Almanaque Republicano

18-12-2009
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Bandeira VermelhaAntónio Ventura publicou na Seara Nova [nº1580, de Junho de 1977] um texto sobre a "Imprensa comunista em Portugal, no período de 1919-1921", que iremos acompanhar nesta breve nota sobre o importante periódico constituído por "destacados militantes sindicalistas", intitulado "Bandeira Vermelha". É-nos dito por António Ventura que, muito embora outros periódicos "tomaram uma posição favorável até certa altura à revolução russa" [caso dos jornais anarquistas, "Sementeira", "A Batalha" e a "Aurora Social"], foi o semanário "Bandeira Vermelha" [semanário editado pela Federação Maximalista Portuguesa, I série, Ano I, nº1 (5 de Outubro de 1919) ao nº? (19 de Junho de 1921), e seu porta-voz - note-se que o P.C.P. é fundado em Março de 1921 (vidé a ligação entre a então Federação Maximalista Portuguesa e o PCP em "Contribuição para a história do Partido Comunista Português na I República 1921-1926", de José Pacheco Pereira, Análise Social, 67-68, 1981). Editor: Jaime Neves Guimarães (depois José Rodrigues). Director: Manuel Ribeiro (que era o Secretário Geral da Federação). Redactores e colaboradores: António Lopes Jorge, António Peixe, Caetano de Sousa, Carlos Rates, Dinis Rocha, Ferreira Quartel, Manuel Ribeiro, Marcelino da Silva, Sobral de Campos. Redacção e Administração: Rua Arco Marquês do Alegrete, 30, 2ºDto, Lisboa. Composição e impressão, Tipografia Rua do Século] o "primeiro órgão de Imprensa de uma organização que inscreve no seu programa não só a defesa e divulgação dos ideias de Outubro, mas também a luta por alguns desses objectivos" [cf. Ventura, 1977]. Registe-se que "Bandeira Vermelha" publicou os Estatutos da Federação Maximalista Portuguesa no seu nº1 [vidé José Pacheco Pereira, "Questões sobre o movimento operário português e a revolução russa de 1917”, Livraria Júlio Brandão, Porto, 1971"] e deu a conhecer importantes artigos de "Lenine, Trostky, Suvarine, Lunatcharsky, Rosa Luxemburgo, K. Liebknecht, Sadoul, Zinoviev e de quase todos os mais importantes teóricos comunistas da época" [cf. José Pacheco Pereira, "As lutas operárias contra a carestia de vida e, Portugal. A Greve Geral de Novembro de 1918", Textos de Apoio 2, Portucalense Editora, Agosto de 1971]. Não por acaso, "na prática, e até ao aparecimento do órgão oficial do referido partido [nota: PCP], ‘Bandeira Vermelha’ funcionará como seu órgão oficioso”. Aliás na fundação do PCP estão activos colaboradores do jornal, como Manuel Ribeiro, Carlos Rates, Caetano de Sousa ou Ferreira Quartel. Registe-se , como curiosidade, que o núcleo inicial no Porto do PCP cresce a partir do trabalho "infatigável" de Manuel Ferreira Torres [que posteriormente sai ou é expulso do PCP], manufactor de calçado e ex-anarquista [vinha do Centro Comunista Libertário], que vendia o semanário "pelas ruas da cidade, nos cafés, tabernas e nas assembleias sindicais" [cf. José Silva, "Memórias de um Operário", I vol., Livraria Júlio Brandão, Porto, 1971]. O periódico esteve suspenso de 5 de Dezembro a 17 de Abril de 1921, por motivo da forte repressão sobre os elementos da Federação Maximalista e, em especial, devido à prisão de Manuel Ribeiro [preso pelos artigos condenando a violência do governo na greve dos ferroviários]. Note-se que o seu primeiro número foi apreendido [cf. Ventura, 1977] e foi alvo de vários assaltos da polícia. Surge, ainda, "Bandeira Vermelha" numa posterior II série (1925-1926), agora como órgão mensal da Federação das Células Comunistas do Porto, do PCP [cf. JPP, 1971]. J.M.M.


