Associação de Defesa da Nazaré não quer centro de talassoterapia em pleno areal

23-11-2010
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Projecto de 2,2 milhões de euros privatizará espaço público e viola o Plano de Ordenamento da Orla Costeira, avisa o presidente dos ambientalistas

A Associação de Defesa da Nazaré (ADN) está contra a construção de um centro de talassoterapia, no areal da praia, junto ao molhe norte do porto de abrigo. A ADN sustenta que esta obra viola o ordenamento do território e sugere que a obra seja remetida para 100 a 200 metros do mar.

Há oito anos, a própria ADN foi umas das primeiras defensoras da criação de um centro de talassoterapia na Nazaré, como forma de recuperar a tradição dos "banhos quentes", prática comum desde o final do século XIX com alto valor medicinal e terapêutico. A vila chegou mesmo a ter dois centros do género, que, ao longo dos anos, acabaram por se extinguir.

Agora, o Grupo Miramar quer, com um investimento de 2,2 milhões de euros, "rebuscar a identidade outrora perdida na Nazaré", e finalmente concretizar o projecto, já com voto favorável por parte da autarquia. Porém, a localização não é consensual, pois está previsto que o centro nasça em pleno espaço público do areal, mais propriamente onde se encontra actualmente o Barra Restaurante Bar.

Esta localização significaria o agravamento de um atentado urbanístico e ambiental na praia da Nazaré, diz a associação, acusando ainda a autarquia de utilizar estas iniciativas como "argumento de políticas geradoras de emprego e desenvolvimentistas", que no passado "já originaram verdadeiros atentados urbanísticos".

"Não somos de todo fechados ao desenvolvimento turístico da Nazaré, nem da criação de postos de trabalho. Mas choca-nos profundamente que este projecto se traduza no aumento do betão em cima de uma praia", afirmou ao PÚBLICO Nelson Quico, presidente da ADN.

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A ADN considera ainda que o projecto viola o Plano de Ordenamento da Orla Costeira de Alcobaça-Mafra, visto que "constituiria uma apropriação privada e com carácter permanente, de uma área do domínio público marítimo [a praia], que, por inerência, deve ser de fruição pública".

Fonte do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM) - que exerce a jurisdição sobre o porto - disse que a construção não implicará distúrbios ambientais, nem de ordenamento territorial, visto que o centro de talassoterapia se posicionará exactamente no local de outra edificação: o Barra Restaurante Bar. Além disso, o IPTM diz que a zona de ocupação para o futuro centro terapêutico já está autorizada, faltando apenas o licenciamento da obra da Câmara da Nazaré. Para Nelson Quico, "a localização ideal deveria ser a 100 ou 200 metros do mar, desde que também não causasse constrangimentos no território urbanístico".

"Já por si a Nazaré não tem muitos espaços verdes e a construção desenfreada está a descaracterizar a vila. Mais do que nunca, o enquadramento paisagístico tem de se impor para manter a identificação natural da Nazaré. Em suma: talassoterapia sim, mas em cima da praia, não", diz o líder da ADN. O PÚBLICO contactou o Grupo Miramar, mas não obteve resposta.

Projecto de 2,2 milhões de euros privatizará espaço público e viola o Plano de Ordenamento da Orla Costeira, avisa o presidente dos ambientalistas

A Associação de Defesa da Nazaré (ADN) está contra a construção de um centro de talassoterapia, no areal da praia, junto ao molhe norte do porto de abrigo. A ADN sustenta que esta obra viola o ordenamento do território e sugere que a obra seja remetida para 100 a 200 metros do mar.

Há oito anos, a própria ADN foi umas das primeiras defensoras da criação de um centro de talassoterapia na Nazaré, como forma de recuperar a tradição dos "banhos quentes", prática comum desde o final do século XIX com alto valor medicinal e terapêutico. A vila chegou mesmo a ter dois centros do género, que, ao longo dos anos, acabaram por se extinguir.

Agora, o Grupo Miramar quer, com um investimento de 2,2 milhões de euros, "rebuscar a identidade outrora perdida na Nazaré", e finalmente concretizar o projecto, já com voto favorável por parte da autarquia. Porém, a localização não é consensual, pois está previsto que o centro nasça em pleno espaço público do areal, mais propriamente onde se encontra actualmente o Barra Restaurante Bar.

Esta localização significaria o agravamento de um atentado urbanístico e ambiental na praia da Nazaré, diz a associação, acusando ainda a autarquia de utilizar estas iniciativas como "argumento de políticas geradoras de emprego e desenvolvimentistas", que no passado "já originaram verdadeiros atentados urbanísticos".

"Não somos de todo fechados ao desenvolvimento turístico da Nazaré, nem da criação de postos de trabalho. Mas choca-nos profundamente que este projecto se traduza no aumento do betão em cima de uma praia", afirmou ao PÚBLICO Nelson Quico, presidente da ADN.

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A ADN considera ainda que o projecto viola o Plano de Ordenamento da Orla Costeira de Alcobaça-Mafra, visto que "constituiria uma apropriação privada e com carácter permanente, de uma área do domínio público marítimo [a praia], que, por inerência, deve ser de fruição pública".

Fonte do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM) - que exerce a jurisdição sobre o porto - disse que a construção não implicará distúrbios ambientais, nem de ordenamento territorial, visto que o centro de talassoterapia se posicionará exactamente no local de outra edificação: o Barra Restaurante Bar. Além disso, o IPTM diz que a zona de ocupação para o futuro centro terapêutico já está autorizada, faltando apenas o licenciamento da obra da Câmara da Nazaré. Para Nelson Quico, "a localização ideal deveria ser a 100 ou 200 metros do mar, desde que também não causasse constrangimentos no território urbanístico".

"Já por si a Nazaré não tem muitos espaços verdes e a construção desenfreada está a descaracterizar a vila. Mais do que nunca, o enquadramento paisagístico tem de se impor para manter a identificação natural da Nazaré. Em suma: talassoterapia sim, mas em cima da praia, não", diz o líder da ADN. O PÚBLICO contactou o Grupo Miramar, mas não obteve resposta.

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