Movimento Mobilização e Unidade dos Professores: ENTREVISTA A RAMIRO MARQUES

24-01-2012
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O Ramiro Marques publicou uma série de entrevistas a "bloggers" que considerou com influência na luta de professores. Como pareceu que nenhuma lista ficaria completa sem que o seu nome nela figurasse, decidi entrevistá-lo também.Eis a entrevista, publicada aqui e no Profavaliação.Ilídio Trindade (MUP) - Desde quando e por que razão dinamizas vários blogues?Ramiro Marques - Edito três blogues, mas apenas dois são actualizados diariamente. O blogue basedadosramiro é, como o nome indica, uma base de dados de legislação escolar que eu criei para os meus alunos dos cursos de licenciatura e mestrado. As razões da minha aposta nos blogues são óbvias: a Internet é hoje o meio mais poderoso e mais eficaz de circulação da informação e das ideias. O Brasil é o 9º país do Mundo com mais cibernautas. A língua portuguesa tem cada vez mais presença na Web. Quem ficar de fora da Web, só pode aspirar a conversar com poucos. Criei o blogue ramiromarques há dois anos com o objectivo de criar materiais para os meus alunos. Actualizo o blogue ramiromarques diariamente e faço dele o meu instrumento de divulgação de conteúdos sobre tecnologias digitais e redes sociais. O ProfAvaliação foi criado em Fevereiro de 2009 e, graças a um ritmo elevado de actualizações, granjeou uma audiência muito considerável. É o meu blogue principal. Destina-se a divulgar entre os professores informação, ideias e opiniões sobre políticas educativas, legislação escolar e questões relacionadas com o estatuto da carreira docente e a avaliação de desempenho. Além disso, tenho presença diária em três redes sociais que estão conectadas com os meus blogues: o Facebook, o Twitter e o Friendfeed . Dedico 3 a 4 horas diárias à pesquisa e à produção de conteúdos na Internet. Durmo 7 horas por dia. E ainda tenho tempo para dar aulas, coordenar cursos, participar em vários órgãos de gestão científica e pedagógica da minha Escola e fazer uma hora de ginásio por dia. Não tenho filhos em idade escolar nem vida social e, portanto, tempo é coisa que não me falta.Ilídio Trindade - Que leitura fazes do actual momento da luta dos professores? Ramiro Marques - Muito foi conseguido graças à luta dos professores. O balanço que faço é positivo. O Simplex 2 só existe porque a luta dos professores obrigou o Governo a recuar. Todos os partidos da oposição se manifestaram contra o modelo burocrático de avaliação de desempenho e contra a divisão da carreira em duas categorias. Ora, isso só foi possível porque os professores lutaram. Teria sido possível ir mais longe caso a luta não tivesse abrandado no 2º trimestre. Mas, numa luta tão prolongada, é fácil cometer erros.Ilídio Trindade - Como analisas o papel dos movimentos de professores e dos sindicatos na luta dos professores?Ramiro Marques - Os movimentos de professores são a consciência crítica dos professores. Como são constituídos por professores que estão todos os dias nas escolas, os movimentos têm um papel complementar dos sindicatos no processo de mobilização dos docentes. Estão dentro das escolas e são independentes das agendas partidárias. Nesse sentido, os movimentos estão em condições de gerar ideias novas e dinâmicas de resistência inovadoras. Os sindicatos são estruturas que desempenham um papel importante nos processos de negociação e na condução das acções de luta. São eles que têm legitimidade para negociar com o Governo. Quer se queira quer não, são os sindicatos que representam os professores nos processos de negociação. Mas são máquinas pesadas. E o peso que neles têm as estruturas partidárias retira-lhes popularidade entre os professores.Ilídio Trindade - Que pensas das formas de luta anunciadas pela Plataforma Sindical? Ramiro Marques - São as formas de luta possíveis para manter a Plataforma Sindical unida. Estou convencido de que a Fenprof queria ir mais longe. A Fne está talhada para negociar. Não tem vocação para encabeçar lutas prolongadas de professores. Eu teria preferido uma greve de 5 dias, com cada professor a fazer dois dias de greve, com uma manifestação nacional no último dia. Admito, no entanto, que a leitura que os sindicatos fizeram da semana de consulta esteja correcta. É provável que a maioria dos professores não tenha, de momento, força anímica para uma greve de dois dias. O que importa é que os professores voltem a encher o Marquês de Pombal no dia 30 de Maio. Ilídio Trindade - Indica a principal medida que consideras indispensável para pacificar a classe docente.Ramiro Marques - O fim da divisão da carreira em duas categorias. No contexto da Europa, tal coisa só existe em Portugal. Não se justifica. Tem de acabar. Depois disso, será possível curar as feridas e reconstruir a confiança entre professores e Ministério da Educação.


