o tempo das cerejas*: Voltando então, lá terá de ser, ao último "Eixo do Mal"

26-05-2011
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Arret sur les imagesComo o prometido é devido, não tanto pelas pessoas em causa mas por causa de um «estilo» e mentalidade que corroem e avacalham o debate democrático e intoxicam parte da opinião pública, aqui volto à forma como o debate Fernando Nobre-Francisco Lopes foi abordado no último Eixo do Mal, neste caso com a participação de Daniel Oliveira, Nuno Artur Silva, Luís Pedro Nunes, Clara Ferreira Alves e do convidado Jaime Nogueira Pinto.Depois de os leitores terem seguido atentamente o vídeo dessa parte do programa, o que eu tenho a dizer aos ilustres participantes é o seguinte:1. Esqueceram-se de referenciar com clareza que quem tomou a iniciativa de ir buscar a pobreza, a miséria extrema e a criança a correr atrás da galinha por causa do bocadinho de pão foi Fernando Nobre, de acordo aliás com um eixo essencial da sua imagem eleitoral e linha de campanha.2. Esqueceram-se, en consequência, de tornar saliente que Francisco Lopes se limitou, de seguida, a dar o seu próprio e verdadeiro testemunho pessoal de confronto juvenil com situações de pobreza que, em rigor, em momento algum assimilou exactamente às citadas por F. Nobre, numa atitude de relativa sobriedade que me pareceu muito bem precisamente para que Fernando Nobre e muitos telespectadores pudessem perceber que em muitos lugares se podem encontrar motivos de indignação e consciencializão, a começar pelo nosso próprio país.3. Argumentarão alguns que Francisco Lopes devia era ter deixado passar em claro aquele exercício demagógico de F. Nobre. Mas falta saber se assim tivesse feito, não viriam alguns clamar que F. Lopes se teria intimidado com a versão Madre Teresa de Calcutá do seu oponente, desperdiçando a oportunidade de colocar as coisas no seu devido sítio.4. É completamente falsa e destrambelhada a ideia expressa logo de ínicio por Daniel Oliveira (cito, por causa das moscas: «e sobretudo com cada um a explicar que não tem curriculum político») que a segunda grande característica do debate tenha sido os candidatos a fingirem que não são políticos ou a distanciarem-se disso pela simples razão de que Francisco Lopes não disse obviamente uma única palavra nesse sentido (felizmente, Daniel Oliveira veio a emendar a sua mão quanto a esta generalização abusiva, dois dias depois, no final de uma crónica no Expresso online que está aqui).5. É uma caricatura desonesta e uma deturpação grosseira sentenciar que o debate ilustrou um combate para ver quem defendia mais os «pobrezinhos». Os cinco diletantes do Eixo do Mal que revejam o debate e descobrirão que Francisco Lopes se referiu maioritária e insistentemente a sectores e camadas sociais que, estando a ser gravemente agredidas pelas medidas e políticas governamentais, não são «pobrezinhos».6. Por fim, só me falta deixar um caridoso conselho aos participantes no Eixo do Mal : não se cansem a ver os debates entre candidatos presidenciais, asegurem-se apenas que, como previsto, eles se realizaram. Depois, é só comentarem-nos com base nas ideias feitas e preconceitos que já têm na cabeça e que têm raizes tão fundas nas vossas meninges quanto as sequóias têm no solo da Califórnia.Dir-me-ão que sou um parvo por, depois de já ter visto o que vi na vida, ainda me indignar com estes truques manhosos e estas superficialidades pretensamente bem-pensantes. Mas o que é que querem, está-me na massa do sangue e, não sei se me faço entender, são estas coisas que, entre outras mais relevantes, me fazem não me dar mal (relativamente, é claro) com a idade que tenho e com o carácter que julgo ter.


Arret sur les imagesComo o prometido é devido, não tanto pelas pessoas em causa mas por causa de um «estilo» e mentalidade que corroem e avacalham o debate democrático e intoxicam parte da opinião pública, aqui volto à forma como o debate Fernando Nobre-Francisco Lopes foi abordado no último Eixo do Mal, neste caso com a participação de Daniel Oliveira, Nuno Artur Silva, Luís Pedro Nunes, Clara Ferreira Alves e do convidado Jaime Nogueira Pinto.Depois de os leitores terem seguido atentamente o vídeo dessa parte do programa, o que eu tenho a dizer aos ilustres participantes é o seguinte:1. Esqueceram-se de referenciar com clareza que quem tomou a iniciativa de ir buscar a pobreza, a miséria extrema e a criança a correr atrás da galinha por causa do bocadinho de pão foi Fernando Nobre, de acordo aliás com um eixo essencial da sua imagem eleitoral e linha de campanha.2. Esqueceram-se, en consequência, de tornar saliente que Francisco Lopes se limitou, de seguida, a dar o seu próprio e verdadeiro testemunho pessoal de confronto juvenil com situações de pobreza que, em rigor, em momento algum assimilou exactamente às citadas por F. Nobre, numa atitude de relativa sobriedade que me pareceu muito bem precisamente para que Fernando Nobre e muitos telespectadores pudessem perceber que em muitos lugares se podem encontrar motivos de indignação e consciencializão, a começar pelo nosso próprio país.3. Argumentarão alguns que Francisco Lopes devia era ter deixado passar em claro aquele exercício demagógico de F. Nobre. Mas falta saber se assim tivesse feito, não viriam alguns clamar que F. Lopes se teria intimidado com a versão Madre Teresa de Calcutá do seu oponente, desperdiçando a oportunidade de colocar as coisas no seu devido sítio.4. É completamente falsa e destrambelhada a ideia expressa logo de ínicio por Daniel Oliveira (cito, por causa das moscas: «e sobretudo com cada um a explicar que não tem curriculum político») que a segunda grande característica do debate tenha sido os candidatos a fingirem que não são políticos ou a distanciarem-se disso pela simples razão de que Francisco Lopes não disse obviamente uma única palavra nesse sentido (felizmente, Daniel Oliveira veio a emendar a sua mão quanto a esta generalização abusiva, dois dias depois, no final de uma crónica no Expresso online que está aqui).5. É uma caricatura desonesta e uma deturpação grosseira sentenciar que o debate ilustrou um combate para ver quem defendia mais os «pobrezinhos». Os cinco diletantes do Eixo do Mal que revejam o debate e descobrirão que Francisco Lopes se referiu maioritária e insistentemente a sectores e camadas sociais que, estando a ser gravemente agredidas pelas medidas e políticas governamentais, não são «pobrezinhos».6. Por fim, só me falta deixar um caridoso conselho aos participantes no Eixo do Mal : não se cansem a ver os debates entre candidatos presidenciais, asegurem-se apenas que, como previsto, eles se realizaram. Depois, é só comentarem-nos com base nas ideias feitas e preconceitos que já têm na cabeça e que têm raizes tão fundas nas vossas meninges quanto as sequóias têm no solo da Califórnia.Dir-me-ão que sou um parvo por, depois de já ter visto o que vi na vida, ainda me indignar com estes truques manhosos e estas superficialidades pretensamente bem-pensantes. Mas o que é que querem, está-me na massa do sangue e, não sei se me faço entender, são estas coisas que, entre outras mais relevantes, me fazem não me dar mal (relativamente, é claro) com a idade que tenho e com o carácter que julgo ter.

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