Review: “Hitman – Agente 47” de Xavier Gens, por Pedro Pacheco

09-07-2011
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Criado e treinado pela misteriosa “Organização” para ser o assassino perfeito, o homem conhecido como 47 (Timothy Olyphant) é encarregado de assassinar o Presidente da Rússia. Mas a sua missão não corre bem, e ele vê-se abandonado pelos seus patrões e perseguido por um tenaz agente da Interpol (Dougray Scott). Para descobrir quem o tramou, o frio e calculista 47 vê-se obrigado a raptar a prostituta Nika (Olga Kurylenko), e empreender com ela uma viagem que o vai levar ao coração de uma conspiração…

Baseado numa série de videojogos da Eidos Interactive, que encontrou bastante sucesso devido á sua mistura de acção “furtiva” com estratégia, “Hitman – Agente 47” foi anunciado pelos seus produtores como sendo um espectáculo baseado em acção violenta, e com um tom decididamente adulto. Isso corresponde de certa forma à verdade, mas o seu visionamento deixa a sensação que algo faltou na mistura desses ingredientes, tendo-se passado ao lado de que poderia ter sido uma boa oportunidade.

A realização de Xavier Gens parece incapaz de insuflar energia ao filme: as sequências de acção são banalmente coreografadas e ilustradas, nada trazendo de novo ao que já foi visto milhares de vezes noutras películas do género. O ritmo é desigual, e certos momentos de diálogos e exposição arrastam-se mais tempo do que o necessário, alguns repetindo informação já dada anteriormente ao espectador. O aspecto mais conseguido será a fidelidade visual aos cânones do jogo, no que diz respeito ao visual do 47 e às sequências que emulam níveis do software original.

O argumento de Skip Woods tenta conferir alguma substância a este projecto, tecendo uma teia que envolve o nosso anti-herói num tenebroso mundo de manipulações políticas, mas que não provoca qualquer surpresa no seu desenrolar. A caracterização das personagens é algo dúbia, e demasiadamente apoiada nos arquétipos do costume : o polícia bom, o polícia corrupto, a prostituta de coração de ouro e o assassino implacável mas humano e justo, todos respondem presente. A história também é pouco clara no que diz respeito à Organização, e até incoerente: Porque motivo uma organização sem ligações a qualquer Estado iria tramar o seu melhor agente, só para favorecer um determinado regime político? Já a ilustração da psique perturbada de 47 tem alguns pontos de interesse, nomeadamente no que diz respeito à sua repressão sexual, mas que acaba por se perder na confusão de explosões e tiroteios, à falta de posterior desenvolvimento.

O elenco conta com alguns actores bem conhecidos das lides televisivas, como é o caso de Robert Knepper, o T-Bag de “Prison Break” e Henry Ian Cusick, o Desmond de “Perdidos“, ambos desperdiçados em papeis menores. Quanto ao trio protagonista, Timothy Olyphant é um claro erro de casting. Não pondo em causa do talento do intérprete, já demonstrado noutras ocasiões, aqui ele é demasiadamente neutro e inexpressivo, e nunca consegue encarnar convincentemente a postura física necessária para o papel. Dougray Scott talvez fosse melhor escolha para ser o 47, mas ficou “entalado” no papel de agente da Interpol bravo e honesto, conseguindo, no entanto, um desempenho eficaz. Quanto a Olga Kurylenko, fica somente na retina a sua beleza, que o vestido vermelho desenhado pelos estilistas portugueses Storytailors, usado na sequência do restaurante, faz sobressair ainda mais.

É cada vez mais díficil encontrar uma obra cinematográfica original, ou seja, escrita expressamente para esse efeito, ou que não seja uma sequela de um filme anterior. As adaptações, quer sejam de videojogos, comics ou romances, e as continuações dominam o mercado. Isto não será necessariamente mau, desde que o produto final tenha qualidade . Infelizmente, no caso deste “Hitman – Agente 47“, e pese a fidelidade, sobretudo visual, ao material de origem, tal não sucedeu, ficando um filme banal de acção, que só se distingue de milhares de outros exactamente pelo seu estatuto de adaptação de uma série de videojogos de sucesso.

Título Original: Hitman

Realizador: Xavier Gens

Elenco: Timothy Olyphant, Dougray Scott, Olga Kurylenko e Robert Knepper.

