sorumbático: Brioches

01-07-2011
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Por João Paulo GuerraPortugal não é o Haiti, o Egipto ou os Camarões.AINDA NÃO HÁ agitação social perante a expectativa da fome e talvez o país não venha a enfrentar uma guerra do pão. Mas lá que os preços disparam, isso disparam e consideravelmente acima dos salários contidos pelas baias da ficção da inflação prevista. O leite, o queijo e os ovos constituem para já o grupo de alimentos mais atingidos por maiores aumentos de preços. Haviam de tocar pela porta deste país vulnerável, dependente e entregue aos mais vorazes apetites e interesses alguns dos efeitos da crescente substituição de solos da agricultura para a produção de biocombustíveis, com vista a manter em circulação a indústria e o comércio automóveis, acrescidos por outras alterações mundiais na produção, especulação e consumo de cereais. E aí está o leite a puxar os preços da alimentação substancialmente para cima e os hábitos de consumo drasticamente para baixo. Vai passar à história a geração dos portugueses que cresceram com o salutar consumo regular do leite em casa e até nas escolas. A nova geração que coma brioches. De plástico!Mas o mais original factor do disparo da inflação em Portugal é o aumento brutal dos preços dos serviços hospitalares. “Tendencialmente gratuitos”, como mandaria a Constituição da República se fosse respeitada e mandasse alguma coisa, os preços dos serviços de saúde subiram mais de 80 por cento no espaço de 12 meses, com o aumento das taxas moderadoras.As taxas para “moderar” o recurso dos doentes portugueses ao Serviço Nacional de Saúde subiram cinco vezes mais em percentagem que o aumento de preços destinado a abrandar o consumo dos malefícios do tabaco. Refinada hipocrisia é o que isto revela.«DE» de 18 Abr 08 - c.a.a.Etiquetas: JPG

Por João Paulo GuerraPortugal não é o Haiti, o Egipto ou os Camarões.AINDA NÃO HÁ agitação social perante a expectativa da fome e talvez o país não venha a enfrentar uma guerra do pão. Mas lá que os preços disparam, isso disparam e consideravelmente acima dos salários contidos pelas baias da ficção da inflação prevista. O leite, o queijo e os ovos constituem para já o grupo de alimentos mais atingidos por maiores aumentos de preços. Haviam de tocar pela porta deste país vulnerável, dependente e entregue aos mais vorazes apetites e interesses alguns dos efeitos da crescente substituição de solos da agricultura para a produção de biocombustíveis, com vista a manter em circulação a indústria e o comércio automóveis, acrescidos por outras alterações mundiais na produção, especulação e consumo de cereais. E aí está o leite a puxar os preços da alimentação substancialmente para cima e os hábitos de consumo drasticamente para baixo. Vai passar à história a geração dos portugueses que cresceram com o salutar consumo regular do leite em casa e até nas escolas. A nova geração que coma brioches. De plástico!Mas o mais original factor do disparo da inflação em Portugal é o aumento brutal dos preços dos serviços hospitalares. “Tendencialmente gratuitos”, como mandaria a Constituição da República se fosse respeitada e mandasse alguma coisa, os preços dos serviços de saúde subiram mais de 80 por cento no espaço de 12 meses, com o aumento das taxas moderadoras.As taxas para “moderar” o recurso dos doentes portugueses ao Serviço Nacional de Saúde subiram cinco vezes mais em percentagem que o aumento de preços destinado a abrandar o consumo dos malefícios do tabaco. Refinada hipocrisia é o que isto revela.«DE» de 18 Abr 08 - c.a.a.Etiquetas: JPG

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