Com o título "À NORA", Jorge Ferreira colocou no seu blogue o texto com que colabora no Diário de Aveiro. Mas a verdade é que a única coisa que parece estar à nora é o seu autor.Acredito que não fez por mal. Sei que mantém os textos mais por vontade de se manter ligado a Aveiro do que propriamente por conhecimento. E também sei que, como todos os humanos, tem defeitos. Só que deveria lembrar-se que o desconhecimento mói. E nos textos pode ser perigoso para quem construiu uma reputação de acutilância e de saber desmontar cenários...Mas vamos por partes.Depois de um PS acomodado ao poder, distante do povo e gastador na tesouraria, Aveiro precisava de uma equipa camarária com um objectivo claro, um caminho definido para o atingir e uma liderança forte para o conseguir. - Concordo inteiramente consigo...Aveiro é hoje governada por uma coligação de três partidos: o CDS, que põe e dispoe dos popularmente designados "tachos", o PSD, que se contenta com a Presidência da Assembleia Municipal e o PEM, o Partido de Élio Maia, que está apanhado no remoinho dos outros dois. - É aqui que Jorge Ferreira não se esquece do seu peculiar ódio edipiano contra o partido que o viu nascer. Eu, adepto do PEM, só posso dizer-lhe que acabou definir, com as suas próprias palavras, uma equipa que não se agarra aos tachos, que não entra em quezílias e que escolhe as pessoas de quem tem confiança pessoal e profissional. E começa a revelar o seu desconhecimento de Aveiro porque, das pessoas nomeadas, a coisa até está ela por ela.Mas o tom da entrevista, apenas três meses depois da hecatombe eleitoral do PS e em pleno processo de deserção dos principais eleitos em Outubro passado, é um sinal da inesperada fraqueza política do executivo camarário. Inesperada, porque era suposto saberem o que queriam para Aveiro. Inesperada porque sendo uma coligação e tendo obtido a maioria, era suposto demonstrarem uma solidez e uma consistência que está longe de existir. Não fosse assim e o deputado municipal do PS não se sentiria (já) tão à vontade para falar de alguns assuntos como falou. - Mais uma vez, Jorge Ferreira revela um profundo desconhecimento de Aveiro: Raúl Martins fala do que sabe e a coligação até o aplaude. Porque Raúl Martins nunca foi um "soutista" e sempre se bateu por mudanças. Afinal, talvez seja a melhor pessoa para falar sobre o PS, não acha?Os sinais de desorientação têm-se acumulado. Primeiro sinal: a falta de rigor na previsão orçamental, que demonstrou a impreparação técnica do novo executivo, para lidar com uma situação financeira catastrófica que, se não se sabe ainda ao certo a quanto ascende, toda a gente tinha a obrigação de saber que é muito.Segundo sinal: a falta de rumo claro para a resolver. Como se vai pagar a dívida? O que é que é possível fazer nos próximos quatro anos? O que não é possível? E como pagar o que se vai conseguir fazer? - Não acha o caro amigo Jorge Ferreira que é por estas palavras que a política anda como anda? E mais uma vez demonstra o seu desconhecimento. A nova equipa tomou posse há três meses: nesse período de tempo fez o orçamento e avaliou internamente o passivo total - 180 milhões a subir, disse o que pretende fazer: pagamento total aos fornecedores através da contração de um empréstimo para limpar as dividas de curto prazo e preparou a auditoria que vai ser aprovada amanhã. O que pretendia mais? Leia o programa eleitoral. Está disponível neste blog, como sabe.Caro Jorge Ferreira, o executivo está confiante no futuro, embora apreensivo com o passado. Sabe o que pretende. Deu-o a conhecer aos cidadãos, aos que votaram. Até a si, a quem recebeu em audiência. Aliás, alguma vez o PND tinha sido recebido cá em Aveiro pelo Presidente da Câmara?Se fosse feito o exercício que propõe, "pedir aos cidadãos de Aveiro para enunciarem uma medida que saibam que nestes quatro anos a Câmara se propõe realizar" sabe o que muitos diriam?Olhe, quero que governem bem e que paguem o que me devem, pois o meu negócio está aflito pois não me pagam. E queremos que Aveiro se desenvolva e fique mais bonita.Caro Jorge, não entenda mal este desabafo. Mas quando quiser resolver os seus complexos edipianos com o CDS, não envolva a Câmara de Aveiro e o Élio Maia ao barulho.
