Pronto para o que der e vier

23-10-2010
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Para quem não está habituado, sentar-se ao volante de um todo-o-terreno de quase cinco metros de comprimento e mais de duas toneladas de peso pode ser uma experiência perturbadora. Mas Luís Francisco (texto) e Fábio Teixeira (fotos) sentiram-se em casa. Com preços insuperáveis, a Mitsubishi joga ao ataque

+ Preço face à concorrência, robustez, equipamento, espaço e luz a bordo, manobrabilidade, instrumentação intuitiva

- Pormenores de ergonomia, motor "morno" a baixa rotação, insonorização, comportamento em curva, bancos traseiros

Não é só a instrumentação intuitiva, nem a facilidade de encontrar uma boa posição de condução. Não será apenas a forma óbvia como o carro nos diz que andar fora do asfalto é uma coisa natural (o selector da tracção total e das redutoras está mesmo ali à mão, junto ao comando da caixa de velocidades). É isto tudo e algo mais. A verdade é que, quando nos sentamos ao volante do remodelado Pajero, sentimo-nos em casa. Uma casa arrumada e bem composta, por um preço interessante.

Comecemos por aí, porque os tempos não andam para gastos desnecessários. Quando falamos de jipes, falamos daqueles a sério. Deixemos de fora os SUV (Sports Utility Vehicles) mais ou menos musculados, mais ou menos rijos, mais ou menos universais. E, neste caso, porque testámos um Pajero de cinco portas, também não contam os todo-o-terreno pequenos. Um jipe quer-se grande e poderoso. Não o compramos para andar no asfalto e dar uma escapadela ao fim-de-semana. É exactamente o contrário. E, assim sendo, a lista de rivais não é longa.

A conclusão é inevitável: a Mitsubishi "esmaga" a concorrência com a sua política de preços. O Pajero longo custa entre 66.900 e 73.200 euros (este último correspondente à versão ensaiada, com sistema de navegação). Quem mais se aproxima - espante-se! - é a VW, com o Touareg, que, com motorização semelhante, oscila entre os 74.180 e os 79.303 euros. Mas ninguém compra um Touareg para andar na terra... Restam o Toyota Land Cruiser (79.560 euros), o Land Rover Discovery 4 (de 78.217 a 91.908) e o Nissan Patrol (78.895 a 83.495).

Ou seja, a Mitsubishi fecha a gama abaixo do preço a que os outros começam. E, antes que se levantem sobrancelhas em sinal de desconfiança, diga-se já que o Pajero, sem deslumbrar, é um carro muito competente e com níveis de equipamento que não envergonham. Estofos em pele, navegação por GPS, tecto de abrir eléctrico, ar condicionado autónomo para os bancos traseiros, assistência ao arranque em subida, câmara de estacionamento traseiro, bancos da frente eléctricos e aquecidos. A lista poderia continuar por mais algumas linhas...

Mais: ao permitir a opção, a cada momento, pela tracção integral ou traseira, o Pajero possibilita ainda alguma poupança de combustível. Por defeito, o carro arranca com duas rodas motrizes, mas é possível mudar para 4x4 em andamento. Com igual facilidade (mas já parado), também se pode bloquear o diferencial traseiro ou engrenar as redutoras. Os argumentos para o todo-o-terreno estão ao nível do expectável e talvez só seja de estranhar a ausência de faixas protectoras ao longo da parte inferior da carroçaria, tanto mais que a pintura metalizada é opção.

Em termos dinâmicos, não é possível esquecer que estamos ao volante de um carro para quem o asfalto é um terreno necessário, mas não nuclear. Com este peso nas mãos e uma direcção claramente vocacionada para filtrar grandes desníveis a baixa velocidade, torna-se curioso reparar que são as pequenas irregularidades, quando por elas passamos mais depressa, a beliscar o conforto dos passageiros. E, já agora, convém não facilitar em curva: a direcção não é particularmente comunicativa e o carro tende a alargar trajectórias à mínima desatenção.

É claro que testar um verdadeiro todo-o-terreno na zona de Lisboa pode transformar-se num exercício injusto para o carro, tal a dificuldade de encontrar estradas de terra com extensão e diversidade de situações que permitam tirar conclusões. Por isso, as que se seguem são apenas noções básicas: em primeiro lugar, o motor do Pajero é potente, mas lento a desenvolver, para mais acoplado a uma caixa de velocidades automática que ignora olimpicamente "patadas" no pedal do acelerador. Segundo: o Pajero mostra-se extremamente equilibrado na ultrapassagem de obstáculos, embora não seja recomendável fazê-lo com muita gente a bordo. É que os bancos da segunda fila e - especialmente - o da terceira dão muito pouco apoio lateral.

