Kant_O_XimPi: Impressão Digital

22-12-2009
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* Moita Flores,docente universitário.Nada melhor do que um caso Maddie, que agarra a atenção do Mundo, para colocar em prática leis ou decisões impopulares..Há quatro meses que as notícias são dominadas pelo caso da menina inglesa desaparecida. Quando a notícia começou a perder impacto, novo caso tem arrasado as primeiras páginas: o tabefe que Scolari deu, ou tentou dar, a um jogador sérvio. Pelo meio ainda vieram uns assaltos à mão armada e a mãe de Viseu que matou os filhos e se suicidou. Convenhamos que a violência e morte são bons combustíveis para as audiências e manchetes. .No meio deste ruído, de repente, as instituições judiciárias descobrem que já está em vigor o novo Código de Processo Penal e desatam a atirar-se ao ministro da Justiça como gato a bofe. É tarde. A lei está na rua e é para cumprir..Porém, este ruído que agora se levanta fora de prazo não deixa de ser interessante. Revela como a política, naquilo que tem de mais perverso, percebe os movimentos noticiosos e, por outro lado, como as notícias há muito secundarizaram, quase sempre por desrespeito, a prática política..A expansão da Comunicação Social, dos jornais, das rádios, das televisões (nas quais se devem incluir as emissão por cabo) produziu alterações significativas na agenda e prioridades editoriais. A política, a agenda de ministros, reis e presidentes vulgarizou-se, perdeu importância e, diria mesmo, passou a ser olhada com desconfiança. A sucessiva manipulação e propaganda, as inaugurações, as rotinas transformadas em parangonas fizeram com que a Comunicação Social desvalorize a actividade pública e já não lhe reconheça a honra de primeira página que durante mais de um século marcou os noticiários..A fome de informação, a descoberta do mundo, da vida, para além dos rituais do poder, descentraram as atenções, provocaram em directores de informação a necessidade de decisões editoriais que sustentam a expectativa de quem lê, escuta ou vê..Por outro lado, a globalização da informação cruzou noticiários e não admira que um tsunami, uma bomba no Iraque, um acidente de avião, um crime hediondo, um caso estranho como o de Maddie, o mundo do desporto, com particular relevo para o futebol, tenham um poder de atracção maior do que mais uma de Sócrates ou de Marques Mendes..Cansados da manipulação política, e da evidência interesseira de notícias e favor, os jornais tendem a desvalorizar cada vez mais o papel dos políticos e, até, a tratá-los com desprezo. Porém, o poder compreende esta cada vez maior indiferença e também joga com ela. Nada melhor do que um caso Maddie, que agarra a atenção do Mundo, para colocar em prática leis ou decisões impopulares. Ninguém as discute. E se as discute não têm eco. O que importa é a agenda da comunicação. É certo que ninguém imaginava que a prevista publicação do Código de Processo Penal iria cair numa data em que os McCann são os heróis dos noticiários. .Mas deu um jeito dos diabos. Umas vezes por acidente, outras por astúcia, a verdade é que este jogo de escondidas e descobertas se tornou num dos fenómenos mais interessantes da mediatização de factos. Uma verdade é certa. A política já não é o que era. Passou de rainha a banalidade noticiosa. Mais um sinal da mediocridade a que chegou. Pouco faltará para ser remetida para a página dos anúncios classificados..in Correio da Manhã 2007.09.16.Nota - .* Victor Nogueira.A verdade não é bem esta. Os meios de comunicação de massa estão nas mãos de grandes interesses económicos. O Correio da Manhã gaba-se de ser de longe o líder das vendas. Jornais partidários de esquerda dão à política o devido relevo. Mas quem condiciona a consciência dos cidadãos são os meios de comunicação de massa, quer porque definem a agenda, quer porque deste modo tornam importante o que é secundário. No caso Maddie, ao contrário do caso Joana, os familiares daquela têem desde o 1º instante e ao seu lado assessores de imagem, assessores de imprensa, grandes escritótios de advogados... O que não impediu o grande espaço que lhes deram certos jornais e a Televisão. Tal como as horas quando da queda da ponte de Entre-os-Rios, onde nada havia para ver mas as TV lá estavam a enchouriçar o tempo..Mesmo no tempo do fascismo havia a noite de cinema e o Zip Zip, com grande audiência. E nos anos a seguir ao 25 de Abril houve programas que exigiam dos concorrentes competências em vários domínios, como a Cornélia e os primeiros Herman. Mas depois abriram as portas aos privados e o que temos não foi elevação da qualidade mas alinhamento pelo rasca, sempre mais para baixo. Porquê? .Tem obrigação de saber issso, senhor autarca investigador policial ex PJ telenovelista e docente universitário. Tem obrigação e portanto terá a consciência plena de estar a vender gato por lebre? Será essa a sua função?


