o tempo das cerejas*: Querem vencer-me pelo cansaço !

24-05-2011
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Os nós em algumas cabeças Acreditem os leitores que, sinceramente, não tenho a pretensão de poder ou dever constituir uma referência no campo da opinião comunista (é de opinião, não é de representação do Partido) cujos escritos ou alguns deles tenham necessariamente de ser lidos sobre quem na comunicação social escreve sobre o PCP.Mas compreendam, ao menos de um ponto de vista humano, quanto me custa ver reproduzidas com inaudita frequência análises, considerações, juízos e interpretações que eu já tinha demonstrado (às vezes há 10 ou 20 anos) não terem fundamento, serem erróneos ou serem viciados, sem que - ponto crucial - alguma vez alguém tenha rebatido seriamente os meus argumentos ou pontos nos is.Vem este arrazoado a propósito do artigo que a jornalista São João Almeida, uma pessoa que estimo, publica na P2 do Público de hoje com o título acima. Com efeito, dois aspectos me merecem referências particulares nesse texto que, em grande parte, examina os percursos do PCP e do BE.A respeito do PCP, escreve a certa altura São José Almeida que (sublinhados meus)«o PCP evoluiu de um partido que final dos anos 80 e ínicio dos anos 90 ensaiou a adopção de regras e valores que poderiam estar a social democratizá-lo (mudanças que foram tentadas no Congresso de 1988 e no "Novo Impulso" de 1998), para um partido que se assume clara e frontalmente como marxista-leninista, que acredita na viabilidade de uma sociedade comunista».Sobre estas considerações, apenas duas notas essenciais:- a primeira é que é uma pena que, certamente por economia de texto, São José Almeida não nos tenha informado em que Congresso é que o PCP não se assumiu «clara e frontalmente como marxista-leninista» sendo entretanto de acrescentar que, neste ponto, o grande problema está em que a maioria dos jornalistas e comentadores desde há décadas têm do «marxismo-leninismo» uma visão e um entendimento baseados em estereótipos e clichés que estão a anos-luz do rico, aberto e denso conteúdo e significado que o PCP atribui à expressão.- a segunda é que dou vistosas alvíssaras a quem for capaz de demonstrar qualquer índicio de social-democratização nas conclusões do Congresso do PCP de 1988 ou no documento aprovado pelo Comité Central do PCP em 14 de Fevereiro de 1998 e intitulado «Por um novo impulso na organização, intervenção e afirmação política do Partido» (disponível aqui para todos os que não se queiram guiar pelo «ouvir dizer que»).E, já agora, sobre este documento que desde sempre foi alvo de persistentes deturpações es especulações, sem fazer revelações que não me ficariam bem como membro do PCP, sempre posso acrescentar que os autores das partes principais desse projecto não foram aqueles dirigentes que, na época, a generalidade da imprensa referiu.O outro aspecto do texto de São José Almeida que não posso deixar passar em claro é quando, equiparando-o ao BE, atribui ao PCP uma recusa «na partilha de responsabilidades governativas», tese que já desmontei aqui há poucos dias e, mais desenvolvidamente aqui onde a considerei «uma das maiores falsificações políticas dos últimos anos».E a este respeito, é de anotar que eu não sei se São José Almeida considera ou não o PS no campo da esquerda, portanto também atingido pelos «nós», mas o que eu sei é que em todo o seu texto jamais se faz referência a qualquer afirmação pública do PS de disponibilidade pós-eleitoral para negociações ou entendimentos como PCP, com o BE ou com os dois.Pois é, triste sina esta: uma pessoa explica e explica, escreve e escreve, argumenta e argumenta mas isso a alguns pouco adianta porque a sua regra máxima de pensamento político é a ideia de que «the show must go on».


Os nós em algumas cabeças Acreditem os leitores que, sinceramente, não tenho a pretensão de poder ou dever constituir uma referência no campo da opinião comunista (é de opinião, não é de representação do Partido) cujos escritos ou alguns deles tenham necessariamente de ser lidos sobre quem na comunicação social escreve sobre o PCP.Mas compreendam, ao menos de um ponto de vista humano, quanto me custa ver reproduzidas com inaudita frequência análises, considerações, juízos e interpretações que eu já tinha demonstrado (às vezes há 10 ou 20 anos) não terem fundamento, serem erróneos ou serem viciados, sem que - ponto crucial - alguma vez alguém tenha rebatido seriamente os meus argumentos ou pontos nos is.Vem este arrazoado a propósito do artigo que a jornalista São João Almeida, uma pessoa que estimo, publica na P2 do Público de hoje com o título acima. Com efeito, dois aspectos me merecem referências particulares nesse texto que, em grande parte, examina os percursos do PCP e do BE.A respeito do PCP, escreve a certa altura São José Almeida que (sublinhados meus)«o PCP evoluiu de um partido que final dos anos 80 e ínicio dos anos 90 ensaiou a adopção de regras e valores que poderiam estar a social democratizá-lo (mudanças que foram tentadas no Congresso de 1988 e no "Novo Impulso" de 1998), para um partido que se assume clara e frontalmente como marxista-leninista, que acredita na viabilidade de uma sociedade comunista».Sobre estas considerações, apenas duas notas essenciais:- a primeira é que é uma pena que, certamente por economia de texto, São José Almeida não nos tenha informado em que Congresso é que o PCP não se assumiu «clara e frontalmente como marxista-leninista» sendo entretanto de acrescentar que, neste ponto, o grande problema está em que a maioria dos jornalistas e comentadores desde há décadas têm do «marxismo-leninismo» uma visão e um entendimento baseados em estereótipos e clichés que estão a anos-luz do rico, aberto e denso conteúdo e significado que o PCP atribui à expressão.- a segunda é que dou vistosas alvíssaras a quem for capaz de demonstrar qualquer índicio de social-democratização nas conclusões do Congresso do PCP de 1988 ou no documento aprovado pelo Comité Central do PCP em 14 de Fevereiro de 1998 e intitulado «Por um novo impulso na organização, intervenção e afirmação política do Partido» (disponível aqui para todos os que não se queiram guiar pelo «ouvir dizer que»).E, já agora, sobre este documento que desde sempre foi alvo de persistentes deturpações es especulações, sem fazer revelações que não me ficariam bem como membro do PCP, sempre posso acrescentar que os autores das partes principais desse projecto não foram aqueles dirigentes que, na época, a generalidade da imprensa referiu.O outro aspecto do texto de São José Almeida que não posso deixar passar em claro é quando, equiparando-o ao BE, atribui ao PCP uma recusa «na partilha de responsabilidades governativas», tese que já desmontei aqui há poucos dias e, mais desenvolvidamente aqui onde a considerei «uma das maiores falsificações políticas dos últimos anos».E a este respeito, é de anotar que eu não sei se São José Almeida considera ou não o PS no campo da esquerda, portanto também atingido pelos «nós», mas o que eu sei é que em todo o seu texto jamais se faz referência a qualquer afirmação pública do PS de disponibilidade pós-eleitoral para negociações ou entendimentos como PCP, com o BE ou com os dois.Pois é, triste sina esta: uma pessoa explica e explica, escreve e escreve, argumenta e argumenta mas isso a alguns pouco adianta porque a sua regra máxima de pensamento político é a ideia de que «the show must go on».

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