste País, só lhe caberá as migalhas que aqueles dos cargos públicos e os que por trás deles estão, entenderem deixar cair para os ir calando.O Povo tem a força do seu voto e é esta força consolidada e bem exercida que contribuirá, verdadeiramente, para a construção de um mundo melhor.M.C.M.Este artigo foi publicado nas Cartas ao Director – Jornal Público de 5 de Maio de 2005 e - infelizmente - continua actual.

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