Políticos já estão no Facebook... falta aprenderem a usá-lo

23-11-2010
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Actores políticos estão no Twitter e no Facebook. Mas não estão à-vontade com a principal vantagem dos meios: a interactividade

Esta semana foi o gabinete do presidente da Câmara do Porto a denunciar "uma tentativa de boicote" à sua página na rede social Facebook. No início do mês, o Presidente da República confessava a sua "apreensão" perante o debate parlamentar sobre o Orçamento do Estado. Um dia antes, havia sido o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, a desabafar que o acordo com o PS tinha valido "a pena" mas que "o pior estava para vir".

A Internet e as redes sociais estão a entrar no mundo político português. E com a generalização da ferramenta, os actores políticos perceberam que para chegar a alguns dos seus potenciais eleitores tem de ser através da Web.

Nos dias que correm, os políticos fazem notícia com poucos caracteres que dão entrada na principal rede social em Portugal e no mundo: o Facebook. "Vários estudos indicam que a percentagem de tempo dedicado ao Facebook pelos seus utilizadores está a ultrapassar o tempo dedicado à busca, os candidatos têm de estar onde as pessoas estão", explica João Wengorovius, presidente-executivo da agência de publicidade BBDO Portugal. Mas a aposta na Internet não é de agora. E até pode ser que as próximas eleições - as presidenciais - representem um retrocesso em termos do empenho dos candidatos nas novas tecnologias.

As legislativas de 2009 foram estudadas nessa vertente por mais do que um académico. Rui Calafate, director-geral da SpecialOne Comunicação e especialista na área da comunicação política, onde já fez campanhas eleitorais para o PSD e o PS, explica a tendência. "Há uns anos fazia soundbyte o político que aparecia na Internet. Agora, já perceberam que a Net é mais do que uma táctica, é uma forma de conseguir proximidade."

Falta dominar a técnica

Mas se os políticos e os seus gabinetes de comunicação já entenderam as potencialidades das novas tecnologias, parece que ainda não as dominam totalmente. "Não têm ainda o pleno domínio da técnica. As redes sociais são redes de partilha, de proximidade, mais familiar, as pessoas que andam no Facebook não gostam de receber páginas e páginas sobre política. Têm de chegar às pessoas sem as cansar. Quem conseguir fazer isto, é mais eficaz", considera Calafate.

Pelo que tem visto nas últimas semanas, Filipa Seiceira, investigadora no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, entende que os políticos ainda não deram esse salto. Identifica "contradições" na forma como os candidatos recorrem à Net. "Usam as novas tecnologias sem as aproveitar de uma forma que lhes traga os maiores benefícios", afirma, precisando que a forma como têm usado a Web "segue a lógica que norteia a tradicional campanha eleitoral".

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Rosália Rodrigues, da Universidade da Beira Interior, pensa mesmo que as últimas semanas estão a evidenciar que a próxima campanha não vai ser tão rica como foram as legislativas de 2009. "Não parecem estar a usar tanto os sites para fazer campanha. Usam mais as redes sociais para divulgar iniciativas", explica antes de acrescentar que, nas legislativas, os sites "eram mais interactivos", tendo sido criados "espaços que permitiam interagir com os actores políticos". Ora isso não está acontecer actualmente. Nas páginas que os candidatos criaram no Facebook não se vêem os actores políticos a responder ou comentar reacções que os cibernautas vão publicando. A excepção é a conta da candidatura de Cavaco Silva no Twitter, onde a "equipa" respondeu, ainda que esporadicamente, a solicitações de alguns interessados.

Rosália Rodrigues vê uma razão para tal: "Tem a ver com questões financeiras. Para as legislativas havia equipas a trabalhar, desta vez não parece tanto ser esse o caso." Wengorovius acredita também que a questão financeira conta. "As novas tecnologias são instrumentalizadas para aportar aos candidatos "modernidade", mas também a ideia de que são "poupados"."

Filipa Seiceira explica o que as candidaturas não estão, mas deviam estar a fazer, na Net. Poderiam "transmitir outro tipo de informação, mais pormenorizada, mais personalizada", exemplificando com um caso concreto: "Depois de defender uma proposta num debate, podiam explicar essa proposta na Web e pedir opiniões." Calafate concorda: "O segredo está em descobrir as melhores mensagens para o segmento de público que interessa." E Wengorovius remata na mesma linha: "É natural que os candidatos queiram ter um canal directo com os eleitores. Através desse canal podem criar e gerir a sua agenda política. Podem recolher feedback, apelar à participação e tirar partido da propagação que a Internet permite. Assim haja conteúdos e mensagens interessantes..."

