Grande Loja do Queijo Limiano: ... e Alberto Costa continua ministroJustiça, uma história portuguesa (V)

18-12-2009
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(continuação)

Enquanto muita gente anda por aí a fingir indignação pelo alegado poder e influência de Fátima Felgueiras, o Público hoje - 'sem querer' - explica, muito ilustradamente, que não é o Fátima Felgueiras que tem poder e influência é antes o Estado, e os seus agentes, que é excessivamente frágil. Fátima não precisa de negociar, nem vai negociar, é - em potência - uma arma de destruição maciça caso decida puxar pela memória e cantar, - qual Evita - 'Everyone is doin' it', sendo que o problema não é estritamente jurídico, antes político. Daí ao respeitinho absoluto vai um passo... pequeno.

Mas o que diz o Público ? Bom, conta detalhadamente a história de uma indeminização, choruda, que o Governo de Cavaco recusou, no estrito cumprimento da Lei, e que, por artes mágicas e com a prestimosa ajuda de altas patentes do PS, ora no Governo, ora na 'sociedade civil', no tempo de Guterres acabou por ser paga. Os 'artistas' vão desde José Junqueiro, a José Lamego, passando (está em todas) por Vitorino e acabando no actual ministro da Justiça... Alberto Costa. São estas pequenas coisinhas, que até podem nem ser formalmente ilegais, que enchem a memória de Fátima Felgueiras, e é destas 'coisinhas' que todos tem medo, muito medo, num país onde política e negócios se misturam, sempre muito informalmente, um país de segredos e de trocas de favores, onde poucos são, se alguns, inocentes. E Fátima Felgueiras sabe que se falasse seria levada mais a sério que no passado foi Rui Mateus, até porque os tempos agora são outros.

É por isso que não se compreende a sistemática tentação em discutir o caso Fátima Felgueiras com base no pitoresco, tentação essa em que caem (percebe-se) políticos, e comunicação social (percebe-se com mais dificuldade) quando o que está em causa são simplesmente as regras e a arquitectura do nosso sistema político, que parece ser tabú discutir.

Fátima Felgueiras acha-se inocente por uma razão muito simples. Na sua cabeça se por ventura ela fosse culpada então todos os que ela conhece também teriam que ser, e para ela isso sendo inconcebivel implica que ela (pesem os detalhes dos factos e da Lei) também tem que ser inocente...

Uma última nota para registar o silêncio face ao 'destaque' de 5 páginas do Público... Nem poder nem oposição, nada. Todos o fizeram, todos tem telhados vidrados, logo... olha-se para Felgueiras, o buraco que serve para esconder uma fossa infinitamente maior. Nem vale a pena dizer que num país normal, a esta hora, e depois de saída uma prosa como a do Público de hoje, o ministro da justiça já era outro. Portugal não é um país normal, e Fátima Felgueiras limita-se a jogar com isso.

Publicado por Manuel

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Enquanto muita gente anda por aí a fingir indignação pelo alegado poder e influência de Fátima Felgueiras, o Público hoje - 'sem querer' - explica, muito ilustradamente, que não é o Fátima Felgueiras que tem poder e influência é antes o Estado, e os seus agentes, que é excessivamente frágil. Fátima não precisa de negociar, nem vai negociar, é - em potência - uma arma de destruição maciça caso decida puxar pela memória e cantar, - qual Evita - 'Everyone is doin' it', sendo que o problema não é estritamente jurídico, antes político. Daí ao respeitinho absoluto vai um passo... pequeno.

Mas o que diz o Público ? Bom, conta detalhadamente a história de uma indeminização, choruda, que o Governo de Cavaco recusou, no estrito cumprimento da Lei, e que, por artes mágicas e com a prestimosa ajuda de altas patentes do PS, ora no Governo, ora na 'sociedade civil', no tempo de Guterres acabou por ser paga. Os 'artistas' vão desde José Junqueiro, a José Lamego, passando (está em todas) por Vitorino e acabando no actual ministro da Justiça... Alberto Costa. São estas pequenas coisinhas, que até podem nem ser formalmente ilegais, que enchem a memória de Fátima Felgueiras, e é destas 'coisinhas' que todos tem medo, muito medo, num país onde política e negócios se misturam, sempre muito informalmente, um país de segredos e de trocas de favores, onde poucos são, se alguns, inocentes. E Fátima Felgueiras sabe que se falasse seria levada mais a sério que no passado foi Rui Mateus, até porque os tempos agora são outros.

É por isso que não se compreende a sistemática tentação em discutir o caso Fátima Felgueiras com base no pitoresco, tentação essa em que caem (percebe-se) políticos, e comunicação social (percebe-se com mais dificuldade) quando o que está em causa são simplesmente as regras e a arquitectura do nosso sistema político, que parece ser tabú discutir.

Fátima Felgueiras acha-se inocente por uma razão muito simples. Na sua cabeça se por ventura ela fosse culpada então todos os que ela conhece também teriam que ser, e para ela isso sendo inconcebivel implica que ela (pesem os detalhes dos factos e da Lei) também tem que ser inocente...

Uma última nota para registar o silêncio face ao 'destaque' de 5 páginas do Público... Nem poder nem oposição, nada. Todos o fizeram, todos tem telhados vidrados, logo... olha-se para Felgueiras, o buraco que serve para esconder uma fossa infinitamente maior. Nem vale a pena dizer que num país normal, a esta hora, e depois de saída uma prosa como a do Público de hoje, o ministro da justiça já era outro. Portugal não é um país normal, e Fátima Felgueiras limita-se a jogar com isso.

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