Ex-combatentes: Stress de guerra Os hospitais e centros do Serviço Nacional de Saúde não têm preparação suficiente para criarem a rede nacional de apoio aos antigos combatentes que sofrem de stress pós-traumático de guerra, afirmou ontem João Gonçalves, dirigente no núcleo de Viseu da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA). » ComentáriosQuinta-feira, 28 Junho - Carlos Gomes É vergonhoso que o Estado Português se esqueça dos homens que enviou para combater pela sua Pátria, muitos deles já não regressaram com vida, outros com deficiências físicas e outros ainda com problemas psicológicos. Deve-se honrar estes homens que um dia foram em auxílio do nosso Povo. - ANTONIO TRINDADE Mas a quem e que querem enfiar o GORRO? Tenham mas é vergonha, e o Ministro da Defesa que se demita. (EUA) - Antonio - Parede Qual falta de preparação qual carapuça! O que não há é vontade politica de canalizar dinheiro para esse fim.Como ex-combatente sinto vergonha pelo modo como somos tratados.Verdade se diga que não é só de há 33 anos para cá, já no regime anterior éramos tratados abaixo de cão. Agora, dão-nos uma esmolinha de cento e cinquenta euros por ano, até ver, e ficam todos com a consciência tranquila. in Correio da Manhã 2007.06.28 Atrocidades da guerra colonialSerá possível esquecer Estas fotografias chocam mesmo. Pela violência e pela crueldade dos assassínios - cometidos em 1961 pelos membros da UPA. Pela forma serena e quase sorridente com que os nossos soldados se deixaram fotografar frente a cabeças espetadas em paus ou corpos esventrados - com o mesmo ar com que posam para a fotografia de fim de curso. Mas esta foi a realidade dos anos 60 em Angola. Compreenda-la é perceber melhor o que foi aquela guerra e não deixar esquecer aquilo que as guerras, sejam elas quais forem, fazem aos homens. As fotografias que aqui mostramos nunca foram publicadas porque a censura nao deixou. Os horrores e violações flagrantes dos mais básicos direitos Humanos passaram-se no norte de Angola. São imagens da violência da guerra e, sobretudo, do terrorismo da guerra - na Fazenda Tabi, os membros da União dos Povos de Angola (UPA) liderada por Holden Roberto, mataram os administradores brancos a golpes de catana, e na Fazenda Cassoneca esventraram um soba (chefe de uma tribo) e mataram toda a sua família, porque se recusou a deixar de trabalhar para os brancos. Os negros que trabalhavam nas fazendas de café administradas por portugueses - um objectivo “militar” a atingir porque destruir a economia é uma das formas de vencer a guerra - e que eram identificados por usarem uma fita colorida á volta da cabeça, eram decapitados e as suas cabeças espetadas em paus. Além de trabalharem para os brancos, os negros assassinados pertenciam a outras etnias. Eram originários do Sul de Angola e tinham sido trazidos propositadamente pelos colonizadores que os julgavam mais dóceis e facilmente domináveis do que os naturais do Norte. Os soldados portugueses foram chamados a proteger estas áreas e era nessa função que aqui se encontravam. A sua expressão impassível revela bem que assistir a massacres deste tipo, contra civis, se tornou facilmente um hábito. Numa guerra de guerrilha toda a população é o “inimigo”. E as tropas portuguesas não demoraram muito a utilizar os mesmos métodos, instigadas pelo treino que, depois, passaram a receber antes de embarcarem. Da preparação para a guerra constavam ainda slogans de conteúdo racista, que apresentavam indiscriminadamente, o “preto” como inimigo, música e canções guerreiras. Estas histórias e as dos massacres cometidos pelas tropas portuguesas estão registadas em fotografias e filmes que estão na posse das chefias militares e de ex-combatentes da guerra colonial. Mas em Portugal, os poderes político e militar e a sociedade, de uma maneira geral, têm evitado discutir esta página negra do vida do país. A APOIAR (Associação de Apoio aos ex-Combatentes Vítimas de Stress de Guerra) prepara-se para mandar a primeira pedra. Em Abril foi inaugurada uma exposição com material “tirado do baú”. A violência alimenta a violência e é disso que são feitas as guerras. Ao ver estas fotografias não é difícil perceber como funciona este ciclo de ódio. In Notícias Magazine, diário Notícias 17 de Março de 1996