Actores políticos estão no Twitter e no Facebook. Mas não estão à-vontade com a principal vantagem dos meios: a interactividade

Esta semana foi o gabinete do presidente da Câmara do Porto a denunciar "uma tentativa de boicote" à sua página na rede social Facebook. No início do mês, o Presidente da República confessava a sua "apreensão" perante o debate parlamentar sobre o Orçamento do Estado. Um dia antes, havia sido o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, a desabafar que o acordo com o PS tinha valido "a pena" mas que "o pior estava para vir".

A Internet e as redes sociais estão a entrar no mundo político português. E com a generalização da ferramenta, os actores políticos perceberam que para chegar a alguns dos seus potenciais eleitores tem de ser através da Web.

Nos dias que correm, os políticos fazem notícia com poucos caracteres que dão entrada na principal rede social em Portugal e no mundo: o Facebook. "Vários estudos indicam que a percentagem de tempo dedicado ao Facebook pelos seus utilizadores está a ultrapassar o tempo dedicado à busca, os candidatos têm de estar onde as pessoas estão", explica João Wengorovius, presidente-executivo da agência de publicidade BBDO Portugal. Mas a aposta na Internet não é de agora. E até pode ser que as próximas eleições - as presidenciais - representem um retrocesso em termos do empenho dos candidatos nas novas tecnologias.

As legislativas de 2009 foram estudadas nessa vertente por mais do que um académico. Rui Calafate, director-geral da SpecialOne Comunicação e especialista na área da comunicação política, onde já fez campanhas eleitorais para o PSD e o PS, explica a tendência. "Há uns anos fazia soundbyte o político que aparecia na Internet. Agora, já perceberam que a Net é mais do que uma táctica, é uma forma de conseguir proximidade."

Falta dominar a técnica

Mas se os políticos e os seus gabinetes de comunicação já entenderam as potencialidades das novas tecnologias, parece que ainda não as dominam totalmente. "Não têm ainda o pleno domínio da técnica. As redes sociais são redes de partilha, de proximidade, mais familiar, as pessoas que andam no Facebook não gostam de receber páginas e páginas sobre política. Têm de chegar às pessoas sem as cansar. Quem conseguir fazer isto, é mais eficaz", considera Calafate.

Pelo que tem visto nas últimas semanas, Filipa Seiceira, investigadora no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, entende que os políticos ainda não deram esse salto. Identifica "contradições" na forma como os candidatos recorrem à Net. "Usam as novas tecnologias sem as aproveitar de uma forma que lhes traga os maiores benefícios", afirma, precisando que a forma como têm usado a Web "segue a lógica que norteia a tradicional campanha eleitoral".

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Rosália Rodrigues, da Universidade da Beira Interior, pensa mesmo que as últimas semanas estão a evidenciar que a próxima campanha não vai ser tão rica como foram as legislativas de 2009. "Não parecem estar a usar tanto os sites para fazer campanha. Usam mais as redes sociais para divulgar iniciativas", explica antes de acrescentar que, nas legislativas, os sites "eram mais interactivos", tendo sido criados "espaços que permitiam interagir com os actores políticos". Ora isso não está acontecer actualmente. Nas páginas que os candidatos criaram no Facebook não se vêem os actores políticos a responder ou comentar reacções que os cibernautas vão publicando. A excepção é a conta da candidatura de Cavaco Silva no Twitter, onde a "equipa" respondeu, ainda que esporadicamente, a solicitações de alguns interessados.

Rosália Rodrigues vê uma razão para tal: "Tem a ver com questões financeiras. Para as legislativas havia equipas a trabalhar, desta vez não parece tanto ser esse o caso." Wengorovius acredita também que a questão financeira conta. "As novas tecnologias são instrumentalizadas para aportar aos candidatos "modernidade", mas também a ideia de que são "poupados"."

Filipa Seiceira explica o que as candidaturas não estão, mas deviam estar a fazer, na Net. Poderiam "transmitir outro tipo de informação, mais pormenorizada, mais personalizada", exemplificando com um caso concreto: "Depois de defender uma proposta num debate, podiam explicar essa proposta na Web e pedir opiniões." Calafate concorda: "O segredo está em descobrir as melhores mensagens para o segmento de público que interessa." E Wengorovius remata na mesma linha: "É natural que os candidatos queiram ter um canal directo com os eleitores. Através desse canal podem criar e gerir a sua agenda política. Podem recolher feedback, apelar à participação e tirar partido da propagação que a Internet permite. Assim haja conteúdos e mensagens interessantes..."

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