Bandeira VermelhaAntónio Ventura publicou na Seara Nova [nº1580, de Junho de 1977] um texto sobre a "Imprensa comunista em Portugal, no período de 1919-1921", que iremos acompanhar nesta breve nota sobre o importante periódico constituído por "destacados militantes sindicalistas", intitulado "Bandeira Vermelha". É-nos dito por António Ventura que, muito embora outros periódicos "tomaram uma posição favorável até certa altura à revolução russa" [caso dos jornais anarquistas, "Sementeira", "A Batalha" e a "Aurora Social"], foi o semanário "Bandeira Vermelha" [semanário editado pela Federação Maximalista Portuguesa, I série, Ano I, nº1 (5 de Outubro de 1919) ao nº? (19 de Junho de 1921), e seu porta-voz - note-se que o P.C.P. é fundado em Março de 1921 (vidé a ligação entre a então Federação Maximalista Portuguesa e o PCP em "Contribuição para a história do Partido Comunista Português na I República 1921-1926", de José Pacheco Pereira, Análise Social, 67-68, 1981). Editor: Jaime Neves Guimarães (depois José Rodrigues). Director: Manuel Ribeiro (que era o Secretário Geral da Federação). Redactores e colaboradores: António Lopes Jorge, António Peixe, Caetano de Sousa, Carlos Rates, Dinis Rocha, Ferreira Quartel, Manuel Ribeiro, Marcelino da Silva, Sobral de Campos. Redacção e Administração: Rua Arco Marquês do Alegrete, 30, 2ºDto, Lisboa. Composição e impressão, Tipografia Rua do Século] o "primeiro órgão de Imprensa de uma organização que inscreve no seu programa não só a defesa e divulgação dos ideias de Outubro, mas também a luta por alguns desses objectivos" [cf. Ventura, 1977]. Registe-se que "Bandeira Vermelha" publicou os Estatutos da Federação Maximalista Portuguesa no seu nº1 [vidé José Pacheco Pereira, "Questões sobre o movimento operário português e a revolução russa de 1917”, Livraria Júlio Brandão, Porto, 1971"] e deu a conhecer importantes artigos de "Lenine, Trostky, Suvarine, Lunatcharsky, Rosa Luxemburgo, K. Liebknecht, Sadoul, Zinoviev e de quase todos os mais importantes teóricos comunistas da época" [cf. José Pacheco Pereira, "As lutas operárias contra a carestia de vida e, Portugal. A Greve Geral de Novembro de 1918", Textos de Apoio 2, Portucalense Editora, Agosto de 1971]. Não por acaso, "na prática, e até ao aparecimento do órgão oficial do referido partido [nota: PCP], ‘Bandeira Vermelha’ funcionará como seu órgão oficioso”. Aliás na fundação do PCP estão activos colaboradores do jornal, como Manuel Ribeiro, Carlos Rates, Caetano de Sousa ou Ferreira Quartel. Registe-se , como curiosidade, que o núcleo inicial no Porto do PCP cresce a partir do trabalho "infatigável" de Manuel Ferreira Torres [que posteriormente sai ou é expulso do PCP], manufactor de calçado e ex-anarquista [vinha do Centro Comunista Libertário], que vendia o semanário "pelas ruas da cidade, nos cafés, tabernas e nas assembleias sindicais" [cf. José Silva, "Memórias de um Operário", I vol., Livraria Júlio Brandão, Porto, 1971]. O periódico esteve suspenso de 5 de Dezembro a 17 de Abril de 1921, por motivo da forte repressão sobre os elementos da Federação Maximalista e, em especial, devido à prisão de Manuel Ribeiro [preso pelos artigos condenando a violência do governo na greve dos ferroviários]. Note-se que o seu primeiro número foi apreendido [cf. Ventura, 1977] e foi alvo de vários assaltos da polícia. Surge, ainda, "Bandeira Vermelha" numa posterior II série (1925-1926), agora como órgão mensal da Federação das Células Comunistas do Porto, do PCP [cf. JPP, 1971]. J.M.M.

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