Gerotempo: 2519. Incêndios florestais: Partidos exigem explicações sobre alteração de dados

28-05-2010
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O conteúdo do relatório "Operação Floresta Segura 2008", que refere dados de incêndios alterados "por desconhecidos", está a gerar um coro de críticas entre a Oposição. PCP, BE e CDS-PP instam o Governo a aclarar a recolha de informações sobre fogos e área ardida, enquanto a GNR desvaloriza o seu próprio relatório e alega que as alterações visam uma "harmonização de processos"."Há alturas em que os números inseridos pela primeira vez são inferiores à realidade e outras vezes superiores", o que leva "algumas entidades a corrigirem a primeira contabilização, tanto para mais como para menos". É esta a explicação dada pelo tenente-coronel Costa Lima, porta-voz do comando geral da GNR, para as discrepâncias encontradas nos dados sobre os incêndios florestais de 2007 e 2008.A referência à alteração, "por desconhecidos", dos dados da área ardida introduzidos no Sistema de Gestão de Informação dos Incêndios Florestais (SGIF) surge num relatório assinado pela própria GNR e ontem desvendado pela agência Lusa. Um documento onde se lê, também, que a "Autoridade Florestal Nacional tentou substituir ocorrências no SGIF, passando-as para queimadas".Confrontado com o teor do relatório sobre a "Operação Floresta Segura", o porta-voz da GNR argumentou que a "correcção" de informações "é para bem, nunca para esconder qualquer coisa", até porque "há várias entidades a carregar numa base de dados o espaço de terreno árido em Portugal". O tenente-coronel Costa Lima referiu-se mesmo ao documento como um trabalho "feito por um oficial da GNR para consumo interno", que "está completamente fora de tempo" e "desactualizado". A "máquina", garantia ontem o porta-voz, "está a funcionar bem".Horas antes, o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Pescas fizera uma primeira defesa dos critérios de recolha de dados, afirmando que "todas as ignições estão registadas e todas as áreas estão registadas, mesmo que sejam áreas urbanas". Por outro lado, acrescentava Ascenso Simões, os diferentes relatórios das entidades envolvidas no processo "são fiáveis, porque são consolidados" num "relatório final" da responsabilidade da Autoridade Florestal Nacional.As explicações avançadas pelo Governo estão longe de convencer os partidos da Oposição. As críticas e as dúvidas suscitadas pelo conteúdo do relatório da GNR ecoam à esquerda e à direita dos socialistas. A começar pelo CDS-PP, que insta o Executivo de José Sócrates a desencadear um inquérito para "averiguar rapidamente" a eventual existência de dados truncados sobre o impacto dos incêndios no território português.O deputado Hélder Amaral adiantava ontem à Antena 1 que tencionava "aproveitar" o grupo de trabalho da Assembleia da República que acompanha a evolução dos incêndios florestais "para pedir ao Governo, nomeadamente ao Ministério da Administração Interna, que faça rapidamente um inquérito para que se possa saber quem manipulou, em que sentido e com que objectivo os dados da área ardida"."Há uma discrepância entre aquilo que é o relatório final da Guarda Nacional Republicana e aquele que é da Autoridade Florestal. Portanto, nós precisamos de saber com que dados estamos a trabalhar", assinalou o deputado democrata-cristão. Hélder Amaral apontou ainda o que disse ser "uma linha coerente" do Governo socialista, "que é martelar relatórios e martelar dados".Para o PCP, "não é compreensível aquilo que se escreveu no relatório da GNR", tão-pouco as explicações avançadas para "uma situação que manifestamente levanta dúvidas justificadas". "Só outro esclarecimento do Governo poderá evitar que o PCP tenha de pedir esclarecimentos, concretamente o conhecimento exacto do relatório da GNR, os critérios das alterações produzidas pela Autoridade Florestal Nacional e os resultados finais desses processos ditos de harmonização", afirmou à Antena 1 o deputado comunista Agostinho Lopes.À margem de um comício no Algarve, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu que o Governo "deve dar explicações na comissão permanente da Assembleia da República". "Como é possível que desconhecidos alterem o relatório, se só a GNR e a Autoridade [Florestal Nacional] podiam tê-lo feito?", questionou o dirigente comunista.Pelo Bloco de Esquerda, a deputada Alda Macedo considerou que o Governo está obrigado a tornar transparente a alteração de dados sobre a área florestal consumida por incêndios entre 2007 e 2008, colocando os ministérios da Agricultura e da Administração Interna no centro de uma "trapalhada". "É preciso que o Governo esclareça com a maior verdade e com a maior clareza e transparência o que é que exactamente aconteceu, porque a GNR está a prestar declarações contraditórias em relação àquilo que era o seu relatório original. Na verdade, isto é uma trapalhada que não pode continuar a acontecer", frisou a deputada bloquista, ouvida pela rádio pública.À agência Lusa, Alda Macedo afirmou: "Saber-se que existe esta discrepância e que a Autoridade Nacional terá alterado dados e informação sobre áreas ardidas e mesmo tipologias de ocorrências em relação aos fogos de 2007 e 2008 é da maior gravidade".Segundo dados oficiais, em 2007 houve 18.732 incêndios que consumiram 31.450 hectares. No ano passado, registaram-se 13.832 fogos que lavraram em 17.244 hectares. Os dados mais recentes da Autoridade Nacional de Protecção Civil apontam para a ocorrência de mais de 1.300 fogos florestais na última quinzena de Julho: entre 15 e 31 de Julho, 21.448 bombeiros, apoiados por 5.333 viaturas, combateram 1.361 incêndios florestais.* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *Fonte (Texto e imagem): RTP


