Fados do Tempo da Outra Senhora (4)VIELA Fui de viela em vielaNuma delas, dei com elaE quedei-me enfeitiçado...Sob a luz dum candeeiro,S’tava ali o fado inteiro,Pois toda ela era fado.Arvorei um ar gingão,Um certo ar fadistãoQue qualquer homem assume.Pois confesso que aguardeiQuando por ela passeiO convite do costume.Em vez disso no entanto,No seu rosto só vi pranto,Só vi desgosto e descrença.Fui-me embora amarguradoEra fado, mas o fado,Não é sempre o que se pensa.Ainda recordo agoraA visão, que ao ir-me emboraGuardei da mulher perdida.Na pena que me desgarraSó me lembra uma guitarraA chorar penas da vida.Letra de: Guilherme Pereira da RosaMúsica: Alfredo Marceneiro (Fado Cravo)Gravura - autor não identificadoAlfredo Rodrigues Duarte (25 de Fevereiro de 1891, Lisboa — 26 de Junho de 1982, Lisboa) mais conhecido como Alfredo Marceneiro devido a sua profissão, foi um fadista português que marcou uma época, detentor de uma voz inconfundível tornando-se um marco deste género da canção em Portugal.VidaAlfredo Marceneiro nasceu na freguesia de Santa Isabel e foi-lhe posto o nome de baptismo de Alfredo Rodrigues Duarte.Era filho de uma família muito humilde. Com a morte do pai teve que deixar a escola primária. Começou então a trabalhar como aprendiz de encadernador para ajudar o sustento da sua mãe e irmãos.Desde pequeno, sentia grande atracção para a arte de representar e para a música. Junto com amigos começou a dar os primeiros passos cantando o fado em locais populares começando a ser solicitado pela facilidade que cantava e improvisava a letra das canções.Um dia, conheceu Júlio Janota, fadista improvisador, de profissão marceneiro que o convenceu a seguir esse ofício que lhe daria mais salário e mais tempo disponível para se dedicar à sua paixão. Alfredo Marceneiro era um rapaz vaidoso. Andava sempre tão bem vestido que ganhou a alcunha de Alfredo Lulu. Era, também, muito namoradeiro. Apaixonou-se por várias raparigas, chegando a ter filhos com duas delas. As aventuras terminaram quando conheceu Judite, amor que durou até à sua morte. e com o qual teve três filhos.Em 1924, participa no Teatro São Luiz, em Lisboa, na sua primeira Festa do Fado e ganha a medalha de prata num concurso de fados.Nos anos 30, Alfredo Marceneiro trabalhou nos estaleiros da CUF, onde fazia móveis para navios. Dividia o seu tempo entre as canções e o trabalho. A sua presença nas festas organizadas pelos operários era sempre motivo de alegria.Em 3 de Janeiro de 1948, foi consagrado o Rei do Fado no Café Luso. Reformou-se em 1963, após uma carreira recheada de sucessos, numa grande festa de despedida no Teatro São Luiz. Dos muitos temas que Alfredo Marceneiro cantou destaca-se a Casa da Mariquinha, de autoria do jornalista e poeta Silva Tavares.Faleceu no dia 26 de Junho de 1982 com 91 anos, na mesma freguesia que o viu nascer, com 91 anos de idade. No dia 10 de Junho de 1984, foi condecorado, a título póstumo, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República Portuguesa, General Ramalho Eanes.CuriosidadesAlfredo Marceneiro teria nascido a 29 de Fevereiro mas dada a complexidade da data, a mãe tê-lo-ia registado na mesma data de nascimento que o pai, o 25 de fevereiro.Alfredo ganhou o nome Marceneiro em 1920, quando um grupo de pessoas decidiu organizar uma homenagem a dois fadistas conhecidos na época. Como só o conheciam como Alfredo Lulu, decidiram colocar o nome da sua profissão no cartaz.Depois disso Alfredo Marceneiro nunca mais largou o nome artístico.Em 1943 Alfredo Marceneiro participou numa greve geral que reivindicava as oito horas de trabalho diário. Foi preso. Não aceitou a prisão e demitiu-se. Foi a partir deste momento que passou a dedicar-se inteiramente ao fado.Foi, de todos os tempos, uma das principais figuras do fado, sem nunca se ter ausentado de Portugal com o objectivo de divulgar a sua música no estrangeiro, e escassas foram também as vezes que saíu de Lisboa.in Wikipedia