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Ex-combatentes: Stress de guerra Os hospitais e centros do Serviço Nacional de Saúde não têm preparação suficiente para criarem a rede nacional de apoio aos antigos combatentes que sofrem de stress pós-traumático de guerra, afirmou ontem João Gonçalves, dirigente no núcleo de Viseu da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA). » ComentáriosQuinta-feira, 28 Junho - Carlos Gomes É vergonhoso que o Estado Português se esqueça dos homens que enviou para combater pela sua Pátria, muitos deles já não regressaram com vida, outros com deficiências físicas e outros ainda com problemas psicológicos. Deve-se honrar estes homens que um dia foram em auxílio do nosso Povo. - ANTONIO TRINDADE Mas a quem e que querem enfiar o GORRO? Tenham mas é vergonha, e o Ministro da Defesa que se demita. (EUA) - Antonio - Parede Qual falta de preparação qual carapuça! O que não há é vontade politica de canalizar dinheiro para esse fim.Como ex-combatente sinto vergonha pelo modo como somos tratados.Verdade se diga que não é só de há 33 anos para cá, já no regime anterior éramos tratados abaixo de cão. Agora, dão-nos uma esmolinha de cento e cinquenta euros por ano, até ver, e ficam todos com a consciência tranquila. in Correio da Manhã 2007.06.28 Atrocidades da guerra colonialSerá possível esquecer Estas fotografias chocam mesmo. Pela violência e pela crueldade dos assassínios - cometidos em 1961 pelos membros da UPA. Pela forma serena e quase sorridente com que os nossos soldados se deixaram fotografar frente a cabeças espetadas em paus ou corpos esventrados - com o mesmo ar com que posam para a fotografia de fim de curso. Mas esta foi a realidade dos anos 60 em Angola. Compreenda-la é perceber melhor o que foi aquela guerra e não deixar esquecer aquilo que as guerras, sejam elas quais forem, fazem aos homens. As fotografias que aqui mostramos nunca foram publicadas porque a censura nao deixou. Os horrores e violações flagrantes dos mais básicos direitos Humanos passaram-se no norte de Angola. São imagens da violência da guerra e, sobretudo, do terrorismo da guerra - na Fazenda Tabi, os membros da União dos Povos de Angola (UPA) liderada por Holden Roberto, mataram os administradores brancos a golpes de catana, e na Fazenda Cassoneca esventraram um soba (chefe de uma tribo) e mataram toda a sua família, porque se recusou a deixar de trabalhar para os brancos. Os negros que trabalhavam nas fazendas de café administradas por portugueses - um objectivo “militar” a atingir porque destruir a economia é uma das formas de vencer a guerra - e que eram identificados por usarem uma fita colorida á volta da cabeça, eram decapitados e as suas cabeças espetadas em paus. Além de trabalharem para os brancos, os negros assassinados pertenciam a outras etnias. Eram originários do Sul de Angola e tinham sido trazidos propositadamente pelos colonizadores que os julgavam mais dóceis e facilmente domináveis do que os naturais do Norte. Os soldados portugueses foram chamados a proteger estas áreas e era nessa função que aqui se encontravam. A sua expressão impassível revela bem que assistir a massacres deste tipo, contra civis, se tornou facilmente um hábito. Numa guerra de guerrilha toda a população é o “inimigo”. E as tropas portuguesas não demoraram muito a utilizar os mesmos métodos, instigadas pelo treino que, depois, passaram a receber antes de embarcarem. Da preparação para a guerra constavam ainda slogans de conteúdo racista, que apresentavam indiscriminadamente, o “preto” como inimigo, música e canções guerreiras. Estas histórias e as dos massacres cometidos pelas tropas portuguesas estão registadas em fotografias e filmes que estão na posse das chefias militares e de ex-combatentes da guerra colonial. Mas em Portugal, os poderes político e militar e a sociedade, de uma maneira geral, têm evitado discutir esta página negra do vida do país. A APOIAR (Associação de Apoio aos ex-Combatentes Vítimas de Stress de Guerra) prepara-se para mandar a primeira pedra. Em Abril foi inaugurada uma exposição com material “tirado do baú”. A violência alimenta a violência e é disso que são feitas as guerras. Ao ver estas fotografias não é difícil perceber como funciona este ciclo de ódio. In Notícias Magazine, diário Notícias 17 de Março de 1996