O Ramiro Marques publicou uma série de entrevistas a "bloggers" que considerou com influência na luta de professores. Como pareceu que nenhuma lista ficaria completa sem que o seu nome nela figurasse, decidi entrevistá-lo também.Eis a entrevista, publicada aqui e no Profavaliação.Ilídio Trindade (MUP) - Desde quando e por que razão dinamizas vários blogues?Ramiro Marques - Edito três blogues, mas apenas dois são actualizados diariamente. O blogue basedadosramiro é, como o nome indica, uma base de dados de legislação escolar que eu criei para os meus alunos dos cursos de licenciatura e mestrado. As razões da minha aposta nos blogues são óbvias: a Internet é hoje o meio mais poderoso e mais eficaz de circulação da informação e das ideias. O Brasil é o 9º país do Mundo com mais cibernautas. A língua portuguesa tem cada vez mais presença na Web. Quem ficar de fora da Web, só pode aspirar a conversar com poucos. Criei o blogue ramiromarques há dois anos com o objectivo de criar materiais para os meus alunos. Actualizo o blogue ramiromarques diariamente e faço dele o meu instrumento de divulgação de conteúdos sobre tecnologias digitais e redes sociais. O ProfAvaliação foi criado em Fevereiro de 2009 e, graças a um ritmo elevado de actualizações, granjeou uma audiência muito considerável. É o meu blogue principal. Destina-se a divulgar entre os professores informação, ideias e opiniões sobre políticas educativas, legislação escolar e questões relacionadas com o estatuto da carreira docente e a avaliação de desempenho. Além disso, tenho presença diária em três redes sociais que estão conectadas com os meus blogues: o Facebook, o Twitter e o Friendfeed . Dedico 3 a 4 horas diárias à pesquisa e à produção de conteúdos na Internet. Durmo 7 horas por dia. E ainda tenho tempo para dar aulas, coordenar cursos, participar em vários órgãos de gestão científica e pedagógica da minha Escola e fazer uma hora de ginásio por dia. Não tenho filhos em idade escolar nem vida social e, portanto, tempo é coisa que não me falta.Ilídio Trindade - Que leitura fazes do actual momento da luta dos professores? Ramiro Marques - Muito foi conseguido graças à luta dos professores. O balanço que faço é positivo. O Simplex 2 só existe porque a luta dos professores obrigou o Governo a recuar. Todos os partidos da oposição se manifestaram contra o modelo burocrático de avaliação de desempenho e contra a divisão da carreira em duas categorias. Ora, isso só foi possível porque os professores lutaram. Teria sido possível ir mais longe caso a luta não tivesse abrandado no 2º trimestre. Mas, numa luta tão prolongada, é fácil cometer erros.Ilídio Trindade - Como analisas o papel dos movimentos de professores e dos sindicatos na luta dos professores?Ramiro Marques - Os movimentos de professores são a consciência crítica dos professores. Como são constituídos por professores que estão todos os dias nas escolas, os movimentos têm um papel complementar dos sindicatos no processo de mobilização dos docentes. Estão dentro das escolas e são independentes das agendas partidárias. Nesse sentido, os movimentos estão em condições de gerar ideias novas e dinâmicas de resistência inovadoras. Os sindicatos são estruturas que desempenham um papel importante nos processos de negociação e na condução das acções de luta. São eles que têm legitimidade para negociar com o Governo. Quer se queira quer não, são os sindicatos que representam os professores nos processos de negociação. Mas são máquinas pesadas. E o peso que neles têm as estruturas partidárias retira-lhes popularidade entre os professores.Ilídio Trindade - Que pensas das formas de luta anunciadas pela Plataforma Sindical? Ramiro Marques - São as formas de luta possíveis para manter a Plataforma Sindical unida. Estou convencido de que a Fenprof queria ir mais longe. A Fne está talhada para negociar. Não tem vocação para encabeçar lutas prolongadas de professores. Eu teria preferido uma greve de 5 dias, com cada professor a fazer dois dias de greve, com uma manifestação nacional no último dia. Admito, no entanto, que a leitura que os sindicatos fizeram da semana de consulta esteja correcta. É provável que a maioria dos professores não tenha, de momento, força anímica para uma greve de dois dias. O que importa é que os professores voltem a encher o Marquês de Pombal no dia 30 de Maio. Ilídio Trindade - Indica a principal medida que consideras indispensável para pacificar a classe docente.Ramiro Marques - O fim da divisão da carreira em duas categorias. No contexto da Europa, tal coisa só existe em Portugal. Não se justifica. Tem de acabar. Depois disso, será possível curar as feridas e reconstruir a confiança entre professores e Ministério da Educação.

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