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Com o título "À NORA", Jorge Ferreira colocou no seu blogue o texto com que colabora no Diário de Aveiro. Mas a verdade é que a única coisa que parece estar à nora é o seu autor.Acredito que não fez por mal. Sei que mantém os textos mais por vontade de se manter ligado a Aveiro do que propriamente por conhecimento. E também sei que, como todos os humanos, tem defeitos. Só que deveria lembrar-se que o desconhecimento mói. E nos textos pode ser perigoso para quem construiu uma reputação de acutilância e de saber desmontar cenários...Mas vamos por partes.Depois de um PS acomodado ao poder, distante do povo e gastador na tesouraria, Aveiro precisava de uma equipa camarária com um objectivo claro, um caminho definido para o atingir e uma liderança forte para o conseguir. - Concordo inteiramente consigo...Aveiro é hoje governada por uma coligação de três partidos: o CDS, que põe e dispoe dos popularmente designados "tachos", o PSD, que se contenta com a Presidência da Assembleia Municipal e o PEM, o Partido de Élio Maia, que está apanhado no remoinho dos outros dois. - É aqui que Jorge Ferreira não se esquece do seu peculiar ódio edipiano contra o partido que o viu nascer. Eu, adepto do PEM, só posso dizer-lhe que acabou definir, com as suas próprias palavras, uma equipa que não se agarra aos tachos, que não entra em quezílias e que escolhe as pessoas de quem tem confiança pessoal e profissional. E começa a revelar o seu desconhecimento de Aveiro porque, das pessoas nomeadas, a coisa até está ela por ela.Mas o tom da entrevista, apenas três meses depois da hecatombe eleitoral do PS e em pleno processo de deserção dos principais eleitos em Outubro passado, é um sinal da inesperada fraqueza política do executivo camarário. Inesperada, porque era suposto saberem o que queriam para Aveiro. Inesperada porque sendo uma coligação e tendo obtido a maioria, era suposto demonstrarem uma solidez e uma consistência que está longe de existir. Não fosse assim e o deputado municipal do PS não se sentiria (já) tão à vontade para falar de alguns assuntos como falou. - Mais uma vez, Jorge Ferreira revela um profundo desconhecimento de Aveiro: Raúl Martins fala do que sabe e a coligação até o aplaude. Porque Raúl Martins nunca foi um "soutista" e sempre se bateu por mudanças. Afinal, talvez seja a melhor pessoa para falar sobre o PS, não acha?Os sinais de desorientação têm-se acumulado. Primeiro sinal: a falta de rigor na previsão orçamental, que demonstrou a impreparação técnica do novo executivo, para lidar com uma situação financeira catastrófica que, se não se sabe ainda ao certo a quanto ascende, toda a gente tinha a obrigação de saber que é muito.Segundo sinal: a falta de rumo claro para a resolver. Como se vai pagar a dívida? O que é que é possível fazer nos próximos quatro anos? O que não é possível? E como pagar o que se vai conseguir fazer? - Não acha o caro amigo Jorge Ferreira que é por estas palavras que a política anda como anda? E mais uma vez demonstra o seu desconhecimento. A nova equipa tomou posse há três meses: nesse período de tempo fez o orçamento e avaliou internamente o passivo total - 180 milhões a subir, disse o que pretende fazer: pagamento total aos fornecedores através da contração de um empréstimo para limpar as dividas de curto prazo e preparou a auditoria que vai ser aprovada amanhã. O que pretendia mais? Leia o programa eleitoral. Está disponível neste blog, como sabe.Caro Jorge Ferreira, o executivo está confiante no futuro, embora apreensivo com o passado. Sabe o que pretende. Deu-o a conhecer aos cidadãos, aos que votaram. Até a si, a quem recebeu em audiência. Aliás, alguma vez o PND tinha sido recebido cá em Aveiro pelo Presidente da Câmara?Se fosse feito o exercício que propõe, "pedir aos cidadãos de Aveiro para enunciarem uma medida que saibam que nestes quatro anos a Câmara se propõe realizar" sabe o que muitos diriam?Olhe, quero que governem bem e que paguem o que me devem, pois o meu negócio está aflito pois não me pagam. E queremos que Aveiro se desenvolva e fique mais bonita.Caro Jorge, não entenda mal este desabafo. Mas quando quiser resolver os seus complexos edipianos com o CDS, não envolva a Câmara de Aveiro e o Élio Maia ao barulho.