Duração: 1 h. e 40 m.

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Criado e treinado pela misteriosa “Organização” para ser o assassino perfeito, o homem conhecido como 47 (Timothy Olyphant) é encarregado de assassinar o Presidente da Rússia. Mas a sua missão não corre bem, e ele vê-se abandonado pelos seus patrões e perseguido por um tenaz agente da Interpol (Dougray Scott). Para descobrir quem o tramou, o frio e calculista 47 vê-se obrigado a raptar a prostituta Nika (Olga Kurylenko), e empreender com ela uma viagem que o vai levar ao coração de uma conspiração…

Baseado numa série de videojogos da Eidos Interactive, que encontrou bastante sucesso devido á sua mistura de acção “furtiva” com estratégia, “Hitman – Agente 47” foi anunciado pelos seus produtores como sendo um espectáculo baseado em acção violenta, e com um tom decididamente adulto. Isso corresponde de certa forma à verdade, mas o seu visionamento deixa a sensação que algo faltou na mistura desses ingredientes, tendo-se passado ao lado de que poderia ter sido uma boa oportunidade.

A realização de Xavier Gens parece incapaz de insuflar energia ao filme: as sequências de acção são banalmente coreografadas e ilustradas, nada trazendo de novo ao que já foi visto milhares de vezes noutras películas do género. O ritmo é desigual, e certos momentos de diálogos e exposição arrastam-se mais tempo do que o necessário, alguns repetindo informação já dada anteriormente ao espectador. O aspecto mais conseguido será a fidelidade visual aos cânones do jogo, no que diz respeito ao visual do 47 e às sequências que emulam níveis do software original.

O argumento de Skip Woods tenta conferir alguma substância a este projecto, tecendo uma teia que envolve o nosso anti-herói num tenebroso mundo de manipulações políticas, mas que não provoca qualquer surpresa no seu desenrolar. A caracterização das personagens é algo dúbia, e demasiadamente apoiada nos arquétipos do costume : o polícia bom, o polícia corrupto, a prostituta de coração de ouro e o assassino implacável mas humano e justo, todos respondem presente. A história também é pouco clara no que diz respeito à Organização, e até incoerente: Porque motivo uma organização sem ligações a qualquer Estado iria tramar o seu melhor agente, só para favorecer um determinado regime político? Já a ilustração da psique perturbada de 47 tem alguns pontos de interesse, nomeadamente no que diz respeito à sua repressão sexual, mas que acaba por se perder na confusão de explosões e tiroteios, à falta de posterior desenvolvimento.

O elenco conta com alguns actores bem conhecidos das lides televisivas, como é o caso de Robert Knepper, o T-Bag de “Prison Break” e Henry Ian Cusick, o Desmond de “Perdidos“, ambos desperdiçados em papeis menores. Quanto ao trio protagonista, Timothy Olyphant é um claro erro de casting. Não pondo em causa do talento do intérprete, já demonstrado noutras ocasiões, aqui ele é demasiadamente neutro e inexpressivo, e nunca consegue encarnar convincentemente a postura física necessária para o papel. Dougray Scott talvez fosse melhor escolha para ser o 47, mas ficou “entalado” no papel de agente da Interpol bravo e honesto, conseguindo, no entanto, um desempenho eficaz. Quanto a Olga Kurylenko, fica somente na retina a sua beleza, que o vestido vermelho desenhado pelos estilistas portugueses Storytailors, usado na sequência do restaurante, faz sobressair ainda mais.

É cada vez mais díficil encontrar uma obra cinematográfica original, ou seja, escrita expressamente para esse efeito, ou que não seja uma sequela de um filme anterior. As adaptações, quer sejam de videojogos, comics ou romances, e as continuações dominam o mercado. Isto não será necessariamente mau, desde que o produto final tenha qualidade . Infelizmente, no caso deste “Hitman – Agente 47“, e pese a fidelidade, sobretudo visual, ao material de origem, tal não sucedeu, ficando um filme banal de acção, que só se distingue de milhares de outros exactamente pelo seu estatuto de adaptação de uma série de videojogos de sucesso.

Título Original: Hitman

Realizador: Xavier Gens

Elenco: Timothy Olyphant, Dougray Scott, Olga Kurylenko e Robert Knepper.

Duração: 1 h. e 40 m.

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