Resta dizer que nem todos os materiais a bordo são tão bons como seria de esperar e que parece ter havido pouca preocupação com alguns detalhes em termos de ergonomia. Mas, como a montagem é boa e os comandos são óbvios e acessíveis, não há como não nos sentirmos em casa. Pode não ser uma mansão de luxo, mas é confortável.Barómetro

+ Preço face à concorrência, robustez, equipamento, espaço e luz a bordo, manobrabilidade, instrumentação intuitiva

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- Pormenores de ergonomia, motor "morno" a baixa rotação, insonorização, comportamento em curva, bancos traseiros

Para quem não está habituado, sentar-se ao volante de um todo-o-terreno de quase cinco metros de comprimento e mais de duas toneladas de peso pode ser uma experiência perturbadora. Mas Luís Francisco (texto) e Fábio Teixeira (fotos) sentiram-se em casa. Com preços insuperáveis, a Mitsubishi joga ao ataque

+ Preço face à concorrência, robustez, equipamento, espaço e luz a bordo, manobrabilidade, instrumentação intuitiva

- Pormenores de ergonomia, motor "morno" a baixa rotação, insonorização, comportamento em curva, bancos traseiros

Não é só a instrumentação intuitiva, nem a facilidade de encontrar uma boa posição de condução. Não será apenas a forma óbvia como o carro nos diz que andar fora do asfalto é uma coisa natural (o selector da tracção total e das redutoras está mesmo ali à mão, junto ao comando da caixa de velocidades). É isto tudo e algo mais. A verdade é que, quando nos sentamos ao volante do remodelado Pajero, sentimo-nos em casa. Uma casa arrumada e bem composta, por um preço interessante.

Comecemos por aí, porque os tempos não andam para gastos desnecessários. Quando falamos de jipes, falamos daqueles a sério. Deixemos de fora os SUV (Sports Utility Vehicles) mais ou menos musculados, mais ou menos rijos, mais ou menos universais. E, neste caso, porque testámos um Pajero de cinco portas, também não contam os todo-o-terreno pequenos. Um jipe quer-se grande e poderoso. Não o compramos para andar no asfalto e dar uma escapadela ao fim-de-semana. É exactamente o contrário. E, assim sendo, a lista de rivais não é longa.

A conclusão é inevitável: a Mitsubishi "esmaga" a concorrência com a sua política de preços. O Pajero longo custa entre 66.900 e 73.200 euros (este último correspondente à versão ensaiada, com sistema de navegação). Quem mais se aproxima - espante-se! - é a VW, com o Touareg, que, com motorização semelhante, oscila entre os 74.180 e os 79.303 euros. Mas ninguém compra um Touareg para andar na terra... Restam o Toyota Land Cruiser (79.560 euros), o Land Rover Discovery 4 (de 78.217 a 91.908) e o Nissan Patrol (78.895 a 83.495).

Ou seja, a Mitsubishi fecha a gama abaixo do preço a que os outros começam. E, antes que se levantem sobrancelhas em sinal de desconfiança, diga-se já que o Pajero, sem deslumbrar, é um carro muito competente e com níveis de equipamento que não envergonham. Estofos em pele, navegação por GPS, tecto de abrir eléctrico, ar condicionado autónomo para os bancos traseiros, assistência ao arranque em subida, câmara de estacionamento traseiro, bancos da frente eléctricos e aquecidos. A lista poderia continuar por mais algumas linhas...

Mais: ao permitir a opção, a cada momento, pela tracção integral ou traseira, o Pajero possibilita ainda alguma poupança de combustível. Por defeito, o carro arranca com duas rodas motrizes, mas é possível mudar para 4x4 em andamento. Com igual facilidade (mas já parado), também se pode bloquear o diferencial traseiro ou engrenar as redutoras. Os argumentos para o todo-o-terreno estão ao nível do expectável e talvez só seja de estranhar a ausência de faixas protectoras ao longo da parte inferior da carroçaria, tanto mais que a pintura metalizada é opção.

Em termos dinâmicos, não é possível esquecer que estamos ao volante de um carro para quem o asfalto é um terreno necessário, mas não nuclear. Com este peso nas mãos e uma direcção claramente vocacionada para filtrar grandes desníveis a baixa velocidade, torna-se curioso reparar que são as pequenas irregularidades, quando por elas passamos mais depressa, a beliscar o conforto dos passageiros. E, já agora, convém não facilitar em curva: a direcção não é particularmente comunicativa e o carro tende a alargar trajectórias à mínima desatenção.

É claro que testar um verdadeiro todo-o-terreno na zona de Lisboa pode transformar-se num exercício injusto para o carro, tal a dificuldade de encontrar estradas de terra com extensão e diversidade de situações que permitam tirar conclusões. Por isso, as que se seguem são apenas noções básicas: em primeiro lugar, o motor do Pajero é potente, mas lento a desenvolver, para mais acoplado a uma caixa de velocidades automática que ignora olimpicamente "patadas" no pedal do acelerador. Segundo: o Pajero mostra-se extremamente equilibrado na ultrapassagem de obstáculos, embora não seja recomendável fazê-lo com muita gente a bordo. É que os bancos da segunda fila e - especialmente - o da terceira dão muito pouco apoio lateral.

Resta dizer que nem todos os materiais a bordo são tão bons como seria de esperar e que parece ter havido pouca preocupação com alguns detalhes em termos de ergonomia. Mas, como a montagem é boa e os comandos são óbvios e acessíveis, não há como não nos sentirmos em casa. Pode não ser uma mansão de luxo, mas é confortável.Barómetro

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