O conteúdo do relatório "Operação Floresta Segura 2008", que refere dados de incêndios alterados "por desconhecidos", está a gerar um coro de críticas entre a Oposição. PCP, BE e CDS-PP instam o Governo a aclarar a recolha de informações sobre fogos e área ardida, enquanto a GNR desvaloriza o seu próprio relatório e alega que as alterações visam uma "harmonização de processos"."Há alturas em que os números inseridos pela primeira vez são inferiores à realidade e outras vezes superiores", o que leva "algumas entidades a corrigirem a primeira contabilização, tanto para mais como para menos". É esta a explicação dada pelo tenente-coronel Costa Lima, porta-voz do comando geral da GNR, para as discrepâncias encontradas nos dados sobre os incêndios florestais de 2007 e 2008.A referência à alteração, "por desconhecidos", dos dados da área ardida introduzidos no Sistema de Gestão de Informação dos Incêndios Florestais (SGIF) surge num relatório assinado pela própria GNR e ontem desvendado pela agência Lusa. Um documento onde se lê, também, que a "Autoridade Florestal Nacional tentou substituir ocorrências no SGIF, passando-as para queimadas".Confrontado com o teor do relatório sobre a "Operação Floresta Segura", o porta-voz da GNR argumentou que a "correcção" de informações "é para bem, nunca para esconder qualquer coisa", até porque "há várias entidades a carregar numa base de dados o espaço de terreno árido em Portugal". O tenente-coronel Costa Lima referiu-se mesmo ao documento como um trabalho "feito por um oficial da GNR para consumo interno", que "está completamente fora de tempo" e "desactualizado". A "máquina", garantia ontem o porta-voz, "está a funcionar bem".Horas antes, o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Pescas fizera uma primeira defesa dos critérios de recolha de dados, afirmando que "todas as ignições estão registadas e todas as áreas estão registadas, mesmo que sejam áreas urbanas". Por outro lado, acrescentava Ascenso Simões, os diferentes relatórios das entidades envolvidas no processo "são fiáveis, porque são consolidados" num "relatório final" da responsabilidade da Autoridade Florestal Nacional.As explicações avançadas pelo Governo estão longe de convencer os partidos da Oposição. As críticas e as dúvidas suscitadas pelo conteúdo do relatório da GNR ecoam à esquerda e à direita dos socialistas. A começar pelo CDS-PP, que insta o Executivo de José Sócrates a desencadear um inquérito para "averiguar rapidamente" a eventual existência de dados truncados sobre o impacto dos incêndios no território português.O deputado Hélder Amaral adiantava ontem à Antena 1 que tencionava "aproveitar" o grupo de trabalho da Assembleia da República que acompanha a evolução dos incêndios florestais "para pedir ao Governo, nomeadamente ao Ministério da Administração Interna, que faça rapidamente um inquérito para que se possa saber quem manipulou, em que sentido e com que objectivo os dados da área ardida"."Há uma discrepância entre aquilo que é o relatório final da Guarda Nacional Republicana e aquele que é da Autoridade Florestal. Portanto, nós precisamos de saber com que dados estamos a trabalhar", assinalou o deputado democrata-cristão. Hélder Amaral apontou ainda o que disse ser "uma linha coerente" do Governo socialista, "que é martelar relatórios e martelar dados".Para o PCP, "não é compreensível aquilo que se escreveu no relatório da GNR", tão-pouco as explicações avançadas para "uma situação que manifestamente levanta dúvidas justificadas". "Só outro esclarecimento do Governo poderá evitar que o PCP tenha de pedir esclarecimentos, concretamente o conhecimento exacto do relatório da GNR, os critérios das alterações produzidas pela Autoridade Florestal Nacional e os resultados finais desses processos ditos de harmonização", afirmou à Antena 1 o deputado comunista Agostinho Lopes.À margem de um comício no Algarve, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu que o Governo "deve dar explicações na comissão permanente da Assembleia da República". "Como é possível que desconhecidos alterem o relatório, se só a GNR e a Autoridade [Florestal Nacional] podiam tê-lo feito?", questionou o dirigente comunista.Pelo Bloco de Esquerda, a deputada Alda Macedo considerou que o Governo está obrigado a tornar transparente a alteração de dados sobre a área florestal consumida por incêndios entre 2007 e 2008, colocando os ministérios da Agricultura e da Administração Interna no centro de uma "trapalhada". "É preciso que o Governo esclareça com a maior verdade e com a maior clareza e transparência o que é que exactamente aconteceu, porque a GNR está a prestar declarações contraditórias em relação àquilo que era o seu relatório original. Na verdade, isto é uma trapalhada que não pode continuar a acontecer", frisou a deputada bloquista, ouvida pela rádio pública.À agência Lusa, Alda Macedo afirmou: "Saber-se que existe esta discrepância e que a Autoridade Nacional terá alterado dados e informação sobre áreas ardidas e mesmo tipologias de ocorrências em relação aos fogos de 2007 e 2008 é da maior gravidade".Segundo dados oficiais, em 2007 houve 18.732 incêndios que consumiram 31.450 hectares. No ano passado, registaram-se 13.832 fogos que lavraram em 17.244 hectares. Os dados mais recentes da Autoridade Nacional de Protecção Civil apontam para a ocorrência de mais de 1.300 fogos florestais na última quinzena de Julho: entre 15 e 31 de Julho, 21.448 bombeiros, apoiados por 5.333 viaturas, combateram 1.361 incêndios florestais.* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *Fonte (Texto e imagem): RTP

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