o tempo das cerejas*: Além do velho preconceito anticomunista...

20-05-2011
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... a arrogância sexagenáriaO Samuel já pôs aqui os devidos, mais urgentes e mais completos pontos nos is em relação uma certa histeria blogosférica a respeito de uma entrevista dada à revista do CM pela nóvel deputada do PCP, Rita Rato, designadamente pelo facto de, apesar de licenciada em Ciência Política, ter alegado (sinceramente ou como recurso para uma entrevista toda ela preconceituosamente encaminhada) insuficiente informação sobre certos e importantes factos históricos.Pela minha parte, só quero tocar num ponto que me parece particularmente indecente e que é constituido pela imensa sobranceria e arrogância com que alguns quinquagenários e sexagenários da blogosfera se apressaram a julgar os supostos níveis de informação daquela licenciada comunista.Com efeito, a este respeito, só me apetece lançar um desafio: façam um inquérito junto de jovens licenciados em Ciência Política ou Relações Internacionais que sejam do PS, do PSD, do CDS e do BE e perguntem-lhes se sabiam que em 1965 na Indonésia foram mortos entre meio e um milhão de comunistas na sequência do golpe de Suharto; que em 1971, no Sudão, uma vaga repressiva liquidou os principais dirigentes do até ali importante e influente Partido Comunista Sudanês e outras centenas de comunistas (ver notícia aqui na página 4 do Avante! clandestino de Agosto de 1971), ; que o PS francês esteve em cheio nas sangrentas e trágicas guerras coloniais na Indochina e na Argélia. E, já agora, perguntem-lhes se são capazes de indicar um décimo das intervenções e agressões militares dos EUA no estrangeiro durante o Século XX.Obtidos os certamente deslumbrantes resultados, poderemos então falar com mais equidade e sentido de justiça sobre o grau de informação histórica dos jovens licenciados. Até lá, tudo o que se tem escrito contra a Rita Rato não passa de uma reles tentativa de duradouro «queimanço» quase igual à que foi feita com Bernardino Soares que só espíritos cegos se podem recusar a reconhecer que se veio a revelar um deputado e líder parlamentar de primeira água.Adenda em 27/10: Só agora que me dei conta que Manuel António Pina, um jornalista, poeta e cidadão que muito estimo, escreveu uma crónica no JN onde afirma que Rita Rato disse que «nunca ouviu falar do Gulag» e que eu, Vítor Dias, vim defender «a Carolina Patrocínio do PCP». Face a isto, só quero dizer cordialmente duas coisas a Manuel António Pina, no caso de ele querer estar à altura do seu honrado nome e prestigiado passado: uma é que deve reconhecer perante os leitores das suas crónicas que atribuiu a Rita Rato uma coisa que ela, comprovadamente, não afirmou (se M.A.P. precisar eu posso mandar-lhe a imagem dessa página da entrevista !); e a outra é reconhecer que comparar Rita Rato com a Carolina Patrocínio é não perceber nada da mundivivência e estatuto de classe que as declarações desta última desvendavam.


... a arrogância sexagenáriaO Samuel já pôs aqui os devidos, mais urgentes e mais completos pontos nos is em relação uma certa histeria blogosférica a respeito de uma entrevista dada à revista do CM pela nóvel deputada do PCP, Rita Rato, designadamente pelo facto de, apesar de licenciada em Ciência Política, ter alegado (sinceramente ou como recurso para uma entrevista toda ela preconceituosamente encaminhada) insuficiente informação sobre certos e importantes factos históricos.Pela minha parte, só quero tocar num ponto que me parece particularmente indecente e que é constituido pela imensa sobranceria e arrogância com que alguns quinquagenários e sexagenários da blogosfera se apressaram a julgar os supostos níveis de informação daquela licenciada comunista.Com efeito, a este respeito, só me apetece lançar um desafio: façam um inquérito junto de jovens licenciados em Ciência Política ou Relações Internacionais que sejam do PS, do PSD, do CDS e do BE e perguntem-lhes se sabiam que em 1965 na Indonésia foram mortos entre meio e um milhão de comunistas na sequência do golpe de Suharto; que em 1971, no Sudão, uma vaga repressiva liquidou os principais dirigentes do até ali importante e influente Partido Comunista Sudanês e outras centenas de comunistas (ver notícia aqui na página 4 do Avante! clandestino de Agosto de 1971), ; que o PS francês esteve em cheio nas sangrentas e trágicas guerras coloniais na Indochina e na Argélia. E, já agora, perguntem-lhes se são capazes de indicar um décimo das intervenções e agressões militares dos EUA no estrangeiro durante o Século XX.Obtidos os certamente deslumbrantes resultados, poderemos então falar com mais equidade e sentido de justiça sobre o grau de informação histórica dos jovens licenciados. Até lá, tudo o que se tem escrito contra a Rita Rato não passa de uma reles tentativa de duradouro «queimanço» quase igual à que foi feita com Bernardino Soares que só espíritos cegos se podem recusar a reconhecer que se veio a revelar um deputado e líder parlamentar de primeira água.Adenda em 27/10: Só agora que me dei conta que Manuel António Pina, um jornalista, poeta e cidadão que muito estimo, escreveu uma crónica no JN onde afirma que Rita Rato disse que «nunca ouviu falar do Gulag» e que eu, Vítor Dias, vim defender «a Carolina Patrocínio do PCP». Face a isto, só quero dizer cordialmente duas coisas a Manuel António Pina, no caso de ele querer estar à altura do seu honrado nome e prestigiado passado: uma é que deve reconhecer perante os leitores das suas crónicas que atribuiu a Rita Rato uma coisa que ela, comprovadamente, não afirmou (se M.A.P. precisar eu posso mandar-lhe a imagem dessa página da entrevista !); e a outra é reconhecer que comparar Rita Rato com a Carolina Patrocínio é não perceber nada da mundivivência e estatuto de classe que as declarações desta última desvendavam.

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