* Moita Flores,docente universitário.Nada melhor do que um caso Maddie, que agarra a atenção do Mundo, para colocar em prática leis ou decisões impopulares..Há quatro meses que as notícias são dominadas pelo caso da menina inglesa desaparecida. Quando a notícia começou a perder impacto, novo caso tem arrasado as primeiras páginas: o tabefe que Scolari deu, ou tentou dar, a um jogador sérvio. Pelo meio ainda vieram uns assaltos à mão armada e a mãe de Viseu que matou os filhos e se suicidou. Convenhamos que a violência e morte são bons combustíveis para as audiências e manchetes. .No meio deste ruído, de repente, as instituições judiciárias descobrem que já está em vigor o novo Código de Processo Penal e desatam a atirar-se ao ministro da Justiça como gato a bofe. É tarde. A lei está na rua e é para cumprir..Porém, este ruído que agora se levanta fora de prazo não deixa de ser interessante. Revela como a política, naquilo que tem de mais perverso, percebe os movimentos noticiosos e, por outro lado, como as notícias há muito secundarizaram, quase sempre por desrespeito, a prática política..A expansão da Comunicação Social, dos jornais, das rádios, das televisões (nas quais se devem incluir as emissão por cabo) produziu alterações significativas na agenda e prioridades editoriais. A política, a agenda de ministros, reis e presidentes vulgarizou-se, perdeu importância e, diria mesmo, passou a ser olhada com desconfiança. A sucessiva manipulação e propaganda, as inaugurações, as rotinas transformadas em parangonas fizeram com que a Comunicação Social desvalorize a actividade pública e já não lhe reconheça a honra de primeira página que durante mais de um século marcou os noticiários..A fome de informação, a descoberta do mundo, da vida, para além dos rituais do poder, descentraram as atenções, provocaram em directores de informação a necessidade de decisões editoriais que sustentam a expectativa de quem lê, escuta ou vê..Por outro lado, a globalização da informação cruzou noticiários e não admira que um tsunami, uma bomba no Iraque, um acidente de avião, um crime hediondo, um caso estranho como o de Maddie, o mundo do desporto, com particular relevo para o futebol, tenham um poder de atracção maior do que mais uma de Sócrates ou de Marques Mendes..Cansados da manipulação política, e da evidência interesseira de notícias e favor, os jornais tendem a desvalorizar cada vez mais o papel dos políticos e, até, a tratá-los com desprezo. Porém, o poder compreende esta cada vez maior indiferença e também joga com ela. Nada melhor do que um caso Maddie, que agarra a atenção do Mundo, para colocar em prática leis ou decisões impopulares. Ninguém as discute. E se as discute não têm eco. O que importa é a agenda da comunicação. É certo que ninguém imaginava que a prevista publicação do Código de Processo Penal iria cair numa data em que os McCann são os heróis dos noticiários. .Mas deu um jeito dos diabos. Umas vezes por acidente, outras por astúcia, a verdade é que este jogo de escondidas e descobertas se tornou num dos fenómenos mais interessantes da mediatização de factos. Uma verdade é certa. A política já não é o que era. Passou de rainha a banalidade noticiosa. Mais um sinal da mediocridade a que chegou. Pouco faltará para ser remetida para a página dos anúncios classificados..in Correio da Manhã 2007.09.16.Nota - .* Victor Nogueira.A verdade não é bem esta. Os meios de comunicação de massa estão nas mãos de grandes interesses económicos. O Correio da Manhã gaba-se de ser de longe o líder das vendas. Jornais partidários de esquerda dão à política o devido relevo. Mas quem condiciona a consciência dos cidadãos são os meios de comunicação de massa, quer porque definem a agenda, quer porque deste modo tornam importante o que é secundário. No caso Maddie, ao contrário do caso Joana, os familiares daquela têem desde o 1º instante e ao seu lado assessores de imagem, assessores de imprensa, grandes escritótios de advogados... O que não impediu o grande espaço que lhes deram certos jornais e a Televisão. Tal como as horas quando da queda da ponte de Entre-os-Rios, onde nada havia para ver mas as TV lá estavam a enchouriçar o tempo..Mesmo no tempo do fascismo havia a noite de cinema e o Zip Zip, com grande audiência. E nos anos a seguir ao 25 de Abril houve programas que exigiam dos concorrentes competências em vários domínios, como a Cornélia e os primeiros Herman. Mas depois abriram as portas aos privados e o que temos não foi elevação da qualidade mas alinhamento pelo rasca, sempre mais para baixo. Porquê? .Tem obrigação de saber issso, senhor autarca investigador policial ex PJ telenovelista e docente universitário. Tem obrigação e portanto terá a consciência plena de estar a vender gato por lebre? Será essa a sua função?

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