O Cachimbo de Magritte: A marca GOP está "morta"?

30-05-2010
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Nos últimos tempos muito se tem discutido sobre o futuro do Partido Republicano. Depois das últimas derrotas, nas midterms de 2006 e nas eleições de 2008, há muitos que defendem (incluindo republicanos) que o GOP poderá estar a tornar-se num partido com base regional no Sul, em perda de influência no resto do território dos Estados Unidos, nomeadamente na Costa Leste, Oeste e no Midwest. Os sintomas são vários: nenhum congressista na Nova Inglaterra, derrotas sucessivas nas eleições presidenciais nos estados da costa leste e oeste, perdas no Senado nos estados do Midwest, e um crescimento demográfico em sectores que votam massivamente (afro-americanos) e maioritariamente (latinos) no Partido Democrata. Será que caminhamos a passos largos para um domínio absoluto do Partido Democrata na política federal dos Estados Unidos? Para mim isso é um facto falacioso, pois considero que este é período onde os democratas lideram, mas que esta posição é perfeitamente reversível. Hoje foi publicada uma sondagem da Gallup que oferece sinais encorajadores para o futuro do Partido Republicano. Segundo este estudo, cerca de 40 por cento dos americanos considera-se conservador, contra 21 de liberais e 35 de moderados. Estes indicadores revelam que os Estados Unidos continuam um país maioritariamente de centro direita. A base do eleitorado continua mais próxima ideologicamente do Partido Republicano, mas nos últimos ciclos eleitorais tem preferido os candidato democratas, nomeadamente nas regiões referidas.Os estrategas devem perceber os sinais que têm sido oferecidos dos eleitores. Ronald Reagan conseguiu vitórias esmagadoras porque conseguiu alcançar o apoio maioritário dos conservadores e moderados. E foi esse eleitorado que deu as vitórias a Bush pai e ao “Contract with America” em 1994. A coligação Bush, que venceu em 2000 e 2004, já não obteve tanto apoio dos moderados, e por isso, venceu por curta margem. Ou seja, nos últimos anos, o Partido Republicano tem vindo a perder o respeito do eleitorado moderado, talvez pela exagerada importância que a ala mais à direita do GOP tem representado, especialmente os evangélicos.Depois da era Obama, que poderá durar até 2012, ou mais expectável, até 2016, o GOP tem de lutar pelo apoio dos moderados. As midterms de 2010 serão já um teste à sua recuperação. Será essencial apresentar candidatos moderados, bem longe do que preconizam figuras como Mike Huckabee ou Rush Limbaugh. Um bom exemplo: nas primárias na Florida, o moderado governador Charlie Crist debate-se neste momento contra o conservador Marco Rúbio. Se o primeiro vencer as primárias, é quase certa a sua eleição para o Senado. Se o contrário suceder, é bem provável que os democratas conquistem este lugar.Mas uma coisa parece-me evidente: as noticias da morte do Partido Republicano são manifestamente exageradas…


Nos últimos tempos muito se tem discutido sobre o futuro do Partido Republicano. Depois das últimas derrotas, nas midterms de 2006 e nas eleições de 2008, há muitos que defendem (incluindo republicanos) que o GOP poderá estar a tornar-se num partido com base regional no Sul, em perda de influência no resto do território dos Estados Unidos, nomeadamente na Costa Leste, Oeste e no Midwest. Os sintomas são vários: nenhum congressista na Nova Inglaterra, derrotas sucessivas nas eleições presidenciais nos estados da costa leste e oeste, perdas no Senado nos estados do Midwest, e um crescimento demográfico em sectores que votam massivamente (afro-americanos) e maioritariamente (latinos) no Partido Democrata. Será que caminhamos a passos largos para um domínio absoluto do Partido Democrata na política federal dos Estados Unidos? Para mim isso é um facto falacioso, pois considero que este é período onde os democratas lideram, mas que esta posição é perfeitamente reversível. Hoje foi publicada uma sondagem da Gallup que oferece sinais encorajadores para o futuro do Partido Republicano. Segundo este estudo, cerca de 40 por cento dos americanos considera-se conservador, contra 21 de liberais e 35 de moderados. Estes indicadores revelam que os Estados Unidos continuam um país maioritariamente de centro direita. A base do eleitorado continua mais próxima ideologicamente do Partido Republicano, mas nos últimos ciclos eleitorais tem preferido os candidato democratas, nomeadamente nas regiões referidas.Os estrategas devem perceber os sinais que têm sido oferecidos dos eleitores. Ronald Reagan conseguiu vitórias esmagadoras porque conseguiu alcançar o apoio maioritário dos conservadores e moderados. E foi esse eleitorado que deu as vitórias a Bush pai e ao “Contract with America” em 1994. A coligação Bush, que venceu em 2000 e 2004, já não obteve tanto apoio dos moderados, e por isso, venceu por curta margem. Ou seja, nos últimos anos, o Partido Republicano tem vindo a perder o respeito do eleitorado moderado, talvez pela exagerada importância que a ala mais à direita do GOP tem representado, especialmente os evangélicos.Depois da era Obama, que poderá durar até 2012, ou mais expectável, até 2016, o GOP tem de lutar pelo apoio dos moderados. As midterms de 2010 serão já um teste à sua recuperação. Será essencial apresentar candidatos moderados, bem longe do que preconizam figuras como Mike Huckabee ou Rush Limbaugh. Um bom exemplo: nas primárias na Florida, o moderado governador Charlie Crist debate-se neste momento contra o conservador Marco Rúbio. Se o primeiro vencer as primárias, é quase certa a sua eleição para o Senado. Se o contrário suceder, é bem provável que os democratas conquistem este lugar.Mas uma coisa parece-me evidente: as noticias da morte do Partido Republicano são manifestamente exageradas…

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