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Fados do Tempo da Outra Senhora (4)VIELA Fui de viela em vielaNuma delas, dei com elaE quedei-me enfeitiçado...Sob a luz dum candeeiro,S’tava ali o fado inteiro,Pois toda ela era fado.Arvorei um ar gingão,Um certo ar fadistãoQue qualquer homem assume.Pois confesso que aguardeiQuando por ela passeiO convite do costume.Em vez disso no entanto,No seu rosto só vi pranto,Só vi desgosto e descrença.Fui-me embora amarguradoEra fado, mas o fado,Não é sempre o que se pensa.Ainda recordo agoraA visão, que ao ir-me emboraGuardei da mulher perdida.Na pena que me desgarraSó me lembra uma guitarraA chorar penas da vida.Letra de: Guilherme Pereira da RosaMúsica: Alfredo Marceneiro (Fado Cravo)Gravura - autor não identificadoAlfredo Rodrigues Duarte (25 de Fevereiro de 1891, Lisboa — 26 de Junho de 1982, Lisboa) mais conhecido como Alfredo Marceneiro devido a sua profissão, foi um fadista português que marcou uma época, detentor de uma voz inconfundível tornando-se um marco deste género da canção em Portugal.VidaAlfredo Marceneiro nasceu na freguesia de Santa Isabel e foi-lhe posto o nome de baptismo de Alfredo Rodrigues Duarte.Era filho de uma família muito humilde. Com a morte do pai teve que deixar a escola primária. Começou então a trabalhar como aprendiz de encadernador para ajudar o sustento da sua mãe e irmãos.Desde pequeno, sentia grande atracção para a arte de representar e para a música. Junto com amigos começou a dar os primeiros passos cantando o fado em locais populares começando a ser solicitado pela facilidade que cantava e improvisava a letra das canções.Um dia, conheceu Júlio Janota, fadista improvisador, de profissão marceneiro que o convenceu a seguir esse ofício que lhe daria mais salário e mais tempo disponível para se dedicar à sua paixão. Alfredo Marceneiro era um rapaz vaidoso. Andava sempre tão bem vestido que ganhou a alcunha de Alfredo Lulu. Era, também, muito namoradeiro. Apaixonou-se por várias raparigas, chegando a ter filhos com duas delas. As aventuras terminaram quando conheceu Judite, amor que durou até à sua morte. e com o qual teve três filhos.Em 1924, participa no Teatro São Luiz, em Lisboa, na sua primeira Festa do Fado e ganha a medalha de prata num concurso de fados.Nos anos 30, Alfredo Marceneiro trabalhou nos estaleiros da CUF, onde fazia móveis para navios. Dividia o seu tempo entre as canções e o trabalho. A sua presença nas festas organizadas pelos operários era sempre motivo de alegria.Em 3 de Janeiro de 1948, foi consagrado o Rei do Fado no Café Luso. Reformou-se em 1963, após uma carreira recheada de sucessos, numa grande festa de despedida no Teatro São Luiz. Dos muitos temas que Alfredo Marceneiro cantou destaca-se a Casa da Mariquinha, de autoria do jornalista e poeta Silva Tavares.Faleceu no dia 26 de Junho de 1982 com 91 anos, na mesma freguesia que o viu nascer, com 91 anos de idade. No dia 10 de Junho de 1984, foi condecorado, a título póstumo, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República Portuguesa, General Ramalho Eanes.CuriosidadesAlfredo Marceneiro teria nascido a 29 de Fevereiro mas dada a complexidade da data, a mãe tê-lo-ia registado na mesma data de nascimento que o pai, o 25 de fevereiro.Alfredo ganhou o nome Marceneiro em 1920, quando um grupo de pessoas decidiu organizar uma homenagem a dois fadistas conhecidos na época. Como só o conheciam como Alfredo Lulu, decidiram colocar o nome da sua profissão no cartaz.Depois disso Alfredo Marceneiro nunca mais largou o nome artístico.Em 1943 Alfredo Marceneiro participou numa greve geral que reivindicava as oito horas de trabalho diário. Foi preso. Não aceitou a prisão e demitiu-se. Foi a partir deste momento que passou a dedicar-se inteiramente ao fado.Foi, de todos os tempos, uma das principais figuras do fado, sem nunca se ter ausentado de Portugal com o objectivo de divulgar a sua música no estrangeiro, e escassas foram também as vezes que saíu de Lisboa.in Wikipedia